1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Agricultura

13 de fevereiro de 2012

Exportado somente para o mercado francês, produto quer atingir mercado específico e é visto como instrumento de combate à pobreza no arquipélago ocidental africano, mais conhecido pelo tradicional cultivo de cacau.

Pimenta orgânica de São Tomé e Príncipe é destinada a mercado específico e se tornou alternativa ao tradicional cacau do país
Pimenta orgânica de São Tomé e Príncipe é destinada a mercado específico e se tornou alternativa ao tradicional cacau do paísFoto: DW/E.Barros

São Tomé e Príncipe começou a apostar no cultivo de pimenta biológica, ou orgânica, em 2000, por meio do Programa Nacional de Apoio à Agricultura (PAPAFPA). Naquela altura, pouco mais de 200 agricultores cultivavam pimenta. Quase 12 anos depois, são 313 os agricultores que cultivam um produto voltado especialmente para o mercado francês – e que pode ser uma alternativa ao tradicional cultivo do cacau, produto pelo qual o país insular é mais conhecido historicamente.

Por causa da pequena dimensão geográfica, São Tomé e Príncipe – cuja área total é de cerca de mil km² – tem dificuldades em estimular uma agricultura capaz de concorrer com outros países. Foi o que afirmou Francisco Ramos, coordenador das fileiras de pimenta biológica do PAPAFPA. "Por isso, procuramos um mercado pequeno e específico, de qualidade – e apostamos na pimenta biológica [como nicho de mercado]", explicou Ramos.

Nova mina de ouro

Agricultores de 26 comunidades agrícolas do país foram reunidos em associações de produção de pimenta. Tais associações geraram a Cooperativa de Exportação de Pimenta Biológica. Muitos dos agricultores da cooperativa são ex-produtores de cacau, que veem na pimenta uma nova mina de ouro, como descreve Antonio Bento Pinto, presidente da cooperativa: "Dia após dia, aparece alguém mais para plantar pimenta [no país]".

Agnel Ramos é um desses agricultores cuja vida financeira melhorou com o cultivo de pimenta biológica. "A minha vida mudou. Eu morava numa casa apertada. Com a ajuda da pimenta, consegui reformar a casa, comprar coisas que não tinha. Vi que a pimenta é muito mais rentável que o cacau", disse em entrevista à DW África.

Combate à pobreza

A pimenta também parece estar se tornando uma arma para combater a pobreza que caracteriza o meio rural são-tomense. Em 2011, a cooperativa exportou cinco toneladas de pimenta. Tendo em conta o número de novas plantas que foram lançadas à terra nos últimos anos, o presidente Francisco Ramos acredita que a partir de 2012 haverá muita mais produção e exportação: "As plantas em produção darão [uma colheita de] mais de sete toneladas", espera, lembrando que esta é a meta de produção para este ano.

Desde 2009, a França é o único destino da pimenta exportada por São Tomé e Príncipe. Porém, Francisco Ramos espera espalhar o produto por outros mercados. "Não vamos ficar presos a um só comprador. Nosso objetivo é aumentar a produção e melhorar a qualidade em busca de novos mercados", afirmou, citando o exemplo da Alemanha. "É um mercado que consome muita pimenta".

Autonomia

Por ora, o PAPAFPA dá apoio técnico e material à cooperativa, criando condições para que os agricultores trabalhem de forma organizada na associação. A assistência, segundo Ramos, vai diminuir gradualmente, até que a cooperativa possa andar "com as próprias pernas".

Atualmente já estão a ser cultivados 70 hectares de terra com pimenta biológica, mas a meta é atingir até cem hectares em 2014. Números que, por causa do ritmo de trabalho atual, os produtores nacionais esperam alcançar.

Autora: Edlena Barros (São Tomé)
Edição: Renate Krieger / António Rocha

Agricultor Agnel Ramos melhorou situação financeiraFoto: DW/E.Barros
Francisco Ramos coordena as fileiras de pimenta biológica do programa são-tomense de apoio à agriculturaFoto: DW/E.Barros
Saltar a secção Mais sobre este tema