Políticos africanos procuram investidores no Fórum Económico Mundial
25 de janeiro de 2013Os chefes de Estado e Governo da Guiné-Conakry, Etiópia, Nigéria, Ruanda, Tanzânia, Quénia e Ilhas Maurícias convidaram empresários e investidores para um banquete à porta fechada num hotel em Davos. Tratava-se de uma “Interactive Dinner Session”, ou sessão jantarista interactiva, na gíria própria do Fórum.
Também o Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, está em Davos, mas já tinha outros planos para essa noite. Zuma concentrou-se em minimizar os graves distúrbios na indústria mineira que recentemente custaram a vida a quase 50 pessoas no seu país.
O Presidente sabe que greves violentas e reivindicações salariais podem deter os investidores mas afirma que "o pior já passou". Zuma lembra que "os sindicatos, os empresários e o Governo juntaram forças para resolver os problemas" e garante que vão "encontrar soluções". "Nunca mais poderemos dar a impressão de que não controlamos a situação”, conclui.
Nigéria: investimento na agricultura e exportações alimentares
A seguir à África do Sul, a Nigéria é a maior força económica a sul do Sahara. Durante muito tempo, o país viveu à custa das suas exportações de petróleo, negligenciando a agricultura. Mas agora a Nigéria preparou um gigantesco programa de investimentos destinado a modernizar todo o sector agrário. Dentro em breve, a dependência de importações alimentares deverá ser substituída pela auto-suficiência.
A Nigéria planeia mesmo exportar alimentos. O ministro da Agricultura, Akinwunmi Adesina, não esconde o motivo da sua deslocação a Davos, afirmando que está "a tentar convencer os investidores". "O nosso Presidente, Goodluck Jonathan, foi o anfitrião de um evento fantástico presenciado por muitos chefes de grandes consórcios internacionais", refere o ministro. "Eu próprio já falei com a Syngenta, a DuPont e outras grandes empresas do sector agrário", conta, garantindo que "elas querem ir para a Nigéria porque reconheceram a boa oportunidade". De acordo com Adesina, "não há melhor lugar para a agricultura em África do que na Nigéria”.
Aposta nas telecomunicações anima potenciais investidores
Os investidores também mostram grande entusiasmo perante as oportunidades noutras áreas industriais no continente africano.
Um exemplo é a expansão dos serviços de telemóvel e Internet. Sunil Mittal, fundador e chefe do consórcio indiano de telecomunicação, Bharti, tem negócios em em 17 países africanos e considera que "há oportunidades de crescimento em todos os países em vais de desenvolvimento, mas o continente africano é o último bastião para um crescimento de grandes dimensões".
Mittal lembra que "metade dos seus mil milhões de habitantes ainda não tem acesso à Internet. E a metade que já o tem, quer melhorar o acesso à rede móvel". "Trata-se de um perspectiva excitante para investidores como nós”, explica.
Más infraestruturas podem dificultar desenvolvimento
A péssima infraestrutura em muitos países africanos, por outro lado, representa um grande problema para o desenvolvimento económico. Muitas vezes, o acesso a água e electricidade é medíocre, e a falta de estradas em condições é um entrave para o comércio. O Presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, afirma que "África tem um enorme atraso no que toca a infraestrutura. Esta é uma razão para o fraco comércio entre os Estados africanos. É mais fácil transportar mercadoria de África para a Europa do que de um país africano para o outro”.
Face a estas condições difíceis, não deixa de surpreender o crescimento nalguns países a sul do Saará ultrapasse os cinco por cento anuais. “Imagine o que poderia acontecer com mais investimentos nas infraestruturas. Quantas pessoas poderiam escapar à pobreza em África, quando a economia começasse a crescer a sério", diz o investidor Sunil Mittal, para quem "o reforço das infraestruturas é o elemento mais importante”.
Estudos mostram a necessidade de investir cerca de 100 mil milhões de dólares todos os anos nas infraestruturas, para melhorar a situação. Os representantes africanos em Davos esperam encontrar nesta pequena cidade Suíça investidores interessados nesta área. E argumentam que aqueles que hoje não investem em África, vão arrepender-se amanhã.
Autores: Cristina Krippahl/ Andreas Becker
Edição: Maria João Pinto/ António Rocha