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Reforço do diálogo é a solução para o fim da crise política

Leonel Matias (Maputo)12 de junho de 2015

Partidos defenderam esta sexta-feira (12.06) o reforço do diálogo para ultrapassar a crise política. Eles reagiam as decisões da RENAMO de governar à força seis provincias e a criação de milícia e exército próprios.

Conselho nacional da RENAMO na cidade da Beira, MoçambiqueFoto: DW/Arcénio Sebastião

A RENAMO, o maior partido da oposição, ameaça recorrer a força para governar em seis províncias do país, na sequência da reprovação pelo Parlamento do seu projeto de criação de autarquias provinciais.

O anúncio foi feito esta quinta-feira (11.06) por José Manteigas, porta-voz do Conselho Nacional do Partido, que esteve reunido até esta sexta-feira (12.06) na cidade da Beira.

Reagindo a ameaça, Sande Carmona, Porta Voz do MDM, (Movimento Democrático de Moçambique) a terceira força política do país, afirmou que "o Governo parece mostrar inconsequência daquilo que pode acontecer em relação à sua atitude de arrogância. Gostaríamos que o Governo, a RENAMO e as forças vivas de Moçambique discutissem as diferenças e encontrassem a plataforma para que o povo continue a viver sem ameaças e em paz."

Rumo indesejado

Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, durante um discurso na cidade de QuelimaneFoto: DW/M. Mueia

Por seu turno, João Massango, líder do Partido Ecologista, disse que recebeu a notícia com surpresa. Acrescentou que o país está a caminhar para um rumo que os moçambicanos não desejavam: "Deparamos com um discurso com grande pessimismo resultante da intolerância política que o nosso país vem vivendo nos últimos tempos. É importante, o mais rápido possível, que o Estado moçambicano comece a ter um protagonismo daquilo que vai ser bom para efetivação da paz em Moçambique."

As decisões do Conselho Nacional da RENAMO incluem a criação de forças armadas e policiais do partido, alegadamente para se defenderem dos ataques do partido no poder, a FRELIMO.

A RENAMO acusou na altura a FRELIMO de pretender “eliminar fisicamente” o partido e o seu líder, Afonso Dlakhama, mas não adiantou pormenores.

Estado deve agir logo

A DW África registou a reação do porta-voz do MDM, Sande Carmona: "Tudo passa necessariamente pelo entendimento. Se existe esse pensamento do lado da RENAMO, tem que existir o outro lado do Governo que possa convidar a RENAMO e as forças vivas de Moçambique a discutirem:"

Para o líder do partido Ecologista, João Massango, o Estado deve agir rapidamente porque o país não pode ter dois exércitos: "A partir de um dado momento em que uma determinada força política assume publicamente a criação do seu exército, estamos perante uma descredibilização de um Estado, de um exército. Estamos a ferir a Constituição, nós não queremos a guerra em Moçambique, (não queremos) que haja confrontação, porque na verdade o país está em paz."

A DW África tentou colher a opinião do partido no poder, a FRELIMO, mas uma fonte daquela formação política prometeu uma reação oportunamente.

Ainda esta sexta-feira (12.06), o Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, reiterou a sua disponibilidade para se encontrar com as diferentes forças políticas no país.

José Manteigas, porta-voz do conselho nacional da RENAMO na BeiraFoto: DW/Arcénio Sebastião


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