Polícia relativiza ameaças de "Junta Militar da RENAMO"
Lusa
22 de agosto de 2019
Comandante-geral da polícia moçambicana diz que ameaças de militares da RENAMO têm a ver com um "conflito interno", que não resvalou para o país.
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O comandante-geral da polícia moçambicana minimizou as ameaças à paz resultantes de um grupo de militares da RENAMO (Resistência Nacional Moçambicana) que contesta a liderança do principal partido da oposição.
"Este é um conflito interno e ainda não atingiu o que se chama conflito do país. Não há nenhum problema, é normal na política existirem ideologias diferentes", disse Bernardino Rafael, falando esta quarta-feira (21.08) à comunicação social na cidade da Beira, centro de Moçambique.
Em causa estão as ameaças da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO", que exige a demissão do atual líder do partido, Ossufo Momade, e considera nulo o acordo assinado com o Governo, ameaçando voltar a confrontos caso o Executivo moçambicano ignore a revindicação de novas negociações.
Abraço da paz em Maputo
01:25
Solução interna
Para Bernardino Rafael, o grupo ainda não é uma ameaça à paz e cabe à RENAMO encontrar uma solução interna.
"Neste momento, nós confiamos que a RENAMO vai encontrar a solução para este problema", frisou o comandante-geral da polícia moçambicana, apelando a que se evite noticiar o caso de "forma explosiva".
O grupo, que se autointitula como uma estrutura militar da RENAMO "entrincheirada nas matas" com 11 unidades militares provinciais, elegeu à revelia do partido o tenente general Mariano Nhongo como presidente interino, reiterando que não vai entregar as armas no quadro do acordo de paz assinado com o Governo.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e Ossufo Momade, assinaram, a 6 de agosto, em Maputo, o Acordo de Paz e Reconciliação Nacional.
O Governo moçambicano e a RENAMO já assinaram em 1992 um Acordo Geral de Paz, que pôs termo a 16 anos de guerra civil, mas que foi violado entre 2013 e 2014 por confrontos armados entre as duas partes, devido a diferendos relacionados com as eleições gerais.
Em 2014, as duas partes assinaram um outro entendimento de cessação das hostilidades militares, que também voltou a ser violado até à declaração de tréguas por tempo indeterminado em 2016, mas sem um acordo formal.
Acordo de Paz histórico em Moçambique
Em Moçambique, o Presidente Filipe Nyusi e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, formalizaram na quinta-feira (01.08) o fim das hostilidades militares no país. O acordo, já considerado histórico, é o terceiro em 25 anos.
Foto: DW/A. Sebastião
Acordo histórico
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e o líder da RENAMO, Ossufo Momade, erguem o acordo de paz e fim das hostilidades, que foi assinado na Serra da Gorongosa, província de Sofala, centro do país. O local é conhecido como bastião da RENAMO. O acordo tem como objetivo acabar com os confrontos entre as forças governamentais e o braço armado do principal partido da oposição.
Foto: DW/A. Sebastião
Anos de hostilidade
"Estamos aqui em Gorongosa para dizer a todos moçambicanos e ao mundo inteiro que acabámos de dar mais um passo, que mostra que a marcha rumo à paz efetiva é mesmo irreversível", declarou Filipe Nyusi, referindo-se ao acordo assinado com a RENAMO. É o terceiro documento após anos de hostilidades. O primeiro foi assinado em 1992, em Itália - o chamado Acordo Geral de Paz de Roma.
Foto: DW/A. Sebastião
Virar a página
"Com esta assinatura do acordo de cessação das hostilidades militares, queremos garantir ao nosso povo e ao mundo que enterramos a lógica da violência como forma de resolução das nossas diferenças", afirmou o líder da RENAMO, Ossufo Momade, ressaltando que "a convivência multipartidária será o apanágio de todos partidos políticos".
Foto: DW/A. Sebastião
Silenciar das armas
O pacto cala oficialmente as armas e prolonga de forma definitiva uma trégua que durava desde dezembro de 2016, depois de vários anos de confrontos armados entre as forças governamentais e o braço armado da RENAMO.
Foto: DW/A. Sebastião
Abraço da paz
Na cerimónia de assinatura do acordo, o Presidente de Moçambique Filipe Nyusi mostrou-se otimista em relação aos próximos anos, dizendo que "a incerteza deu ligar à esperança e o futuro de Moçambique é promissor".
Foto: DW/A. Sebastião
"Paz vai ser testada nas eleições"
Este novo acordo é um passo muito importante para Moçambique e também para todos os partidos. Daviz Simango, líder do MDM, esteve na cerimónia e alertou: "Temos que trabalhar muito neste processo eleitoral que se avizinha. Portanto, se o STAE nos proporcionar o teatro, que tem vindo a fazer de ciclo em ciclo eleitoral, pode proporcionar o retorno a essas situações de conflitos militares".
Foto: DW/A. Sebastião
Unidos pelo acordo
Horas depois da assinatura do acordo, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse na Beira que o Governo e a RENAMO vão unir-se para debelar qualquer tentativa de prejudicar o acordo de cessação definitiva de hostilidades militares.