Polícia suíça dispersa protesto contra Presidente camaronês
Lusa | AFP | AP | kg
29 de junho de 2019
Manifestantes protestaram contra Paul Biya em frente ao hotel onde o chefe de Estado, há 37 anos no poder, está hospedado em Genebra. Polícia lançou gás lacrimogéneo e usou canhões de água contra membros da diáspora.
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A polícia suíça dispersou este sábado (29.06) uma manifestação contra o Presidente camaronês, Paul Biya. Cerca de 250 pessoas se concentraram em frente ao hotel onde o chefe de Estado está hospedado em Genebra.
Os manifestantes ergueram cartazes e faixas contra o que consideram a "ditadura senil" do líder camaronês, que está no poder há 37 anos. "Este ditador desperdiça milhares de milhões do nosso dinheiro enquanto a economia do país está doente. Não podemos aceitar isso", disse à agência de notícias francesa AFP Robert Wanto, responsável pelo conselho da diáspora. O camaronês está exilado em França há 30 anos.
Axille Fofou, camaronesa exilada em França, participou do protesto para mostrar "indignação" com um Presidente que está a fazer a população camaronesa "refém".
"Nos Camarões, as pessoas não têm nada e ele [Paul Biya] está aqui a gastar milhares em dinheiro todos os dias. Isso é inaceitável", afirmou. "A Suíça não deve apoiar esse ditador. Ao deixá-lo ficar aqui, é cúmplice de crimes horríveis", acrescentou a manifestantes.
Confronto
Quando os manifestantes avançaram para o hotel, a força policial que rodeava o edifício disparou granadas de gás lacrimogéneo e usou um canhão de água para dispersar os manifestantes. O porta-voz da polícia de Genebra, Silvain Guillaume-Gentil, disse que a polícia lançou o gás lacrimogéneo quando os manifestantes tentaram quebrar o bloqueio policial. Segundo a polícia, ninguém ficou ferido e nenhum manifestante foi preso.
Membros da segurança do Presidente dos Camarões também protegeram a entrada do hotel onde Biya, de 86 anos, está alojado. Os manifestantes tinham ordens da polícia suíça para não chegarem a menos de 500 metros do local.
Nos Camarões, os separatistas anglófonos reclamam um estado independente no Oeste do país, o que deu origem a um conflito armado que já provocou 1.850 mortos desde 2017. No norte do país, os 'jihadistas' do grupo Boko Haram atacam com frequência as forças de segurança.
A oposição a Biya vem também dos apoiantes de Maurice Kamto, do Partido para o Renascimento dos Camarões, preso desde janeiro, depois de ter perdido para Biya em eleições que consideram ter sido uma farsa.
Presidentes a todo o custo
São derrotados nas eleições, mas contestam os resultados. Mesmo depois de esgotarem todos os recursos, estes candidatos à mais alta magistratura continuam a reivindicar a Presidência.
Maurice Kamto: o auto-proclamado "presidente"
O candidato da oposição às presidenciais de 7 de outubro nos Camarões, Maurice Kamto, reivindica a vitória frente a Paul Biya. "Convido o Presidente da República a criar as condições para uma transição pacífica para proteger os Camarões de uma crise eleitoral desnecessária", declarou o líder do MRC - Movimento para o Renascimento dos Camarões.
Foto: AFP/Getty Images
Nelson Chamisa, o "presidente legítimo" do Zimbabué
O líder da oposição zimbabueana contesta a vitória do Presidente Emmerson Mnangagwa nas eleições de 30 de julho de 2018. Considera-se vencedor e reclama a cadeira presidencial numa cerimónia simbólica de tomada de posse, a 15 de setembro.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Cissé rejeita a tomada de posse de Keïta
Soumaïla Cissé não marca presença na cerimónia e fala num vazio de poder no Mali depois da tomada de posse "nula e de efeito nulo" do seu rival, Ibrahim Boubacar Keïta, a 4 de setembro de 2018. A 20 de agosto, o Tribunal Constitucional do Mali declarou Keïta vencedor das presidenciais com 67,16% dos votos na segunda volta de 12 de agosto contra os 32,84% de Soumaïla Cissé.
Foto: DW/K. Gänsler
Raila Odinga, efémero "presidente do povo"
A 30 de janeiro de 2018, o opositor que tinha boicotado as presidenciais de outubro de 2017 contra Uhuru Kenyatta autoproclama-se "presidente do povo" perante milhares de apoiantes, numa cerimónia simbólica em Nairobi. O país é palco de violência pós-eleitoral, mas, a 9 de março, Odinga e Kenyatta surpreendem ao anunciar a sua reconciliação.
Foto: picture-alliance/Anadolu Agency/B. Jaybee
Jean Ping : "Exercerei o poder que me confiaram"
Dois anos após as presidenciais de agosto de 2016, o líder da oposição gabonesa continua determinado. A 31 de agosto, numa cerimónia de "homenagem aos mártires" da violência pós-eleitoral, em Libreville, diz que quer continuar a sua "luta" para "libertar" o Gabão. Jean Ping deposita esperanças nomeadamente no inquérito preliminar do Tribunal Penal Internacional sobre a crise pós-eleitoral no país.
Foto: DW/A. Kriesch
Kizza Besigye, o eterno rejeitado
Em fevereiro de 2016, o opositor histórico enfrenta Yoweri Museveni pela quarta vez no Uganda. Quando Museveni é declarado vencedor e se prepara para prestar juramento para um quinto mandato, Kizza Besigye toma posse como presidente numa cerimónia alternativa. Afirma "ter provas" da sua vitória. Detido e condenado por alta traição, é libertado algumas semanas depois.
Foto: DW/E.Lubega
André Mba Obame, o outro adversário de Ali Bongo
Inspirado pelos acontecimentos na Costa do Marfim, o antigo ministro "AMO" autoproclama-se presidente do Gabão, em janeiro de 2011, 17 meses depois de perder as presidenciais frente a Ali Bongo. Acusado de alta traição, refugia-se numa agência da ONU. Os problemas de saúde põem fim às suas ambições presidenciais. A sua morte, em abrir de 2015, aos 57 anos, leva a confrontos em Libreville.
Foto: cc-by-sa Ernest A. TEWELYO
Étienne Tshisekedi, duas vezes "presidente"
Em 2006 e 2011, o líder do principal partido da oposição congolesa (UDPS) declara-se vencedor frente a Joseph Kabila e "presidente eleito". Toma posse na sua residência em Limete, arredores de Kinshasa. O seu estado de saúde deteriora-se em 2014 e em 2017 morre com o eterno opositor o desejo de ocupar a cadeira presidencial.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Roge
Laurent Gbagbo, opositor histórico
No ano 2000, o líder do FPI declara-se vencedor frente a Robert Gueï e pede aos costa-marfinenses que saiam à rua para fazer cair o general. Os manifestantes atacam os agentes de segurança do chefe da junta militar. Os protestos continuam até que a polícia e, mais tarde, o exército, começam a passar para o lado de Laurent Gbagbo.
Foto: AP
John Fru Ndi às portas do palácio presidencial
John Fru Ndi autoproclama-se presidente a 21 de outubro de 1992. Dois dias depois, o Supremo Tribunal declara Paul Biya vencedor do escrutínio presidencial. O fundador do SDF contesta estes resultados nas ruas. É declarado o estado de emergência no nordeste do país e John Fru Ndi fica em prisão domiciliária.