Pelo menos 30 mortos em naufrágio no Lago Vitória, no Uganda
AP | AFP | DPA | Reuters | cvt
25 de novembro de 2018
Equipes de mergulho continuam o trabalho de resgate no Lago Vitória, no município de Mukono, perto da capital, Kampala. 26 pessoas sobreviveram. Dezenas continuam desaparecidas.
Publicidade
Na manhã deste domingo (25.11), um helicóptero da polícia sobrevoava o local onde o barco virou e afundou no Lago Vitória por volta das 19h deste sábado (24.11), enquanto uma equipe de mergulhadores trabalhava no resgate.
"Nossa equipe de resgate ainda está no terreno tentando resgatar quem pudermos encontrar", disse o porta-voz da polícia, Patrick Onyango.
Uma multidão de espectadores acompanhava o trabalho em uma praia próxima a uma pacata aldeia nos arredores de Kampala. Uma jovem, vendo uma vítima que ela aparentemente reconheceu, desmaiou e foi levada para o hospital.
Testemunhas que estavam no local na noite de sábado disseram ter ouvido pessoas pedindo ajuda, enquanto tentavam se manter à tona e outras tentaram nadar até a praia.
"Eles estavam a gritar: 'Ajude-nos! Ajude-nos!' e o barco estava afundando muito rapidamente ", disse Sam Tukei, um dos vários populares que usaram canoas de pescadores para resgatar pessoas. "No momento em que a polícia chegou, já havíamos salvado muitas pessoas."
Sobrelotação e mau tempo
A embarcação estava sobrecarregada, transportava cerca de 120 pessoas em vez de sua capacidade de apenas 50 pessoas, escreveu o Presidente Yoweri Museveni na sua conta no Twitter, acrescentando que os operadores do barco seriam acusados de negligência e homicídio culposo.
De acordo com a policial Zurah Ganyana, o barco estava em mau estado e não tinha uma licença válida para operar.
"O barco estava sobrelotado e em segundo lugar houve mau tempo", acrescentou o porta-voz da polícia, Patrick Onyango.
A embarcação fazia em um cruzeiro no Lago Vitória, uma atividade popular de fim de semana para jovens ugandeses, quando virou nas proximidades da costa.
Uma razão pela qual muitas pessoas morreram tão perto da costa seria provavelmente "intoxicação", disse Asuman Mugenyi, diretor nacional de Operações Policiais. Citando relatos de alguns sobreviventes, ele disse ainda que havia um bom número de coletes salva-vidas a bordo do navio, que os passageiros negligenciaram usar.
Os passageiros do barco, em um clima de festa, provavelmente entraram em pânico quando o navio começou a afundar, acrescentou Mugenyi.
As vítimas incluem o casal que possuía o barco, de acordo com a policial Ganyana. Entre os resgatados no sábado estava o príncipe Daudi Kintu Wasajja, irmão de Ronald Mutebi, o rei do reino de Buganda, o maior do Uganda, informou ainda a polícia.
Acidentes de barco são cada vez mais comuns nos principais lagos da África Oriental, incluindo o Lago Vitória, que é cercado pela Tanzânia, Quênia e Uganda.
Mais de 200 pessoas morreram no naufrágio de uma balsa na Tanzânia, em setembro passado, com as autoridades a dizer que a balsa estava superlotada.
Lago Niassa - um lago ainda por explorar
Partilhado pelo Malawi, Moçambique e pela Tanzânia, o Lago Niassa é o nono maior do mundo e o terceiro maior de África. O Lago Niassa tem uma biodiversidade rica que ascende a 700 mil espécies diferentes.
Foto: DW/Johannes Beck
O terceiro maior de África
O Lago Niassa é um imenso azul partilhado pelo Malawi, por Moçambique e pela Tanzânia. É o nono maior do mundo e o terceiro maior do continente africano, a seguir aos Lagos Victória e Tanganika. Localizado no Vale do Rift, o lago tem 560 quilómetros de comprimento, 80 quilómetros de largura e 700 metros de profundidade. Em língua chinhanja, falada na orla moçambicana, "niassa" significa lago.
Foto: DW/Johannes Beck
Ecossistema único
Nas águas azuis, transparentes e limpas do lago vivem cerca de mil espécies ciclídeos (família de peixes de água doce), das quais apenas 5% existem noutros lugares do Planeta. As praias e toda a região do Lago Niassa têm uma biodiversidade rica que ascende a 700 mil espécies diferentes, a nível de fauna e flora, pelo que tem elevado valor para a investigação científica.
Foto: DW/G. Sousa
Verde e azul
A província do Niassa pinta-se do verde, dos imensos planaltos, e do azul, do lago e do céu. Na viagem até ao Lago, percorrem-se dezenas de quilómetros de floresta virgem, com comunidades muito dispersas. Localizada no noroeste de Moçambique, a província do Niassa é a mais extensa e a menos habitada do país, com uma densidade populacional de cerca de oito habitantes por quilómetro quadrado.
Foto: DW/G.Sousa
Riquezas do lago
As águas límpidas do Lago Niassa convidam aos banhos e a passeios de barco. As suas profundezas escondem um bem valioso, hidrocarbonetos. A corrida ao "tesouro" levou o Malawi, em 2012, a iniciar trabalhos de prospeção de petróleo e gás natural sem o consentimento dos seus vizinhos, Moçambique e Tanzânia. As relações entre o Malawi e a Tanzânia esfriaram.
Foto: DW/G. Sousa
A quem pertencem as águas?
Carregando água, estas meninas levam o Niassa para casa, que ajudará nas lides domésticas. Mas a quem pertencem as águas do Niassa? O Malawi exige o domínio do lago, a que chama Lago Malawi, à exceção da parte que banha Moçambique, no âmbito do Tratado Anglo-Germânico de 1890. A Tanzânia rejeita, diz que o acordo tem lacunas. Os dois países disputam há mais de 50 anos a soberania do Lago Niassa.
Foto: DW/G. Sousa
Loiças, roupas, banhos
O lago faz parte do quotidiano das comunidades da região. É lá onde, todos os dias, as mulheres lavam a loiça e as roupas de toda a família. Tal como elas, crianças e homens tomam ainda banho nas águas mornas do Niassa. Na altura do banho, elas agrupam-se de um lado e os homens afastam-se para outro.
Foto: DW/Johannes Beck
A pesca
Em Meluluca, assim como em quase toda a costa do lago, quase todos os homens se dedicam à pesca. Contudo, muitas vezes, os pescadores utilizam redes mosquiteiras, prática nefasta que arrasta grandes quantidades de peixe, de vários tamanhos, alerta a organização de defesa do meio-ambiente WWF (Fundo Mundial para a Natureza).
Foto: DW/G. Sousa
Ussipa em Lichinga
Parecido com a sardinha, o ussipa é o peixe mais capturado nas águas do Niassa. É vendido em vários mercados, como neste em Lichinga, a capital provincial. O preço varia, normalmente um balde, com capacidade de 10 litros, carregado de ussipa custa 80 meticais (equivalente a dois euros). Mas se o ussipa escasseia, o preço sobe para cerca de 100 a 150 meticais (entre 2,50 e 3,80 euros).
Foto: DW/J.Beck
Embarcações em terra
Durante o dia, e em tempo de férias escolares, as crianças divertem-se no lago junto das embarcações enquanto os pescadores descansam. Voltarão à faina quando no céu se contarem as estrelas. Recorrem, frequentemente, à pesca noturna com atração luminosa para a captura do ussipa.
Foto: DW/Johannes Beck
Reserva de Moçambique
Utilizado diariamente pelas comunidades, o lago está sob o olhar atento das autoridades. A proteção do lago é uma preocupação do governo de Moçambique, que o declarou reserva em 2011. No mesmo ano, o Lago Niassa e zona costeira passaram a integrar a lista de zonas húmidas protegidas pela Convenção de Ramsar, a Convenção sobre Zonas Húmidas de Importância Internacional.
Foto: DW/Johannes Beck
Estradas de terra
As vias na costa do Lago Niassa são de terra batida. Existe apenas uma estrada em boas condições, alcatroada, que liga a capital provincial, Lichinga, a Metangula, sede do distrito do Lago. As fracas acessibilidades dificultam o investimento na região, em particular no sector do turismo.
Foto: DW/G. Sousa
Costa selvagem
A costa moçambicana do lago é considerada semi-selvagem, sendo frequente encontrar-se animais como macacos. Dois investimentos internacionais de turismo beneficiam da natureza em estado virgem e apostam em turismo de conservação: um localiza-se próximo do posto administrativo de Cobué, no extremo norte da província; e o outro mais a sul, a cerca de 15 quilómetros de Metangula.
Foto: DW/G. Sousa
Uma região a descobrir
A beleza natural do Lago Niassa confere à região um imenso potencial de turismo ainda por explorar. Os moçambicanos defendem que têm as praias mais bonitas de todo o lago, lamentando que, no entanto, as do vizinho Malawi sejam muito mais conhecidas e frequentadas. Na costa moçambicana, existem ainda poucas unidades hoteleiras e infraestruturas de apoio, além dos acessos difíceis.