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Polícia angolana reprime manifestações com violência

25 de janeiro de 2011

Angola vive, nos últimos dias, uma série de manifestações isoladas que pretendem alertar as autoridades para a melhoria da situação social. Em todas elas, o papel da polícia tem sido de repressão.

Na imagem um mercado em Angola. As condições de vida da maioria dos angolanos se degrada a cada dia que passaFoto: DW/Jule Reimer

"Todas nós estamos unidas pelo mesmo objectivo, é verdade ou mentira?" Estas são palavras de mobilização lançadas por uma mulher durante uma manifestação. E as respostas de concordância de outras chegam com muita força. Elas manifestam-se contra a violência doméstica em Luanda. A marcha foi travada pela Polícia Nacional. Quatro mulheres e um homem foram parar a cadeia e horas depois libertos.

Esta foi apenas um das muitas manifestações que se realizam em Luanda para os mais diversos fins, mas que são reprimidas.

A polícia desce o punho

Recentemente, um grupo de moradores de uma zona periférica levantou-se contra a administração local, para exigir melhores condições de vida, como água, energia eléctrica e melhoria do saneamento básico. As pessoas cabaram detidas, agredidas e ameaçadas. Um dos detidos conta: "Eramos quatro, levaram-nos para dentro, fizeram-nos perguntas e começaram logo a darem-nos socos."

Mulheres em Huambo trabalham a terra. As mulheres em Angola tem se manifestado contra a violência domésticaFoto: dpa

Na mesma atura em que trabalhadores de uma empresa a beira da falência, a ENSUL, manifestavam-se na baixa de Luanda, outro grupo de jovens estava junto à Assembleia Nacional a entregar manifesto aos deputados sobre questões sociais e políticas.

Tal como nas outras acabaram detidos e ameaçados. Um dele disse: "Tivemos um procedimento pacífico no comando da divisão da Ingobota onde também fomos ameaçados com palavras violentas pelo segundo comandante com dizeres como: se vocês voltarem a fazer isso, não nos responsabilizamos pelo que vos pode acontecer."

Polícia quebra o silêncio

Aqui a Polícia Nacional quebrou o silêncio para referir as razões da detenção e explicar que os seis jovens estiveram sob custódia para serem aconselhado. De acordo com o porta voz da polícia em Luanda, Jorge Bengui: "Foi pela tentativa que eles queriam fazer, de entrar na Assembleia Nacional, por causa disso é que foram levados a esquadra, onde foram aconselhados..."

A polícia angolana foi violenta com os manifestantesFoto: AP

A nova Constituição garante que para uma manifestação, apenas se deve comunicar ás autoridades e não é preciso esperar por uma autorização do governo. O activista cívico Manuel de Vitoria Pereira é claro, há um aumento do nível de insatisfação popular em Angola, ele diz que devia ser também do interesse das autoridades dizer de forma transparente que aqueles colegas que se manifestaram foram presos com razão e sem razão e se já foram todos soltos.

Manifestações sobre questões sociais em Angola, ainda longe de se realizarem como rezam a nova constituição. A polícia nacional reprime e detem manifestantes que parecem destemidos para o cumprimento dos seus direitos á um vida digna. Paradoxalmente manifestações de apoio ao presidente têm sido realizadas com êxito.

Autor: Manuel Vieira
Revisão: Nádia Issufo/António Rocha