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Assassinatos de idosos na Zambézia preocupa a polícia.

Marcelino Mueia (Quelimane)11 de junho de 2015

A polícia moçambicana está preocupada com o número crescente de assassinatos de idosos, acusados de feitiçaria, no distrito de Inhassunge, na província da Zambézia.

Trecho de uma estrada em QuelimaneFoto: Gerald Henzinger

As autoridades moçambicanas mostram-se muito preocupadas com o aumento do número de assassinatos de idosos, acusados de feitiçaria, no distrito de Inhassunge, na província da Zambézia, no centro de Moçambique. Sem adiantar pormenores, a polícia diz apenas que o número de assassinatos é "assustador".

Segundo a polícia, que solicitou ajuda à comunidade religiosa e aos líderes comunitários para acabar com estas mortes, as vítimas têm, na sua maioria, entre 60 e 70 anos de idade.

Com frequência, os atacantes usam catanas para matar os idosos, na sua própria casa, durante a noite. Várias vezes, são indivíduos da mesma família.

Há poucos dias, no espaço de 24 horas, duas pessoas foram encontradas sem vida.

A porta-voz do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique na Zambézia, Elsidia Filipe, diz que os homicídios em Inhassunge, por suposta prática de feitiçaria, estão fora de controlo.A porta-voz da polícia não adianta números. Elsidia Filipe diz apenas que está preocupada com o número galopante de mortos – homens e mulheres. "Estamos a trabalhar no sentido de estabelecermos uma maior ligação entre a polícia e as comunidades das diferentes localidades da região com o objetivo de educar e sensibilizar a população sobre os riscos dessas crenças obscuras. As pessoas acreditam cegamente nessas crenças e acabam por violar a lei. Praticam assassinatos ou tentam fazer a justiça pelas próprias mãos".

Homicídios por suposta prática de feitiçaria estão fora de controlo

Edifício do Instituto Nacional para a Segurança Social em QuelimaneFoto: DW

Zainadine João, crente da religião muçulmana, diz que é preciso sensibilizar a população para que se pare, de uma vez por todas, com estes assassinatos. "Isso de matar as pessoas à catanada, deveria parar imediatamente. Eu como muçulmano sei que o Islão condena essa prática bem como a justiça feita pelas próprias mãos. Temos que acabar com isso."

Os jovens acusam os velhos de prática de feitiçaria

Em várias regiões de Moçambique, e particularmente na Zambézia, é comum os mais novos acusarem os mais velhos de prática de feitiçaria.

O líder comunitário Isaque Lipava diz que, muitas vezes, por trás das acusações está, em pano de fundo, a pobreza, que afeta a maior parte da população. Lipava conta que esses jovens acusam frequentemente os mais velhos de os impedirem de arranjar emprego, por exemplo.O líder comunitário diz que um trabalho conjunto deve ser realizado para que seja abandonado definitivamente esse hábito ancestral. "Não concordamos com as pessoas que querem fazer a justiça pelas suas próprias mãos porque se trata de uma violação da lei. E porque ninguém apoia a violação da lei, então devemos tudo fazer para que as pessoas ponham de lado essas ideias sobre alegadas práticas de feitiçaria no nosso país".

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Em 2014 foram linchadas 24 pessoas

As autoridades governamentais na Zambézia apontam como causa principal do elevado índice de mendigos idosos a suposta prática de feitiçaria. Muitos dos idosos são obrigados a fugir dos povoados rumo aos centros urbanos à procura de abrigo.

Recorde-se, que no passado mês de maio, a Procuradora-Geral da República (PGR) de Moçambique, Beatriz Buchili, ao apresentar a Informação Anual do Procurador-Geral da República à Assembleia da República, disse em Maputo que em 2014 foram linchadas 24 pessoas, que morreram à pancada ou queimadas por populares e nalguns casos pelos próprios filhos, devido a alegado roubo ou práticas de feitiçaria.





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