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Polícia invade sede do PAIGC e lança gás lacrimogéneo

Lusa | Iancuba Dansó (Bissau)
19 de março de 2022

PAIGC prepara-se para iniciar o seu 10.º congresso neste sábado (19.3). Líder do partido, Domingos Simões Pereira, anunciou vigília em frente à sede nacional do PAIGC até que as portas das instalações fossem reabertas.

Guinea Bissau PAIGC  Parteizentrale 2010
Por volta das 20h de Bissau, um contingente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) chegou à sede do partido e de imediato deram-se cenas de empurrões com um grupo de militantes.Foto: Moussa Balde/epa/picture alliance

A polícia guineense lançou granadas de gás lacrimogéneo na sede do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) na noite desta sexta-feira (18.03), dispersando participantes da reunião do Comité Central, disseram fontes do partido.

"A polícia disparou várias granadas de gás lacrimogéneo em pleno salão Amílcar Cabral, onde decorria o Comité Central", disse uma fonte que se encontrava dentro da sede do partido, situado a escassos metros do Palácio da Presidência da Guiné-Bissau.

O PAIGC prepara-se para iniciar o seu 10.º congresso neste sábado (19.3), em meio a uma polémica judicial com um militante que pediu ao tribunal a suspensão da reunião magna, alegando ter sido injustamente impedido de participar.

O partido considera o caso uma estratégia dos adversários políticos para impedir a realização do congresso.

Domingos Simões Pereira (centro). Foto de arquivo.Foto: Iancuba Dansó/DW

Domingos Simões Pereira

Uma outra fonte explicou à Lusa que o líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, ainda se encontrava na sede do partido, tendo ao seu lado vários dirigentes e militantes forçados a abandonar o salão Amílcar Cabral devido à ação do gás lacrimogéneo.

Fonte da administração da sede do partido admitiu que "alguns camaradas" poderiam ter-se ferido na tentativa de fuga do salão Amílcar Cabral, no primeiro piso do edifício, ao terem-se atirado para o pátio. 

"Vi sangue na sede, pode ser que alguns camaradas se tenham ferido", observou a fonte.

Na noite de ontem, após a saída da polícia de dentro da sede do PAIGC, permanecia um forte dispositivo nas imediações do edifício, de onde paulatinamente saíam os militantes do partido, constatou a Lusa.

Por volta das 20h de Bissau, um contingente da Polícia de Intervenção Rápida (PIR) chegou à sede do partido e de imediato deram-se cenas de empurrões com um grupo de militantes do partido que tentava impedir que entrasse no edifício, avançou a agência.

Sede do PAIGC em Bissau (foto de arquivo).Foto: DW/B. Darame

Ministério do Interior

Uma fonte do Ministério do Interior indicou também que a PIR estava na sede do PAIGC "para fazer cumprir a lei", na sequência de uma solicitação do juiz Lassana Camará, que produziu um despacho no qual mandava suspender a realização do congresso do partido.

Na sequência, um dirigente do PAIGC disse à Lusa serem inexistentes as condições para que o partido inicie o seu 10.º congresso no sábado devido à ação da polícia. 

"Com o que foi feito pela polícia na sede, não existem as condições objetivas para iniciar o congresso, pelo menos na nossa sede. O partido vai analisar o que fazer e em tempo oportuno comunicará aos militantes qual a solução", disse a fonte, que pediu para não ser identificada.

Neste sábado, mais cedo, o líder do partido, Domingos Simões Pereira, anunciou uma vigília, em frente da sede nacional do mesmo, até que as portas das instalações sejam reabertas para dar-se início congresso da sua formação política.

O líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, neste sábado (19.03).Foto: Iancuba Danso/DW

"Vamos ficar em vigília"

"[O congresso] vai ter lugar [...] - as portas [da sede] têm que ser reabertas. Vamos ficar aqui em vigília, por tempo necessário, para exigir o nosso direito", disse. 

Simões Pereira falava aos jornalistas perante uma multidão, na sede do partido, e mostrou-se revoltado com a atuação da PIR, que usou gás lacrimogéneo para dispersar os delegados ao congresso do partido, devido à uma decisão judicial.

O presidente do PAIGC acusa as autoridades guineenses de "inventar" processos judiciais para impedir a realização do congresso e afia que ninguém tem autoridade para impedir a realização do evento. 

Domingos Simões Pereira lamentou os "danos" causados pela não realização do encontro magno do seu partido, dando como exemplo toda a logística preparada e vários delegados que viajaram de estrangeiro, da Europa em particular. 

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