Pelo menos duas pessoas morreram esta terça-feira em manifestações de protesto contra a junta militar no Chade, que tomou o poder após a morte do Presidente Idriss Déby Itno, há uma semana.
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"Um homem foi morto em Moundou esta manhã nas manifestações, ainda não temos as circunstâncias exatas da morte, é um jovem de 21 anos", afirmou por telefone Ali Kolla Brahim, o procurador da segunda maior cidade do Chade, Moundou, a cerca de 400 km a sul de N'Djamena, em declarações por telefone à agência de notícias francesa AFP.
"O estudante atirou uma pedra para um carro da polícia e a polícia disparou e o estudante morreu no local", disse, por seu lado, Ahmat Malloum, um alto responsável dos meios de comunicação social do estado de Moundou.
Já na capital, "os manifestantes atacaram um autocarro no distrito de Dembe, alguns passageiros fugiram, mas uma mulher ficou e foi morta pelos manifestantes", afirmou à AFP o procurador estadual Youssouf Tom.
A polícia chadiana dispersou hoje, com gás lacrimogéneo, algumas manifestações esporádicas de dezenas de pessoas que responderam ao apelo da oposição e da sociedade civil em N'Djamena contra a junta militar, segundo a AFP.
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Conselho de Transição proibiu protestos
Os protestos tinham sido proibidos na segunda-feira (26.04) pelo Conselho Militar de Transição (CMT), liderado pelo filho do falecido Presidente, o general Mahamat Idriss Déby, do qual fazem parte outros 14 generais, por serem "suscetíveis de causar desordem pública".
O mediador dos protestos
01:09
Nos 7.º e 9.º distritos de N'Djamena, no leste da capital, algumas dezenas de manifestantes queimaram pneus em estradas secundárias. As forças de segurança, destacadas massivamente na capital, dispersavam as pessoas ao mais ínfimo sinal de início de uma manifestação. No distrito de Walia, no sul da capital, um manifestante foi espancado pela polícia.
Os apelos à manifestação foram feitos por vários partidos políticos da oposição e organizações da sociedade civil contra o CMT, que consideram ser "um organismo ilegal e ilegítimo, apoiado pela França, que pensa estar a impor uma nova ditadura militar aos chadianos".
A Convenção Chadiana dos Direitos Humanos apelou na segunda-feira aos ativistas "amantes da paz e da justiça" para que se manifestassem em massa hoje.
O filho de Idriss Déby, com apenas 37 anos, tomou o poder como chefe do CMT, em 20 de abril, um dia depois de o pai ter sido morto, segundo o exército, em combate com os rebeldes no norte do país.
O CMT revogou a Constituição e dissolveu o Governo e a Assembleia Nacional. O general Mahamat Idriss Déby prometeu "eleições livres e democráticas" em 18 meses, mas assumiu o título de Presidente da República e chefe supremo das Forças Armadas.
Países africanos que mais violam a liberdade de imprensa
Gana é o país africano mais bem classificado no "<i>Ranking</i> Mundial da Liberdade de Imprensa" dos Repórteres sem Fronteiras. A Eritreia é o pior em África e, a nível mundial, só é melhor que a Coreia do Norte.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
Eritreia - posição 179º lugar
A liberdade de imprensa é considerada "não existente". Em 2001, uma série de medidas repressivas contra <i>media</i> independentes levaram a uma onda de detenções. O Presidente Isaias Afeworki é visto como um “predador” da liberdade de imprensa e usa os meios de comunicação nacionais como seus porta-vozes. Escritores, locutores e artistas são censurados e a informação é escondida dos cidadãos.
Foto: picture-alliance
Sudão - 174º lugar
Na capital Cartum, pratica-se a chamada “censura pré-publicação". O Governo detém jornalistas arbitrariamente e interfere abertamente na produção de notícias. A "Lei da Liberdade de Informação de 2015" é vista como uma outra forma de exercer controlo governamental sobre a informação pública. Os jornalistas têm de passar por um teste e obter uma permissão para trabalhar.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
Burundi - 159º lugar
Repressão estatal contra a liberdade de imprensa e intimidação de jornalistas é comum no país. <i>Media </i> controlados pelo Estado substituem cada vez mais estações de rádio independentes, depois de a maior parte delas ter sido forçada a fechar, após uma tentativa de golpe de estado há três anos. Centenas de jornalistas fugiram do país desde 2015. Na foto, protesto de jornalistas no país.
Foto: Esdras Ndikumana/AFP/Getty Images
República Democrática do Congo - 154º lugar
Defensores dos <i>media</i> falam em jornalistas mortos, agredidos, detidos e ameaçados desde que Joseph Kabila sucedeu ao pai na presidência do país em 2001. Orgãos de comunicação internacionais queixam-se que o Governo interfere nos sinais de rádio ou corta mesmo a transmissão. Protestos da oposição levaram as autoridades a interromper ou cortar o acesso à Internet.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler
Suazilândia - 152º lugar
Esta monarquia absoluta tem a reputação de obstruir o acesso à informação e impedir os jornalistas de fazerem o seu trabalho. Os <i>media</i> estão sujeitos a leis restritivas e repórteres são frequentemente chamados a tribunal pelo seu trabalho. Auto-censura é comum. Um editor saiu recentemente do país depois de fazer uma reportagem sobre negócios obscuros ligados ao Rei Mswati III (na foto).
Foto: picture-alliance/dpa
Etiópia - 150º lugar
O Governo tem uma mordaça sobre os órgãos de comunicação e os jornalistas trabalham sobre condições muito restritivas. Com a Eritreia, este país tem uma das mais altas taxas de jornalistas detidos na África subsariana. Na foto, o jornalista etíope Getachew Shiferaw, que foi condenado a 18 meses de prisão por ter falado com um dissidente.
Foto: Blue Party Ethiopia
Sudão do Sul - 144º lugar
Os jornalistas são obrigados pelo Governo a evitar fazer cobertura do conflito. Órgãos de comunicação internacionais denuciaram casos de assédio e foram banidos deste jovem país, onde pelo menos 10 jornalistas foram mortos desde 2011. Na foto, dois jornalistas do Uganda que tinham sido detidos por autoridades no Sudão do Sul.
Foto: Getty Images/AFP/W. Wudu
Camarões - 129º lugar
O Governo chamou às redes sociais uma “nova forma de terrorismo”, e bloqueia frequentemente o acesso às mesmas. Emissões de rádio e televisão foram bloqueadas duas semanas em março, durante o período eleitoral. Jornais que publicam conteúdos que desagradam políticos no poder são banidos e jornalistas e editores são detidos.
Foto: picture alliance/abaca/E. Blondet
Chade - 123º lugar
Os jornalistas arriscam-se a detenções arbitrárias, agressões e intimidações. Nos últimos meses, o Governo tem vindo a reprimir plataformas de <i>social media</i> e ciber-ativistas. A Internet tem estado bloqueada no país desde 28 de março, no seguimento de um “apagão” da Internet devido a manifestações da sociedade civil e protestos dos órgãos de comunicação num chamado “dia sem imprensa”.
Foto: UImago/Xinhua/C. Yichen
Tanzânia - 93º lugar
Críticos dizem que o Presidente John Magufuli tem vindo a atacar a liberdade de expressão deliberadamente, desde que tomou posse em 2015. Jornalistas foram presos ou dados como desaparecidos. Orgãos de comunicação social foram fechados ou impedidos de publicar durante longos períodos de tempo. Leis que podem ser usadas contra os <i>media</i> foram apertadas.