STP: Polícia quer que Governo reforce política de segurança
Lusa | tms
27 de agosto de 2017
Corporação denuncia a presença de organizações criminosas internacionais e alerta que São Tomé e Príncipe "não está imune" a atos terroristas.
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O comandante geral da polícia nacional são-tomense, Domingos Nascimento, alertou neste domingo (27.08) que São Tomé e Príncipe "não está imune" a atos terroristas, por haver no arquipélago interesses ocidentais que podem "servir como referência", e cobrou do Governo o reforço das políticas de segurança, especialmente nas fronteiras.
Domingos Nascimento também denunciou a presença em São Tomé de organizações criminosas "com ligações a células estrangeiras".
"Face a uma ameaça tão devastadora como o terrorismo internacional, São Tomé e Príncipe, enquanto parte integrante do mundo globalizado, não está imune a este fenômeno, pois existem no nosso país instalações e interesse ocidentais plausíveis de serem referenciados como alvos", disse o comandante geral.
Segurança interna
Nesse sentido, Domingos Nascimento apelou ao Governo para "encarar a segurança interna como prioridade para o desenvolvimento sustentável do país", sublinhando ser "cada vez mais frequente a ocorrência de novos fenómenos criminais".
"As forças e serviços de segurança terão de estar alerta para garantir os padrões mínimos exigidos de segurança, sobretudo nos aeroportos e portos do país e garantir a segurança pessoal das entidades nacionais e estrangeiras residentes", defendeu.
O comandante geral destacou a necessidade de se combater o tráfico internacional de estupefacientes, de seres humanos e de uso ilegal de armas, que considera serem "ameaças com repercussões ao nível local".
Governo não avança investimentos
O comandante geral da polícia, que falava na cerimónia do 42º aniversário da criação da polícia, sublinhou que "o perfil do homem são-tomense está a mudar e é cada vez mais notória a presença de são-tomenses envolvidos em situações de crimes organizados".
Por isso, defendeu para a sua instituição "uma grande capacidade de organização, bem como a competência para definir com coerência, uma estratégia crucial que seja adequada à realidade" do país.
O Presidente são-tomense, Evaristo Carvalho, comandante em chefe das Forças Armadas que presidiu à celebração dos 42 anos da criação da policia nacional, elogiou a corporação por ter sabido "afirmar-se como um pilar essencial da democracia e do estado de direito".
Defendeu, contudo, que a polícia "deve sempre ajustar-se às exigências de cada momento, reestruturando-se, formando quadros, aperfeiçoando as suas técnicas e modos de intervenção, equipando-se com meios mais eficazes" para "fazer face aos novos desafios que o mundo moderno e a globalização se nos colocam cada dia com maior acuidade", mas não avançou nenhum investimento para o setor.
Património histórico - Roças de São Tomé e Príncipe
As roças de São Tomé e Príncipe foram a base económica das ilhas até à independência em 1975, altura em que se deu a sua nacionalização. Esta galeria apresenta o património histórico das roças do arquipélago.
Foto: DW/R. Graça
Nas montanhas: a Roça Agostinho Neto
A roça organiza-se através da artéria principal que é fortemente marcada pelo imponente hospital, implantado na extremidade mais elevada, bem como pelos terreiros e socalcos que acompanham o declive. Na era colonial era esta roça que possuia o sistema ferroviário do arquipélago, a partir do qual se estabelecia a ligação e o abastecimento entre as suas dependências e o porto na Roça Fernão Dias.
Foto: DW/R. Graça
Uma roça memorial e emblemática
A Roça Agostinho Neto recebeu este nome após a independência nacional em 1975, em memória do primeiro Presidente de Angola. É uma das mais emblemáticas e impressionantes estruturas agrícolas do país. Situa-se no distrito de Lobata, norte da ilha de São Tomé, a 10 quilómetros da capital. Foi fundada em 1865 pelo Dr. Gabriel de Bustamane e foi explorada a partir de 1877, pelo Marquês de Vale Flor.
Foto: DW/R. Graça
Aqui começou a cultura do cacau
Fundada nos finais do século XVIII, a Roça Água-Izé foi a primeira da Ilha de São Tomé que implementou a cultura de cacau. José Ferreira Gomes trouxe a planta do Brasil para a Ilha do Princípe, inicialmente como uma planta ornamental, mas a cultura do cacau prosperou no arquipélago e tornou as ilhas o maior produtor de cacau a nível mundial. Esta roça é composta por nove dependências.
Foto: DW/R. Graça
O hospital da Roça Água-Izé
Implantada numa zona litoral, a Roça Água-Izé é o exemplo mais representativo da necessidade de expansão. Essa urgência levou à construção de um segundo hospital, de novos blocos de senzalas e edíficios de apoio à produção, como armazéns, fábricas de sabão e cocheiras.
Foto: DW/R. Graça
A Roça Uba Budo
Localizada na parte leste da ilha de São Tomé, no distrito de Cantagalo, esta roça foi fundada em 1875. Pertenceu à Companhia Agrícola Ultramarina, administrada na altura pelo general português Humberto Gomes Amorim. A principal cultura na Roça Uba Budo era o cacau.
Foto: DW/R. Graça
Cenário de televisão
Nos anos 90, a Roça Uba Budo foi o cenário escolhido pela RTP Internacional, o canal internacional da televisão pública de Portugal, para rodar uma série televisiva. Retratava a história de amor entre uma escrava e o seu patrão.
Foto: DW/R. Graça
Uma das mais antigas: a Roça Monte Café
A Roça Monte Café localiza-se numa zona bastante acidentada, na região de Mé-Zóchi, no centro da Ilha de São Tomé. É uma das mais antigas roças do país, tendo sido fundada em 1858, por Manuel da Costa Pedreira. A 670 metros de altitude, em terrenos bastante propícios para a cultura de café arábica, assumiu o lugar de destaque como a maior produtora de café, entre as restantes roças são-tomenses.
Foto: DW/R. Graça
Uma pequena cidade: Roça Roca Amparo
O desenvolvimento e a modernização das estruturas das roças, originaram um contínuo crescimento de espaços e equipamentos, e a Roça Roca Amparo é um exemplo disso. Esta evolução permitiu que se criasse uma malha de ruas, jardins e praças, cada qual com a sua função e importância. O processo de crescimento correspondia ao de uma pequena cidade.
Foto: DW/R. Graça
Uma noite na roça
A Roça Bombaim localiza-se em Mé-Zóchi, um dos distritos mais populosos de São Tomé. Bombaim é uma das unidade hoteleiras de referência do arquipélago que promove o turismo rural. Encravada no meio de uma floresta densa, a sua estrutura arquitetónica faz dela um espaço único para quem procura paz. Para se aceder à roça passa-se pela Cascata S. Nicolau, um dos encantos são-tomenses.
Foto: DW/R. Graça
A Roça Vista Alegre
A casa principal da Roça Vista Alegre constitui um dos exemplos arquitetónicos de maior interesse. Desenvolve-se sobre uma planta retangular em dois pisos, parcialmente elevada e um terceiro, formando apreendas apoiadas em pilares contínuos de madeira. Conserva-se ainda em estado razoável, devido às intervenções na casa principal, sendo que os restantes edifícios requerem obras de restauro.
Foto: DW/R. Graça
As senzalas - antigas casas dos escravos
Representa a casa do africano, oriunda do quimbundo angolano e referenciada nas pequenas povoações autóctones, formadas por cubatas (pequenas casas de madeira com cobertura de colmo). Com a exportação de mão de obra africana para o Brasil ao longo do século XVI, a dominação "senzala" foi aplicada ao conjunto habitacional onde residiam os trabalhadores escravos nas estruturas agrárias.
Foto: DW/R. Graça
Na Roça Boa Entrada, a maioria é pobre
Hoje, a Roça Boa Entrada é habitada por pessoas de diversas proveniências. Umas vieram de outras roças do país e outras vieram de outros países de África, principalmente de Cabo Verde. A maioria da população de Boa Entrada é pobre. A roça tem uma forte densidade populacional e uma grande concentração de pessoas num espaço relativamente reduzido e organizado em torno da antiga casa senhorial.
Foto: DW/R. Graça
O abandono das roças
A Roça Porto Real, localizada na Ilha do Princípe, faz parte das 15 grandes unidades agro-industriais criadas depois da independência e sucessivamente abandonadas. Antigamente, a roça tinha uma produção agrícola variada. Há quem diga que produzia o melhor óleo da palma de toda a ilha.