Este é o segundo ataque na província central de Sofala em menos de uma semana contra agentes da polícia. Autoridades dizem que os responsáveis são homens armados da RENAMO, mas partido e "Junta Militar" negam.
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A polícia moçambicana diz que um dos seus agentes foi morto em mais um ataque no centro de Moçambique. Desta vez, homens armados atacaram na manhã desta terça-feira (29.10) um posto policial no distrito de Nhamatanda, na província central de Sofala. Segundo as autoridades, os responsáveis são homens armados da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO).
"Homens armados da RENAMO atacaram pelas 4h50, presumivelmente, o posto policial de Metuchira", afirma o comandante provincial da polícia em Sofala, Paulique Ucacha.
Após tomar conhecimento do ataque, a corporação iniciou diligências para neutralizar os atacantes: "Destacámos um contingente para este lugar e, chegado cá, acabaram descobrindo para o lado onde se teriam refugiado", refere Ucacha.
Polícia é morto em ataque no centro de Moçambique
O ataque acontece um dia depois de o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, ter orientado na região a cerimónia de lançamento da campanha agrária. Este é o segundo ataque em Sofala em menos de uma semana contra agentes da polícia.
Uma fonte familiar contou à imprensa que a incursão foi tão rápida que não deu para chegar a tempo para prestar socorro ao polícia, que morreu no local. "Depois daqueles disparos, passado algum tempo, a nossa família soube muito bem que ele estava de serviço. Quando chegámos ao posto policial, logo nos deparámos com a situação que o nosso familiar estava de serviço e já sem vida", disse o cunhado do agente morto.
Outros ataques
Segundo a polícia, estavam a ser feitas buscas nas estradas nacionais número um e seis, por onde os atacantes terão fugido.
Estas estradas têm sido palco de ataques contra viaturas civis e da polícia. No último domingo (27.10), um ataque a viaturas na EN1 fez três mortos. E na quarta-feira passada (23.10), na mesma região, outro polícia foi abatido.
A polícia suspeita que algumas pessoas na região de Metuchira possam estar envolvidas no ataque. "Neste momento, existem alguns suspeitos e há um trabalho que se está a fazer no sentido de termos a conclusão se são os mesmos ou não", explica o comandante Paulique Ucacha.
Em entrevista à DW África, o líder da autoproclamada "Junta Militar" da RENAMO, Mariano Nhongo, refuta também ter orientado ataques na região, desmentindo o comandante da polícia: "Alguma vez vocês ouviram Nhongo passar aí no carro?", afirmou.
O centro de Moçambique tem sido historicamente palco de conflitos armados, mas as armas calaram-se em dezembro de 2016 e a paz foi selada no acordo de paz assinado entre a RENAMO e o Governo da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), em agosto.
Permanecem na zona guerrilheiros, em número incerto, que formaram a autoproclamada "Junta Militar" para contestar a liderança da RENAMO por Ossufo Momade e defender a renegociação do seu desarmamento e reintegração na sociedade.
O grupo de guerrilheiros liderado por Mariano Nhongo já ameaçou por mais que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido, mas também se diz perseguido por outros elementos desconhecidos. Na semana passada, após o ataque a um carro patrulha, a polícia disse supor que a ação seria da autoria do grupo de Nhongo, mas este negou qualquer envolvimento.
Dia de eleições em Moçambique em imagens
De norte a sul de Moçambique, grande afluência de eleitores marcou primeiras horas de votação. 13,1 milhões de moçambicanos foram chamados a escolher Presidente da República, 250 deputados e 10 governadores provinciais.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Filipe Nyusi abre votação em Maputo
As primeiras assembleias de voto abriram às 07:00 para as sextas eleições gerais. Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique e candidato a um segundo mandato, abriu a votação em Maputo. Depois de votar na Secundária Josina Machel, em direto na televisão pública, pediu ao país para mostrar ao mundo que Moçambique "apoia a democracia". "Vamos acreditar e vamos confiar", sublinhou o candidato da FRELMO.
Foto: Getty Images/AFP/G. Guercia
Ossufo Momade vota na Ilha de Moçambique
O candidato presidencial da RENAMO, Ossufo Momade, disse que "nunca" vai aceitar "resultados eleitorais manipulados", assinalando que a negação da vontade popular levou o país a hostilidades militares no passado. "Estamos determinados em fazer qualquer coisa que o povo nos indicar", declarou Momade. O candidato falava após votar na sua terra natal, na Ilha de Moçambique, província de Nampula.
Foto: Getty Images/A. Barbier
Daviz Simango apela ao voto de todos
Daviz Simango, candidato à presidência pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), votou no bairro de Macuti. "Aproveito esta oportunidade para lembrar a todos os moçambicanos que não votarem que vão ter a oportunidade de ser dirigidos por aqueles que não escolheram", advertiu. Pediu ainda às autoridades para "criarem condições para que estas eleições sejam transparentes livres e justas".
Foto: DW/A. Sebastião
Tentativas de fraude a favor da FRELIMO
Segundo o Centro de Integridade Pública (CIP), registaram-se já vários "casos de tentativas de enchimento de urnas" nos dois maiores círculos eleitorais do país. Os casos, a favor da FRELIMO, ocorreram nas assembleias de voto instaladas nas escolas primárias completas Eduardo Mondlane de Angoche, em Nampula, e 16 de Junho, em Mopeia, na Zambézia, precisou a ONG.
Foto: DW/L. da Conceição
UE: Observação eleitoral "em boas condições"
A Missão de Observação Eleitoral da União Europeia (UE) considera que a abertura das mesas de voto decorreu de modo ordeiro. "Havia muitas filas, mas os procedimentos foram seguidos em grande parte", disse Sànchez Amor. O chefe da missão da UE informou ainda que "a observação está a realizar-se em boas condições" e, por enquanto, "o processo desenrola-se conforme o previsto".
Foto: DW/L. Matias
Quelimane: Zambezianos em peso nas urnas
Assembleias de voto em Quelimane, província central da Zambézia, registam grande afluência de eleitores desde as primeiras horas. A DW encontrou vários cidadãos que não conseguiram votar por problemas com o cartão de eleitor. Luís Boavida, cabeça de lista do MDM, e Manuel de Araújo, da RENAMO, apelaram aos zambezianos para irem às urnas. Pio Matos, da FRELIMO, garantiu que está "tudo tranquilo".
Foto: DW/N. Issufo
Gaza: Ambiente calmo e ordeiro
A tranquilidade marcou a abertura das mesas de voto em Mandlakazi, na província de Gaza, no sul. Gaza foi notícia nos últimos meses porque foi aqui que os órgãos eleitorais moçambicanos recensearam cerca de 230 mil eleitores a mais do que o número da população em idade eleitoral anunciada pelo INE. Irregularidades muito contestadas por oposição e sociedade civil.
Foto: DW/C. Matsinhe
Nampula: Eleitores impedidos de votar
Em Mulila, no populoso bairro de Namicopo, na cidade de Nampula, pelo menos oito eleitores foram impedidos de votar, alegadamente porque os seus nomes não constavam dos cadernos eleitorais. O bairro de Namicopo é na sua maioria habitado por apoiantes da RENAMO. Já a Sala da Paz condenou a "falta de vontade dos órgãos eleitorais" em credenciar observadores na província de Nampula.
Foto: DW/S. Lutxeque
Tete: Balanço positivo da Sala da Paz
A Sala da Paz faz um balanço positivo das primeiras horas de votação em Tete, apesar de se verificaram longas filas de eleitores e de alguns membros desta plataforma eleitoral não terem sido credenciados pelos órgãos de administração eleitoral para a observação do pleito. Nestas eleições, Tete elege 21 deputados para a Assembleia da República e 82 membros para a Assembleia Provincial.
Foto: DW/A. Zacarias
Inhambane: Prioridade para eleitores idosos
Idosos em Inhambane estão a ter prioridade nas mesas das assembleias de voto. Nesta província, as mesas abriram à hora prevista, com milhares de eleitores nas filas para exercerem o seu direito cívico. A afluência às urnas diminuiu ao final da manhã. Os concorrentes ao cargo de governador votaram cedo e aguardam os resultados nas suas residências, sob fortes medidas de segurança.
Foto: DW/L. da Conceição
Pemba: Longa espera para votar
Ao contrário de Inhambane, em Pemba, província de Cabo Delgado, alguns idosos queixam-se da longa espera para votar e lamentam que não lhes seja concedida prioridade, como preconiza a lei. "Há lutas na fila e como nós somos mais velhas não conseguimos ficar paradas, por isso ficamos sentadas", disse à DW África a idosa Albertina Navaia, que vota na Escola Primária de Cariacó.
Foto: DW/D. A. Uatanle
Manica: Votação sem sobressaltos
Em Manica, a votação tem sido sobressaltos nem registo de ilícitos eleitorais. Apesar de, no geral, os partidos darem nota positiva ao arranque do processo na província, o delegado do MDM, Humberto Escova, lamentou a circulação de automóveis blindados, na zona de Pinanganga, no distrito de Gondola, e acusou o contingente policial de semear o medo entre os eleitores.