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Polícia reprime manifestação do Movimento Lunda Tchokwe

24 de junho de 2017

Pelo menos uma pessoa morreu, cerca de 10 estão feridas e mais de 50 foram presas este sábado em duas províncias durante as manifestações que exigiam a autonomia da região conhecida como Lunda Tchokwe.

Foto: Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe

Sábado violento em Angola. A Polícia Nacional, em colaboração com as Forças Armadas Angolanas (FAA), reagiu com balas de fogo a uma série de manifestações convocadas pelo Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe, na manhã deste sábado (24.06), nas províncias do Moxico, Lunda Norte e Lunda Sul.

Pelo menos uma pessoa foi morta, outra foi baleada na cabeça e encontra-se neste momento sob cuidados médicos numa unidade hospitalar, enquanto outros oito manifestantes estão gravemente feridos. Mais de 50 pessoas foram detidas durante a ação das autoridades de segurança.

Manifestação em Saurimo, na Lunda SulFoto: Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe

A reportagem da DW África em Angola constatou que na província do Moxico não se registou nenhum incidente. Contudo, a cidade de Luena, capital da província, foi sitiada pelas forças de segurança.

As manifestações visavam exigir o fim das perseguições permanentes e prisões arbitrárias contra os ativistas do movimento, assim como a abertura de um diálogo com o Governo angolano para o restabelecimento da autonomia da região de Lunda Tchokwe, que compreende as províncias ricas em diamante e madeira, nomeadamente as Lundas Norte e Sul, Moxico e Cuando Cubango.

Violência policial

À DW África, José Mateus Zecamutchima, presidente do movimento que reivindica a autonomia da região diamantífera angolana, descreveu a situação no terreno.

"A Polícia abriu mesmo fogo contra os manifestantes. Aqui no Saurimo, província da Lunda Sul, estão presas quatro pessoas. Em Canfunfu – Lunda Norte, temos oito feridos. Também na Lunda Norte, no município do Cuango, temos mais de 50 pessoas presas e aqui a polícia disparou mortalmente contra o senhor Pimbi, de 35 anos, que é pai de quatro filhos".

Ainda de acordo com o relato de Zecamutchima, há outros dois feridos em estado grave no hospital, um deles o senhor que foi baleado na cabeça.

A situação neste momento é de grande agitação e tumulto. A população está bastante revoltosa e as autoridades policiais não dão sinais de abrandamento na reação brutal com que investiu contra os manifestantes.

Situação nas três províncias é de tulmuto, segundo relata o presidente do Movimento do Protectorado Lunda TchokweFoto: Movimento do Protectorado Lunda Tchokwe

As três províncias onde decorreram as manifestações estão praticamente sitiadas com elementos das forças de segurança, Polícia de Intervenção Rápida e vários soldados da Polícia Militar, assim como vários agentes dos serviços de inteligência à paisana.

Liberdade

Apesar desta situação tumultuosa, o líder do Movimento do Protectorado revela-se firme em continuar com as manifestações na região, por considerar estar em causa a defesa dos direitos e das liberdades dos povos daquela região.

"Seguramente que vamos continuar a ter esse comportamento da polícia. Agora eu não posso desmoralizar o povo. O regime é que deve parar de disparar contra aqueles que estão a se manifestar livremente e que estão somente a exigir os seus direitos. Eu não posso mandar as pessoas parar. O povo está a manifestar-se sem armas e ninguém está a atirar pedras à polícia. Ninguém fez vandalismo", declarou Zecamutchima.

Por outro lado, Zeca Mucamutchima, diz-se apreensivo com a sua falta de segurança.

"Estou aqui nas Lundas sem segurança, aliás, tenho estado a explicar isso a todo o momento daquilo que temos estado a viver. Como explico a comunidade nacional e internacional, essa manifestação não foi espontânea. Nós escrevemos ao Presidente da República, no dia 12 de junho, anunciado a realização desta manifestação, distribuímos documentos a todos os governos e comandos provinciais da região. Portanto, não compreendemos por que é que hoje no dia da manifestação indicada a polícia vem disparar indiscriminadamente contra a população", questiona-se.

A DW entrou em contato com o Comandante-Geral da Polícia Nacional de Angola, Ambrósio de Lemos, mas não obteve resposta.

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