“Pensei: vão-nos matar a todas”, diz menina que fugiu ao Boko Haram
22 de maio de 2014![](https://static.dw.com/image/17630048_800.webp)
Esthér (nome fictício) foi uma das vítimas do ataque do grupo radical islâmico Boko Haram contra uma escola na cidade de Chibok, no nordeste da Nigéria. A 14 de abril, membros do grupo raptaram quase 300 meninas e levaram-nas para lugar incerto.
"Quando fui sequestrada, pensei: isto é o fim da minha vida. Vão-nos matar a todas! Só conseguia pensar nisso", diz. Esthér.
Mas a jovem conseguiu fugir. Escapou para a floresta num momento de distração dos guardas do Boko Haram. Depois voltou para o colo da família. Mas o trauma é grande e a família não recebeu qualquer apoio das autoridades. "Não consigo dormir, pois estou constantemente a pensar nos malfeitores", conta.
Professores acusados
223 colegas de Esthér estão ainda em cativeiro, em parte incerta. O Boko Haram ameaçou vender as raparigas. As autoridades nigerianas continuam a procurá-las, agora com a ajuda dos Estados Unidos da América, Reino Unido e França.
Na escola em Chibok havia guardas para proteger as meninas, mas eles não conseguiram impedir o seu sequestro. Esthér responsabiliza-os pelo que aconteceu. E responsabiliza também os professores. O diretor-adjunto terá mesmo trancado as portas do estabelecimento de ensino quando chegaram os homens armados do grupo radical.
"Os professores fugiram todos e deixaram-nos abandonadas na escola", diz a jovem em entrevista à DW África.
Sentimento de impotência
Os pais de Esthér não entendem como isso pôde acontecer. Ainda há muitas perguntas por responder. O pai de uma rapariga que está há mais de um mês nas mãos do Boko Haram queixa-se da falta de apoio do Governo nigeriano às famílias afetadas.
"O que sabemos é através da comunicação social. Ninguém do Governo nos abordou, ninguém nos forneceu qualquer informação sobre as nossas filhas", diz.
Os pais das rapatigas dizem ter perdido a confiança no Governo nigeriano. Sentem-se impotentes. Por isso, esperam que alguém os ouça fora da Nigéria. Acreditam que só com apoio internacional poderão encontrar as suas filhas.