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Filho de Carlos São Vicente pode ser ouvido em Portugal

Lusa
19 de janeiro de 2021

Segundo a Procuradoria-Geral da República de Angola, o filho do empresário, constituído arguido no mesmo processo do pai, poderá ser ouvido em Portugal, onde se encontra. "Provavelmente, é o que irá acontecer".

Foto: DW/C.V. Teixeira

A informação foi prestada esta terça-feira (19.01) à agência de notícias Lusa pelo porta-voz da Procuradoria-Geral da República de Angola, Álvaro João, que confirmou que o filho de Carlos São Vicente é também arguido no mesmo processo do empresário luso-angolano.

No passado sábado, a mãe de Ivo São Vicente, Irene Neto, avançou, em entrevista à Lusa, que o filho do empresário luso-angolano foi constituído arguido, mas não deu detalhes sobre a acusação. Irene Neto disse ainda que o filho não pretendia apresentar-se à Justiça angolana, "a não ser que o venham buscar".

Apesar de o arguido se encontrar em Portugal, "existem mecanismos judiciários que facilitam que alguém que esteja ausente, sobretudo num país com quem temos cooperação judiciária em matéria penal, possa, a qualquer momento, responder sem que o processo fique estagnado à espera que regresse ao país. Existem mecanismos de cooperação que facilitam diligências num e noutro país", explicou Álvaro João.

Questionado sobre se Ivo São Vicente poderá ser ouvido em Portugal, o porta-voz da PGR adiantou que estão a ser feitas diligências nesse sentido e "provavelmente, é o que irá acontecer".

O caso São Vicente

A família de Carlos São Vicente tem algumas contas congeladas pela justiça, apesar do recurso que interpôs no ano passado para que fosse levantada a medida. Segundo o despacho que determinou a prisão preventiva do empresário Carlos São Vicente, este teria levado a cabo "um esquema ilegal" que lesou a petrolífera estatal Sonangol em mais de 900 milhões de dólares (cerca de 760 milhões de euros).

O empresário angolano, que entre 2000 a 2016 desempenhou, em simultâneo, as funções de diretor de gestão de riscos da Sonangol e de presidente do conselho de administração da companhia AAA Seguros, sociedade em que a petrolífera angolana era inicialmente única acionista, terá levado a cabo naquele período "um esquema de apropriação ilegal de participações sociais" da seguradora e de "rendimento e lucros produzidos pelo sistema" de seguros e resseguros no setor petrolífero em Angola, graças ao monopólio da companhia.

O porta-voz da PGR disse ainda à Lusa que a Justiça angolana está também a tratar do processo de extradição de Abel Cosme, antigo presidente do Conselho de Administração da TCUL/Empresa de Transportes Coletivos Urbanos de Luanda, que foi detido em Portugal por suspeitas da prática dos crimes de branqueamento de capitais, corrupção, desvio de fundos do Estado e associação criminosa.

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