Petromoc descarta envolvimento em derrame de combustível
DW (Deutsche Welle) | Lusa | tm | da
1 de agosto de 2021
Presume-se que tentativa de roubo de combustível terá provocado o derrame de combustível em Pemba, que levou a população a retirar o líquido do mar para uso particular, disseram as autoridades neste domingo (01.08).
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Hélder Chambisse, o presidente do Conselho de Administração da Petromoc, disse citado pelo Jornal O País que ainda não há informações suficientes sobre a origem do combustível encontrado na baía de Pemba, província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, e que levou populares locais a aglomerarem-se ontem (31.07) para obter o produto, arriscando suas vidas.
"Este derrame não tem nada a ver com a Petromoc, se fosse da responsabilidade da empresa, as autoridades locais já nos teriam comunicado", disse Chambisse citado pelo referido jornal.
O membro da empresa disse que o combustível derramado não deriva das infraestruturas da Petromoc, mas que a mesma está disposta a "colaborar com as autoridades".
Após o derrame, apesar do risco iminente de incêndio que poderia causar uma tragédia neste sábado (31.07), crianças, adultos, homens e mulheres aglomeraram-se na praia da zona baixa, próximo ao porto de Pemba, para recolher o combustível derramado em circunstâncias ainda desconhecidas.
Presumível tentativa de roubo
Entretanto, segundo avançam agências de notícias neste domingo (01.08), uma presumível tentativa de roubo de combustível terá provocado o derrame nas águas levando a população a retirar o líquido do mar para uso particular, disseram as autoridades.
O diretor de Infraestruturas de Cabo Delgado, Norte Uali, disse hoje (01.08) à comunicação social que o despejo de combustível terá acontecido quando desconhecidos protagonizavam o roubo do combustível no porto de Pemba para o descarregar num barco.
"Aconteceu exatamente ontem [sábado] por volta das 5h da manhã, quando se notou um movimento estranho da população retirando combustível", declarou Uali.
Aquele dirigente avançou que se chegou a admitir a hipótese de a descarga ter sido provocada pela vandalização de uma conduta de combustível da petrolífera estatal moçambicana Petromoc, mas essa possibilidade foi afastada.
Uma equipa multissetorial está no terreno para apurar as circunstâncias do derrame, sendo prematuro adiantar com precisão os contornos do caso, prosseguiu Norte Lualí.
A população dos bairros vizinhos da zona onde apareceu o líquido derramado recolheu, com recurso a recipientes, restos de combustível já diluído na água salgada da baía de Pemba. Estima-se o derrame de cerca de 10 mil litros de combustível, referiu o jornal O País.
Megaprojeto de extração de petróleo provoca levante ambiental no Uganda
Em Rift Albertine, uma imensa área de savana e montanhas de rica biodiversidade no Uganda, duas gigantes do setor de energia preparam-se para explorar a maior reserva de petróleo continental da África Subsaariana.
Foto: Jack Losh
Guardiães da terra
Alon Kiiza, morador do distrito de Buliisa, está no epicentro da luta da comunidade indígena Bagungu contra estrangeiros que cobiçam os recursos naturais da região. O "jovem" de 88 anos está entre os muitos que ali observam com preocupação o crescimento industrial. "A perfuração de petróleo irá danificar o ecossistema", diz. "O espírito da terra não se conecta bem a estas máquinas".
Foto: Jack Losh
Vida selvagem cercada
Um motivo de preocupação é a fauna da região. Algumas perfurações terão lugar dentro do Parque Nacional de Murchison Falls, habitado por elefantes, leopardos, leões e girafas, além de 450 espécies raras de aves. Os ambientalistas preocupam-se com o possível impacto da exploração da zona rica em petróleo nos animais da reserva, especialmente no caso de um vazamento.
Foto: Jack Losh
Empreiteira importada
O megaprojeto já está em curso. Em abril, Uganda e Tanzânia assinaram acordos finais com a multinacional petrolífera francesa Total e a China National Offshore Oil Corporation para extrair cerca de 1,7 mil milhões de barris de uma área de 1,100 quilómetros quadrados. Uma empreiteira chinesa foi trazida para construir uma estrada de 112 quilómetros para o acesso da zona de extração.
Foto: Jack Losh
Oleoduto gigantesco
O início da extração de petróleo está previsto para 2025. O crude será bombeado a 1.448 quilómetros através do oleoduto da África Oriental até à cidade portuária de Tanga, na Tanzânia, uma zona cercada de mangais e recifes de coral no oceano Índico. Além de o petróleo cru atravessar habitats importantes de animais da região, ativistas alertam que o oleoduto deslocará milhares de agricultores.
Foto: Jack Losh
Os direitos da natureza
Quando o Governo ugandês avançou com este projeto petrolífero às margens do Lago Albert, também adotou uma lei ambiental inovadora que poderia proteger habitats frágeis. A lei reconhece formalmente os direitos da natureza da mesma forma que os direitos humanos são reconhecidos, tratando os ecossistemas como seres vivos e permitindo que órgãos tutelares avancem com processos judiciais.
Foto: Jack Losh
Raízes antigas
Kiiza senta-se ao lado de Dennis Tabaro, um ambientalista que está a ajudar a revitalizar as práticas ambientais indígenas que foram corroídas pela era colonial. A lei dos direitos da natureza está enraizada no antigo pensamento indígena, como o dos Bagungu. Os 370 milhões de indígenas do mundo representam 5% da população global, mas vivem em terras que abrigam 80% da biodiversidade do planeta.
Foto: Jack Losh
Um despertar
Como parte da sua renascença, os anciãos Bagungu desenharam mapas de suas terras ancestrais em calendários pré-coloniais, mostrando mudanças de estações, ciclos de reprodução, tempo de colheita e rituais. Um dos mapas mostra costumes antigos, outro mostra desordens atuais e o terceiro oferece uma visão otimista e biodiversa para o futuro. A elaboração do mapa reavivou memórias desse património.
Foto: Jack Losh
Fonte de riqueza para a população?
O Governo ugandês promove a reserva de petróleo como uma fonte de recurso económico que pode melhorar o nível de vida da população. Mais da metade dos ugandeses vive na pobreza. Na foto, uma criança que ajuda a família na colheita do milho. A Total afirma que o seu projeto criará 6 mil postos de trabalho e que riscos sociais e ambientais serão mitigados pelas normas internacionais.
Foto: Jack Losh
Leis flexíveis
Não há garantias de que a lei dos direitos da natureza do Uganda venha a pôr um travão ao projeto petrolífero. Um deles contém uma cláusula que estabelece que o Governo pode escolher quais as áreas que devem e não ser protegidas pela lei. Da mesma forma, os direitos da natureza não são garantidos para sempre. Determinações legais de proteção foram anuladas na Índia e EUA.
Foto: Jack Losh
Futuro incerto
Trabalhadores descansam após um dia de trabalho na construção das infraestruturas de extração de petróleo. Advogados acreditam que a lei dos direitos da natureza pode oferecer uma oportunidade para limitar o impacto do projeto, mas não impedi-lo. "Devemos concentrar-nos no plano de mitigação", disse Frank Tumusiime, que ajuda a escrever regulamentos para dar força às leis nos tribunais.
Foto: Jack Losh
Templos naturais
O ancião Bagungu Julius Byenkya caminha em direção a um bosque sagrado nos arredores de Buliisa. Este é um dos muitos sítios naturais sagrados, que também tomam a forma de lagos e rios. São habitats importantes da vida selvagem que também são reverenciados pela comunidade. "Este é o nosso centro espiritual", diz Byenkya. "Rezamos para que este lugar não seja danificado".