Dezenas de apoiantes e membros da RENAMO manifestaram-se este sábado (10.02) em Quelimane para pedir o fim das desigualdades sociais em Moçambique, queixando-se do aumento do custo de vida e da falta de emprego jovem.
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A marcha começou na zona da Sagrada quando eram 10 horas locais com palavras de ordem como "abaixo à corrupção" e "abaixo à desigualdade social".
Com o lema "Juventude pela Cidadania e Boa Governação", os manifestantes exibiram à sua caminhada dísticos com vários dizeres, pedindo às autoridades moçambicanas para resolverem definitivamente a situação das dívidas ocultas, da paz interminente e da pobreza da população.
"Nós, moçambicanos, já não temos condições de comprarmos aquilo que precisamos", começou por criticar Lemos Mizé, um dos manifestantes.
"O arroz subiu, a farinha subiu, o óleo subiu… Estamos aqui para protestar contra a realidade do nosso país. Mas o nosso país já não nos dá atenção. Somos jovens com esperança e capacidade, mas o Governo já não olha por nós", lamenta.
"Explosão" demográfica preocupa manifestantes
O responsável da marcha, Jonathan Suleimane, diz que o objetivo da manifestação é chamar os governantes à responsabilidade. Para este ativista social, os políticos têm de assumir o seu papel e criar boas condições de vida para as populações e não apenas usar o voto do povo para enriquecimento próprio.
"Há moçambicanos que não têm onde dormir e nem o que comer. Dizem que o país se está a desenvolver, mas há uma explosão demográfica que está acima das capacidades de desenvolvimento de Moçambique", alerta Jonathan Suleimane que vê a situação económica das famílias como "péssima” em relação aos últimos 10 anos.
O analista social admite que o país caminha para uma fase de reestruturação, após o acordo da RENAMO com o Governo em relação à descentralização do país, mas tem dúvidas quanto ao futuro.
"Acho que este não seria um bom momento para o país estar a viver uma situação de mudança política. Não sabemos o que vai acontecer… Temos de esperar, já que a Assembleia da República terá que apreciar e decidir o que o líder da RENAMO e o Presidente Nyusi acordaram", afirma.
"O analfabeto também analisa e o cego também critica. Nós não vamos falar de inclusão enquanto os nossos líderes carregarem um grande preconceito… Na oposição nunca vai existir inclusão em Moçambique", acrescenta.
A marcha deste sábado teve início na Sagrada e terminou na Praça da Juventude da cidade de Quelimane.
Seca em África
Não chove, as colheitas são más, pouco há para comer, há quem consuma ervas para saciar a fome: É a pior seca das últimas décadas. 14 milhões de pessoas estão em perigo. Angola e Moçambique são dois dos países afetados.
Foto: Reuters/T. Negeri
À espera de água
Os jerricans estão vazios, não há água à vista. A Etiópia atravessa a pior seca das últimas três décadas, sem chover durante meses a fio. Segundo as Nações Unidas, mais de dez milhões de pessoas precisam urgentemente de assistência alimentar. Em breve, o número pode duplicar.
Foto: Reuters/T. Negeri
Sem fonte de sustento
Uma grande parte dos etíopes vive da agricultura e da criação de gado. Os animais são, muitas vezes, a fonte de sustento da família. "Vi as últimas gotas de chuva durante o Ramadão", conta um agricultor da região de Afar, no nordeste da Etiópia. O mês de jejum dos muçulmanos terminou em julho. "Desde essa altura, nunca mais choveu. Não há água, não há pasto. O nosso gado morreu".
Foto: Reuters/T. Negeri
Perigo para as crianças
Em 1984, mais de um milhão de pessoas morreu de fome na Etiópia. Pouco mais de três décadas depois, os etíopes voltam a correr perigo, sobretudo as crianças. Segundo o Governo etíope, mais de 400.000 rapazes e raparigas estão gravemente subnutridos e precisam de tratamento médico.
Foto: Reuters/T. Negeri
O El Niño
A colheita também foi magra no Zimbabué. Neste campo perto da capital, Harare, em vez de maçarocas de milho viçosas crescem apenas estes grãos secos. A seca foi agravada pelo El Niño. Noutros locais, o fenómeno meteorológico provocou chuvas fortes e inundações.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
No limite
Esta vaca está no limite das suas forças, mal consegue manter-se em pé. Os agricultores de Masvingo, no centro do Zimbabué, tentam movê-la. Em 2015, choveu metade do que havia chovido no ano anterior. Os campos ficaram completamente secos.
Foto: Reuters/P. Bulawayo
Seca em Moçambique
"Lá no nosso bairro já perdi trinta e cinco cabeças", conta um criador de gado do distrito de Moamba, a 80 quilómetros da capital moçambicana, Maputo. Milhares de famílias estão em situação de insegurança alimentar. A seca afeta principalmente o sul do país. O norte e centro têm sido fustigados por chuvas intensas.
Foto: DW/R. da Silva
Ervas para combater a fome
A província do Cunene, no sul de Angola, também tem sido afetada pela seca. À falta de outros alimentos, há populares que comem ervas para saciar a fome: "Muitos morreram, não há comida. Mas, depois, estas ervas causam diarreia", contou um morador do município do Curoca.
Foto: DW/A.Vieira
Rio seco
Seria impossível estar aqui, não fosse a seca. O rio Black Umfolozi, a nordeste da cidade sul-africana de Durban, ficou sem água à superfície. Só cavando os habitantes conseguem obter o líquido vital.
Foto: Reuters/R. Ward
Seca inflaciona os preços
O Malawi também atravessa um período de seca. E isso reflete-se aqui neste mercado perto da capital, Lilongwe. Os preços de produtos básicos como o milho aumentaram bastante, porque a colheita foi má e é necessário importá-los. Muitas vezes, os habitantes mal conseguem pagar os alimentos que precisam para sobreviver.