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Pior seca dos últimos anos em Cabo Verde

8 de novembro de 2017

Em Cabo Verde, o ano agrícola está dado como perdido devido à seca em todo o país, que já afetou 17.200 famílias. O Presidente Jorge Carlos Fonseca visitou o interior da ilha de Santiago, onde se teme a fome.

Foto: DW/N. de Santos

Terras extremamente áridas e plantações murchas em virtude da fraca precipitação, além do desânimo e desespero no rosto dos agricultores e criadores de gado. Foi esse o cenário encontrado pelo Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, ao visitar, domingo e segunda-feira (05 e 06.11), os concelhos de Santa Cruz e Santa Catarina, no interior da ilha de Santiago, para conhecer a situação das famílias.

O agricultor Carlos Cardoso pediu ao chefe de Estado cabo-verdiano que interceda junto do Governo para que a ajuda chegue o quanto antes. "Gostaríamos que nos dessem um apoio mais consistente para o pasto, disse.

O agricultor pediu ainda "água em quantidade e qualidade”, ao melhor preço possível. "Gostaríamos de ter mais crédito com juros baixos, queremos emprego para não sentirmos tanto os efeitos do mau ano agrícola", acrescentou Carlos Cardoso.

Presidente Jorge Carlos Fonseca visitou interior de Santiago

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A seca tomou conta das ilhas e teme-se o cenário de fome. O Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, ao visitar o interior da ilha de Santiago, foi confrontado com a cada vez mais acentuada falta de água.

"Falando com as gentes de Porto Madeira, Ribeira Seca ou de Monte Negro os problemas são os mesmos: há escassez de água, de acesso ao crédito, de necessidade de pasto para o gado, além dos problemas de postos de trabalho", explicou o chefe de Estado.

Plano de emergência

O Governo já anunciou que vai implementar um plano de emergência para salvamento de gado e de mitigação da seca num montante de oito milhões de euros. O anúncio foi feito pelo ministro da Agricultura, Gilberto Silva.

"Estamos num ano agrícola muito mau do ponto de vista da produção de pasto, da agricultura de sequeiro e irrigada. As reservas dos recursos hídricos subterrâneos estão com pouca água e, por isso, estamos numa situação emergencial", disse Silva.

Uma situação que não se registava há vários anos em Cabo Verde. Este é um dos piores anos de sempre. "A situação é generalizada em todo o país, a pluviometria registada até agora não ultrapassa a casa dos 30% daquilo que se registou no ano passado. Trata-se de uma situação que não é vista desde há muito tempo", acrescentou o ministro da Agricultura.

Reservas de recursos hídricos subterrâneos têm pouca água e a situação é de emergênciaFoto: DW/N. dos Santos

Mais de 17 mil famílias afetadas

A seca está a afetar directamente 17.200 famílias. Para o ministro da Agricultura, do ponto de vista da segurança alimentar, tais famílias estão vulneráveis, e "trata-se de um número significativo, afinal, representa 62% das famílias rurais".

O Conselho de Ministros criou, na última quinta-feira (02.11), uma linha de crédito de emergência de cerca de 500 mil euros para apoiar os agricultores e criadores de gado, avançou o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Fernando Elísio Freire.

A linha de crédito será gerida pelas instituições de microfinanças e, segundo Freire, a grande novidade é que não cobrará juros. "Quem se dedica à agricultura de gota a gota terá um período de carência de três a seis meses. Os criadores de gado terão um período de carência de seis a nove meses e o prazo para a decisão de conceder o crédito”.

O ministro explicou ainda que, a partir do momento em que o agricultor, ou criador de gado, faz o seu pedido e está em condições de ser financiado, a instituição de microfinanças pode disponibilizar o crédito em até 48 horas.

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