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População em protesto contra mineradora chinesa na Zambézia

6 de setembro de 2023

Moradores de Inhassunge, na província moçambicana da Zambézia, protestam contra promessas por cumprir da Africa Great Mining Company e ameaçam paralisar exploração de areias pesadas.

Populares reclamam machambas devastadas pela mineradora nas ilhas de Olinda e MualaneFoto: Marcelino Mueia/DW

Na Zambézia, endurece o braço de ferro entre a população de Inhassunge e a mineradora chinesa Africa Great Mining Company.

Os populares dizem que estão fartos das promessas da empresa que ficaram por cumprir, como fontes de água potável, estradas e bolsas de estudo – que não saíram do papel.

Ainda na semana passada, dezenas de moradores das ilhas de Olinda e Mualane, abrangidas pela extração das areias pesadas, foram a Quelimane pedir ajuda aos deputados da Comissão de Petições, Queixas e Reclamações da Assembleia da República de Moçambique, na cidade, para encontrar uma solução.

Segundo um dos moradores, os pedidos da população não estão a ser ouvidos: "A construção de uma escola, poços, reabilitação de uma estrada, um barco-ambulância, isso não está a ser cumprido. Na ilha de Mualane, estão a dar cada machamba entre 3.000 e 3.500 meticais".

Moradores reuniram com deputadosFoto: Marcelino Mueia/DW

É o equivalente a pouco mais de 50 euros. Segundo os moradores, foi o montante alegadamente dado pela empresa para compensar o uso das terras. É um valor extremamente injusto, lamentam.

Um conflito antigo

As disputas entre a população de Inhassunge e a mineradora chinesa não são de hoje. Arrastam-se há quase dez anos. Já houve inclusive mortes e feridos graves no início dos protestos, em 2014.

Além das promessas por cumprir, os populares criticam ainda a alegada falta de transparência em todo o processo.

Outro morador aponta o dedo às autoridades locais: "O chefe da localidade fala uma coisa, faz um relatório bonito, mas não aparece, e os chefes guiam-se pelos relatórios. O que está a falhar aqui? Ficamos sem saber se ele recebe 'gorjetas' ou não recebe 'gorjetas', porque o que se combina não é aquilo que se faz", afirma.

"Se há esta história de bolsas [de estudo], nós, como naturais daqui, temos de nos beneficiar", acrescenta.

"Vamos corrigir", diz mineradora

O porta-voz da mineradora Africa Great Mining Company diz que tudo não passa de um mal-entendido. A empresa, segundo o porta-voz Carlos Mico, está a criar todas as condições necessárias e, muito em breve, vai abrir fontes de água potável e construir as estradas prometidas.

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"A estrada é transitável, mas tem alguns aspetos que vamos corrigir. O trabalho será feito com o empreiteiro responsável pela construção daquela estrada", afirma o porta-voz- "As fontes de água já estão a ser abertas, já temos aqui o material [para a abertura de furos de água] na doca seca", garante.

Quanto às bolsas, acrescenta o porta-voz da mineradora chinesa, a gestão está a cargo do governo do distrito de Inhassunge.

Apelo às autoridades

Para o historiador Bruno Mendiate, face a tantos anos de conflito, é preciso uma nova abordagem para alcançar consensos entre a companhia chinesa e os moradores em Inhassunge.

"Era momento oportuno de fazermos pressão para a empresa cumprir com as suas obrigações, condicionando a retoma das atividades com a construção das infraestruturas", sugere.

E essa pressão, acrescenta, só pode ser feita pelas autoridades moçambicanas: "Como [é que a empresa] está a explorar o que tinha de explorar sem cumprir com nenhum dos termos acordados e pode sair dali ilesa?", questiona Mendiate.

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