Piratas invadiram um navio de carga de bandeira suíça na costa da Nigéria e sequestraram 12 de seus tripulantes. Ministério das Relações Exteriores suíço e operadora da embarcação confirmaram o ataque.
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A companhia suiça Massoel Shipping informou que seu navio graneleiro “MV Glarus”, com 19 tripulantes a bordo, foi atacado no início da manhã deste sábado (22.09), quando transportava trigo a granel da capital comercial da Nigéria, Lagos, para o centro petrolífero sulista de Port Harcourt.
Durante o ataque, a 45 milhas náuticas a sudoeste de Bonny Island, "a gangue pirata embarcou no Glarus por meio de longas escadas e cortou o arame farpado no convés para ter acesso ao navio e eventualmente à ponte", informou a empresa em comunicado enviado para a agência AFP.
"Tendo destruído grande parte do equipamento de comunicações da embarcação, a gangue criminosa partiu levando 12 dos 19 tripulantes como reféns", acrescentou a nota.
O porta-voz da Massoel, Patrick Adamson, disse à AFP que este foi o segundo maior número de pessoas retiradas de um navio no delta do petróleo a sudeste da Nigéria este ano.
Raparigas de Chibok reencontram famílias
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"Os piratas geralmente não fazem contatos nas primeiras 48 horas, então não temos novas notícias", acrescentou Admson.
Por razões de segurança, nem as identidades nem as nacionalidades dos reféns seriam divulgadas, disse ele.
Mais de 60 tripulantes foram reportados como sequestrados no ano passado nas águas da Nigéria, o maior produtor de petróleo de África, embora muitos ataques não tenham sido divulgados.
A companhia de navegação sediada em Genebra disse que "todas as autoridades apropriadas foram notificadas" e especialistas foram chamados para "garantir a libertação rápida e segura dos seuquestrados".
"As famílias estão sendo mantidas bem informadas sobre a situação," afirmou a empresa.
O Ministério das Relações Exteriores da Suíça disse que "foi informado do ataque ao Glarus, uma embarcação que estava a navegar sob uma bandeira suíça ao longo da costa nigeriana".
O Escritório de Navegação Marítima da Suíça estava em contato com o operador da embarcação, acrescentou.
De acordo com o Bureau Marítimo Internacional, um grupo global de observação antipirataria, embora a pirataria marítima e o assalto armado tenha diminuído em 2017, o perigo persiste no Golfo da Guiné.
Nigéria: Dar e receber para sobreviver
Fugiram do grupo terrorista Boko Haram e vivem sem dinheiro no campo de refugiados de Bakasi, na Nigéria. A troca de produtos foi a solução que muitos encontraram para sobreviver e satisfazer necessidades básicas.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Alguma autonomia
Os alimentos e os produtos doados nem sempre são os desejados. Dinheiro e trabalhos remunerados são raros no campo de refugiados de Bakasi, no nordeste da Nigéria. Com a troca de produtos, os refugiados encontraram uma maneira de satisfazer as suas necessidades.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Dinheiro significa corrupção
"Nós não ganhamos dinheiro. Por isso é que fazemos as trocas", explica Umaru Usman Kaski. O refugiado quer trocar um molho de lenha no valor de 50 nairas (cerca de 11 cêntimos de euro) por alimentos para a família de oito membros. Muitos residentes preferiam receber dinheiro. Mas o risco é grande porque a corrupção na rede de distribuição do campo é generalizada.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Arroz em troca de farinha
Falmata Madu (à dir.) troca arroz pela farinha de milho de Hadisa Adamu. As refugiadas fazem parte dos dois milhões de pessoas que fugiram do Boko Haram. Uns refugiaram-se no interior do país, outros no estrangeiro. Há mais de oito anos que o grupo terrorista aterroriza o nordeste da Nigéria, onde quer estabelecer um califado. Segundo a ONU, esta é uma das piores crises humanitárias mundiais.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Milhares de refugiados
Há 670.000 refugiados nos vários campos espalhados pelo nordeste da Nigéria. No campo de Bakasi, nos arredores da cidade de Maiduguri, capital do estado de Borno, vivem 21 mil pessoas. Em troca do seu milho, Falmata Ahmadu recebe folhas de amaranto de Musa Ali Wala.
Foto: Reuters/A. Sotunde
"Não havia mais nada"
Abdulwahal Abdulla não gosta muito de peixe. Mas as pequenas tilápias foram a única coisa que conseguiu comprar porque os produtos são muitos escassos. Em vez do peixe seco, que custou 150 nairas (cerca de 36 cêntimos de euro), o refugiado de 50 anos, que vive no campo de Bakasi há três anos, preferia ter comprado óleo.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Necessidades alteram-se
Nasiru Buba (à dir.) comprou detergente com o dinheiro que conseguiu a trabalhar como porteiro na cidade. Na altura, não precisava de nada especial. Agora precisa urgentemente de amendoins, mas já não tem dinheiro. "A minha mulher acabou de ter um bébé, mas não tem leite", diz Buba. Acredita-se que os amendoins estimulam a produção de leite.
Foto: Reuters/A. Sotunde
Violência sem fim à vista
Maiduguri é considerada o berço do Boko Haram e centro de violência. Em finais de dezembro de 2017, pelo menos nove pessoas morreram num ataque do grupo terrorista na capital do estado de Borno. Face a este cenário, é pouco provável que os refugiados deixem o campo de Bakasi em breve. Por enquanto, a troca direta de bens deverá continuar.