PGR insatisfeita com extradição de Chang para os EUA
25 de maio de 2023O Tribunal Constitucional da África do Sul indeferiu ontem, pela segunda vez em 12 meses, um novo recurso da PGR contra a extradição do ex-ministro Manuel Chang para os EUA.
Em comunicado de imprensa, a Procuradoria-Geral da República de Moçambique admite que, na prática, a decisão do tribunal sul-africano significa que o antigo governante será entregue à Justiça norte-americana, que o pretende julgar pelo seu alegado envolvimento no caso das dívidas não declaradas contraídas pelo Governo do então Presidente moçambicano Armando Guebuza.
Na quarta-feira, o Tribunal Constitucional sul-africano "ordenou a extradição de Manuel Chang para os Estados Unidos da América, decisão esta tomada pela última instância, não havendo mais espaço para qualquer recurso", diz a nota da procuradoria.
"Esta decisão tem implicações negativas para os processos em curso em Moçambique e no estrangeiro. Moçambique continua a entender que os seus fundamentos [de pedido de repatriamento de Manuel Chang] são válidos e, infelizmente, em nenhum momento foram atendidos pelos tribunais sul-africanos", prossegue o texto.
Para a PGR moçambicana, a única jurisdição para julgar Manuel Chang é a moçambicana, porque é onde ocorreram os factos e os lesados são o Estado e o povo moçambicano.
"Continuaremos com os processos instaurados contra Manuel Chang até ao seu desfecho, lançando mão a todos os mecanismos de responsabilização disponíveis", avança o comunicado.
A PGR assinala que o antigo ministro das Finanças é arguido e já foi pronunciado pelo Tribunal Judicial da Cidade de Maputo, no âmbito de um processo autónomo sobre as dívidas não declaradas.