Pirataria ameaça rotas marítimas no Golfo da Guiné
Muhammad Bello | Lusa | Gustav Hofer
23 de abril de 2018
Um relatório da organização International Maritime Bureau descreve as águas ao longo da costa nigeriana como extramente perigosas. Reforço de segurança das embarcações implica custos extra para empresas de transporte.
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De acordo com o relatório do International Maritime Bureau (IMB), a Nigéria já registou 22 incidentes nos só nos primeiros três meses do ano. Dos 11 navios que foram atacados, oito estavam a cerca de 40 milhas náuticas da costa nigeriana, incluindo um petroleiro com a capacidade de 300 mil toneladas métricas. Em 2017, a organização já tinha registado cerca de 20 ataques a embarcações na mesma área.
Kabeer Adamu é um analista de segurança, presidente de uma firma de consultadoria na Nigéria. Concorda com o relatório que diz que a pirataria no Golfo da Guiné é um grande problema. O analista considera que a monitorização do International Maritime Bureau tem um papel importante, pois se não se conhecesse a realidade, seria um "problema ainda maior".
Pirataria ameaça rotas marítimas no Golfo da Guiné
"Do ponto de vista da segurança, é um desafio. Tudo isto traduz-se em custos adicionais para o transporte, devido ao valor que se tem de pagar para ter mais segurança", explica Adamu.
De acordo com o IMB, os ataques no Golfo da Guiné têm como alvo vários tipos de navios. Já houve tripulações reféns tanto em navios de pesca, como petroleiros. A organização diz estar a trabalhar com as autoridades nacionais e regionais no Golfo da Guiné para dar apoio e coordenar ações anti-pirataria.
"Sei que a marinha nigeriana já fez umas quatro operações na região, algumas delas na Nigéria, outras por todo o Golfo da Guiné. Já adquiriram novos meios, incluindo barcos com armamento", explicou o analista à DW.
Adamu acrescentou que também foram criados postos de controlo. Qualquer embarcação que deixe a Nigéria tem de passar por lá para verificar se tudo está de acordo com os regulamentos em vigor.
Desemprego pode ser causa do aumento de ataques
Um dos principais objetivos da pirataria é obter dinheiro, como explicou um antigo pirata à DW. Um ataque pode ser bastante lucrativo para os criminosos.
"Participei nuns 15 ataques. Um resgate, dependendo do tipo de barco, pode variar entre 400 mil euros e 2 milhões de euros", contou o ex-pirata à DW.
Para Femi Adesin, conselheiro especial para os media e publicidade do Presidente nigeriano Muhammadu Buhari por trás deste aumento dos ataques está o desemprego que afeta aquela região. A pirataria é vista como um recurso para a população.
"Quando as pessoas veem que não há nada de onde possam tirar benefício, sentem que têm de se desenrascar e acabam por causar problemas a atividades económicas que estão a trazer dinheiro para o país", afirma Adesin.
Com a ameaça, empresas de transporte que operem na região e queiram usar terão de investir significativamente mais em segurança.
Entre março e abril deste ano vários países participaram num exercício aeoronaval no Golfo da Guiné, no âmbito do combate à pirataria e narcotráfico. Entre os participantes estiveram também Angola, Cabo Verde, guiné Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe.
LagosPhoto: O maior festival de fotografia da Nigéria
O Festival LagosPhoto é a única exposição internacional de fotografia da Nigéria. Nesta sétima edição, a capital económica nigeriana volta a ser o ponto de encontro de fotógrafos de África e do mundo.
Foto: DW/A. Kriesch
Megacidade inspiradora
Poucas cidades em África são tão versáteis como a megacidade de Lagos. Quase 20 milhões de pessoas, com diferentes línguas, culturas e condições sociais e financeiras vivem aqui. Lagos é pois uma fonte de inspiração inesgotável para muitos fotógrafos, que encontram no Festival LagosPhoto a plataforma ideal para exibir as suas obras.
Foto: DW/A. Kriesch
Caminhar e contemplar
É o lema de Akinbode Akinbiyi. Ele é um dos fotógrafos africanos mais proeminentes, que em 2016 foi galardoado com a Medalha Goethe. Vive em Berlim. Mas volta sempre que pode ao lugar onde nasceu, também para fotografar, quase sempre enquanto caminha. Participa pela terceira vez no LagosPhoto: "Este é um dos poucos bons festivais que decorrem no continente."
Foto: DW/A. Kriesch
Criatividade nos rituais
Azu Nwagbogu lançou o LagosPhoto. O diretor do festival é uma importante figura da cena cultural de Lagos. "Rituais e performances" é o tema da edição deste ano, que pretende fomentar a criatividade através do regresso aos rituais africanos. "Parte da nossa criatividade baseia-se em rituais, às vezes de forma inconsciente. Com a fotografia podemos torná-la consciente", afirma Azu Nwagbogu.
Foto: DW/A. Kriesch
Lutador congoglês
A série de fotos de Colin Delfosse retrata um lutador de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo. "É uma mistura da cultura congolesa vodu com a luta ou 'wrestling' norte-americano", explica o fotógrafo belga. Pretende assim mostrar um Congo além da guerra, violações e minas de ouro.
Foto: C. Delfosse
Fotos de África expostas em África
O fotógrafo documental Colin Delfosse dedica-se ao Congo há cerca de dez anos. "É importante mostrar as nossas fotografias não só em galerias europeias, mas também em África", considera o belga. O LagosPhoto dá-lhe essa oportunidade. Durante um mês, 39 fotógrafos expõem aqui as suas obras.
Foto: DW/A. Kriesch
Grandes expectativas
A artista Jenevieve Aken dedica a sua obra "Grandes Expectativas" à importância do casamento para as mulheres nigerianas. "Mesmo tendo uma boa educação e sendo bem sucedida profissionalmente, se a mulher não é casada sente-se insatisfeita, mal sucedida e infeliz", comenta Aken. Nas suas fotos, a fotógrafa é também modelo: uma noiva triste e vulnerável.
Foto: J. Aken
LagosPhoto como trampolim profissional
Jenevieve Aken vive em Lagos e expõe pela terceira vez no Festival LagosPhoto. "A primeira vez, em 2012, era ainda muito jovem e inexperiente", conta a fotógrafa. Aken beneficiou dos programas de intercâmbio e atliês promovidos pelo festival. "Isso realmente me impulsionou."
Foto: DW/A. Kriesch
Intercâmbio entre colegas
Principalmente os fotógrafos mais jovens olham para o LagosPhoto como uma plataforma onde podem trocar informações, experiências e contactos de colegas. No ano passado, 35 fotógrafos de 21 países exibiram as suas obras. Este ano, participam 39 fotógrafos. Centenas de admiradores de fotografia visitam a exposição.
Foto: DW/A. Kriesch
Boom cultural
Lagos vive, por esta altura, um verdadeiro boom cultural. Foi recentemente palco da Semana da Moda e Design de Lagos e acolheu a primeira edição de uma feira de arte contemporânea, a "Art X Lagos". O Festival PhotoLagos decorre até 21 de novembro, com exposições e eventos espalhados por 11 locais da metrópole económica nigeriana.