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Plataforma faz-se ao mar na Coreia para dar gás a Moçambique

Lusa | bd
14 de novembro de 2021

O arranque da exploração de gás no norte de Moçambique já está no horizonte: vai ser largada ao mar na segunda-feira a plataforma flutuante que vai tornar real uma ambição do país com mais de uma década.

Schiffsplattform Saipem
Foto: ENI East

Semelhante a um navio gigante, com 432 metros de comprimento, está pronta nos estaleiros da divisão industrial da Samsung em Geoje, Coreia do Sul, anunciaram o consórcio explorador (liderado neste projeto Coral Sul pela petrolífera Eni) e o governo moçambicano.

A plataforma vai atravessar o oceano Índico para ser ancorada ao largo da costa de Cabo Delgado, presa por 20 cabos, e iniciar produção durante o primeiro semestre de 2022.

Vai ser a primeira plataforma de gás em águas profundas e o primeiro projeto do género desenvolvido em África.

O presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, vai participar na cerimónia de segunda-feira (15.11), sinalizando a importância para a economia do país do arranque da exploração das reservas de gás da bacia do Rovuma, classificadas entre as maiores do mundo.

A infraestrutura vai estar ligada a seis poços e extrair o gás para uma fábrica a bordo que o vai arrefecer, liquidificando-o, de modo a ser transportado em cargueiros, abastecidos ali mesmo, lado a lado, em alto mar, e que depois levam o combustível até aos países de destino para produção de eletricidade, aquecimento ou outros fins.

A produção do projeto Coral Sul vai ser toda vendida à petrolífera BP durante 20 anos, com opção de extensão por mais 10.

A plataforma tem depósitos de armazenamento no casco e 13 módulos por cima deles, incluindo uma fábrica de liquefação, um módulo de oito andares onde podem viver 350 pessoas e uma pista para helicópteros.

Moçambique já exporta gás há 17 anos, dos poços de Pande e Temane para a África do Sul: são jazidas em terra, no sul do país, ligadas ao país vizinho através de um gasoduto.

Estimativas altas

Moçambique aposta na exploração do gás naturalFoto: Roberto Paquete/DW

Mas as reservas da bacia do Rovuma, sob o oceano Índico, encostadas à fronteira com a Tanzânia, são 20 vezes maiores, estimando-se que possam chegar a 160 biliões de pés cúbicos (tcf, sigla inglesa), segundo o Instituto Nacional de Petróleo (INP) moçambicano.

Moçambique espera colocar os projetos de exploração a funcionar a tempo de converter aquelas reservas em receitas para o Estado, numa altura de pressão mundial crescente para abandono de combustíveis fósseis.

Além de precisar de verbas para o desenvolvimento do país, um dos mais pobres do mundo, Moçambique tem já comprometidas verbas do gás para a amortização de parte das dívidas ocultas - escândalo de corrupção com 2,7 mil milhões de dólares de garantias do Estado emitidas secretamente em 2013 e 2014.

Moçambique aposta no gás como fonte de energia de transição para outras mais limpas, logo, com maior longevidade, e aponta ainda como vantagem o teor de carbono mais reduzido do gás do Rovuma, tecnicamente classificando como mais limpo.

Vários projetos em andamento

A bacia do Rovuma tem três projetos aprovados: a plataforma flutuante da Área 4, um projeto orçado em 6,12 mil milhões de euros e que vai ser o primeiro a arrancar, tendo como meta produzir 3,4 milhões de toneladas de gás natural por ano (mtpa).

Os outros dois terão maior capacidade de produção, logo, deverão gerar maior receita, mas ainda ninguém tem certeza quando vão ser realidade.

A bacia do Rovuma tem três projetos aprovadosFoto: ENI East

O projeto da Área 1, cujo consórcio é liderado pela Totalenergies, começou a ser construído em Palma, Cabo Delgado, mas foi suspenso em março devido ao ataque de grupos armados - previa-se que começasse a produzir 13,1 mtpa a partir de 2024, mas agora aponta-se para 2026.

Por sua vez, o projeto em terra da Área 4, que ambiciona produzir 15,2 mtpa, ainda não tem decisão final de investimento à vista.

A Área 4 é operada pela Mozambique Rovuma Venture (MRV), uma 'joint venture' em co-propriedade da ExxonMobil, Eni e CNPC (China), que detém 70% de interesse participativo no contrato de concessão.

A Galp, KOGAS (Coreia do Sul) e a Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (Moçambique) detém cada uma participações de 10%.

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