Após acusação dos oposicionistas, Patrice Trovoada justifica a presença de soldados ruandeses na Assembleia Nacional como "exercício militar".
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O primeiro-ministro são-tomense, Patrice Trovoada, negou que militares comandados por instrutores ruandeses tenham "tomado de assalto" o Palácio dos Congressos, onde funciona o Parlamento, em São Tomé, como acusaram na última sexta-feira (01.09) os partidos da oposição.
"Trata-se, simplesmente, de um exercício que foi planeado pelas forças de defesa e segurança, nomeadamente da proteção de segurança da Presidência da República", disse este sábado (02.09) Patrice Trovoada, que considera "uma fantasia" a alegação sobre o envolvimento de tropas do Ruanda neste exercício.
O primeiro-ministro assegurou que foi pedida autorização aos serviços administrativos da Assembleia Nacional para, depois das horas de expediente, ser feito "um pequeno exercício que faz parte da capacitação das forças, cuja missão é de proteção dos dirigentes e das instituições do Estado".
Patrice Trovoada, que falava à margem da inauguração de um depósito de água, na Vila de Ribeira Afonso, cerca de 20 quilómetros a sul de São Tomé, admitiu que "pode ter acontecido que um ou outro deputado não tenha sido informado" sobre esse exercício.
No seu entender, é preciso não "fazer drama", já que é um assunto "perfeitamente normal". "Em qualquer país que funciona, em qualquer Estado organizado isso acontece", sublinhou, justificando que uma das missões destas forças de segurança é proteger os edifícios e que "essas missões só podem ocorrer se houver um plano de segurança".
"É preciso perceber que num mundo em que há muitas ameaças nós temos que estar preparados para lidar com elas", acrescentou o chefe do executivo são-tomense.
Apelo ao Presidente
Numa conferência de imprensa conjunta, na última sexta-feira, os nove partidos são-tomense da oposição, três dos quais com assento parlamentar, acusaram o Governo de Patrice Trovada de "ordenar o assalto", na quinta-feira, ao Palácio dos Congressos.
"Estamos a caminhar para uma ditadura militar, estamos a caminhar para um momento altamente perigoso, temos que alertar todo o povo são-tomense, a comunidade internacional, para que medidas sejam tomadas", disse Jorge Amado, dirigente do Movimento de Libertação de são Tomé e Príncipe (MLSTP), principal partido da oposição.
"Estamos mais uma vez a chamar a atenção ao senhor Presidente da República para que tome medidas em relação a isso, senão nós vamos ter que responsabilizá-lo pela nossa segurança e pela própria vida da democracia em São Tomé e Príncipe", disse, por seu lado, Danilson Cotu, líder da bancada parlamentar do Partido de Convergência democrática (PCD).
Em São Tomé e Príncipe, andar de táxi pode não ser uma viagem agradável. Os táxis e mini-autocarros da capital, São Tomé, são conhecidos pelo grande número de acidentes e os proprietários enfrentam dificuldades.
Foto: DW/Ramusel Graça
Viaturas em más condições
Em São Tomé e Príncipe, andar de táxi pode não ser uma viagem agradável. Os táxis e mini-autocarros da capital, São Tomé, são conhecidos pelo grande número de acidentes. O parque automóvel está degradado, as dificuldades com a manutenção são um problema do dia-a-dia, associado ao aumento dos preços dos combustíveis. Ainda assim, o táxi continua a ser o ganha-pão de muitas famílias.
Foto: DW/Ramusel Graça
Milhares de passageiros por dia
Cerca de mil viaturas pintadas de amarelo concentram-se na Avenida Geovani, em São Tomé, que faz fronteira com os dois principais mercados Municipal e Coco Coco. São responsáveis pelo movimento diário de cerca de 17 mil pessoas. O parque automóvel é constituído na sua maioria por viaturas Toyota, que os taxistas dizem ser uma marca resistente.
Foto: DW/Ramusel Graça
Remendar e substituir
Claudino da Graça troca o pneu do seu carro. A sua viatura é quase uma anarquia de peças, fruto de vários remendos. Claudino sabe que a solução não é das melhores, mas garante que este carro é o único ganha-pão. A sua viatura, adquirida por empréstimo há já quatro anos, não oferece conforto ou segurança e clama por uma manutenção urgente. O barulho do motor e das chapas soltas não são bons sinais.
Foto: DW/Ramusel Graça
O perigo do "engenho"
Estas viaturas representam o sustento de muitas famílias e, por isso, os condutores enfrentam a estrada com coragem e engenho. Um litro de combustível custa cerca de um euro. Face ao baixo poder de compra, muitos taxistas improvisam depósitos alternativos, utilizando vasilhas de plástico altamente inflamáveis ao lado do motor. Quando o depósito fura, uma garrafa de litro resolve o problema.
Foto: DW/Ramusel Graça
Transporte de mercadorias
Os táxis que ligam o centro da ilha de São Tomé a aldeias no norte e no sul da capital abastecem os mercados logo pela manhã, com peixe e produtos hortícolas, pão e carvão. Os carros estão muitas vezes mal-conservados e circulam sobrecarregados. A viatura na foto tem a mala partida. Uma trave de madeira permite mantê-la aberta.
Foto: DW/Ramusel Graça
Do mar para o mercado: de táxi
Pescadores e peixeiras aproveitam os táxis coletivos para trazer peixe das cidades costeiras para a capital, São Tomé. O transporte é feito nas malas das viaturas, sem refrigeração. Um dia de trabalho para os taxistas que ligam zonas longínquas, incluindo a cobrança das cargas, representa cerca de 100 euros.
Foto: DW/Ramusel Graça
Concorrência em duas rodas
Muitos taxistas colocam a hipótese de abandonar a atividade, que em tempos foi um grande negócio. Aqueles que percorrem a periferia da capital chegam a faturar apenas dez euros num dia. E os moto-táxi (na foto) fazem concorrência aos taxistas são-tomenses.
Foto: DW/Ramusel Graça
Alternativa degradada
Neste arquipélago lusófono não existe uma linha regular de transportes públicos. A última, instituída em 2006, entrou em falência. Os taxistas não têm uma tarefa fácil: argumentam que o poder de compra dos são-tomenses baixou e a imagem das viaturas desmotiva os clientes. Na foto, táxis coletivos esperam por clientes junto à Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no bairro de Água Grande.
Foto: DW/Ramusel Graça
Amarelo
Até que volte a haver uma linha regular de ónibus, os táxis e mini-autocarros continuam a ser a única alternativa para que não tiver uma viatura própria. Os transporte de pessoas e mercadorias na ilha de São Tomé depende dos 17.000 táxis pintados de amarelo, que circulam nesta república centro-africana.