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Petrolíferas teriam causado catástrofe ambiental no Delta do Níger

9 de agosto de 2011

Ambientalistas acusam exploradoras de petróleo e governo nigeriano por danos ao meio ambiente. Texto aponta que milhares de pessoas estariam sendo envenenadas por água e ar contaminados.

Navio petroleiro navega no Delta do NígerFoto: AP

Aproximadamente dez milhões de barris de petróleo devem ter sido extraídos da região do Delta do Níger nos últimos 50 anos. Um estudo do programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP) indica a dimensão do que chama "catástrofe do petróleo".

Conforme o integrante da UNEP, Ibrahin Thiaw, o relatório divulgado no início deste mês aponta que a saúde e os meios de sobrevivência das pessoas em Ogoniland estão em perigo. "Apesar de a indústria de petróleo não estar mais ativa na região, existem ainda muitos vazamentos", diz Thiaw.

Manancial com manchas de óleo no Delta do NígerFoto: Katrin Gänsler

Especialistas analisaram 4 mil amostras do solo, da água e do ar ao longo de 122 quilômetros da linha de extração. O estudo foi financiado pela gigante multinacional Shell. "O text vem a desvendar que todo o trabalho de limpeza da região foi insuficiente. Eles não fizeram nada para recuperar o meio ambiente", denuncia Thiaw.

Água contaminada

Em muitos casos os danos ao meio ambiente foram superficialmente reparados. Thiaw calcula que seriam operações que poderiam durar de 25 a 30 anos. O documento revela o que ambientalistas e ativistas de direitos civis criticam há muitos anos.

"Este relatório comprova cientificamente que as pessoas no Delta do Níger e em Ogoniland bebem água poluída. Não somente água dos rios e nos copos, mas os lençóis freáticos estão contaminados", salienta Audrey Gaughran da Anistia Internacional.

Resquícios da exploração petrolífera na regiãoFoto: Katrin Gänsler

Quem será o culpado por estes danos? O relatório aponta a Shell e o governo nigeriano. Apesar de a Shell não extrair petróleo há 20 anos da região de Ogoniland, a empresa tem participação relevante na Shell Petróleo Development Company, que controla os oleodutos da área.

Negligência

O ativista do meio ambiente, Nnimmo Bassey, que se opõe há anos contra a indústria do petróleo, através de sua organização "Amigos da Terra", destaca que o relatório mostra que tanto o governo quando a Shell não respeitaram seus "padrões mínimos internacionais de controle".

Para Ibrahin Thiaw, os culpados deveriam ser agora obrigados a preparar indenizações. Ele defende que "um fundo especial para recuperar o meio ambiente em Ongoniland com capital inicial de 1 mil milhão de dólares da indústria do petróleo e do governo deveria ser criado".

Ambientalistas trabalham em rio na região de Bodo CityFoto: AP

A Shell se defendeu do relatório da UNEP através de uma declaração divulgada em nota de imprensa em Haia. "Mesmo sem exploramos mais petróleo na região de Ongoniland desde 1993, nós limpamos todas as manchas de óleo, independente da razão, e recuperamos o estado original do solo", diz o texto.

Autora: Julia Hahn / Marcio Pessôa

Edição: António Rocha

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