As contestadas portagens na circular de Maputo entraram em vigor. A concessionária responsável pela estrada diz que, apesar da polémica, há adesão por parte dos condutores. Mas há quem peça alternativas ao Governo.
Na portagem da Costa do Sol, logo pela manhã, o tráfego fluía normalmente e o motorista de semicoletivo, vulgo "chapa", David Matsinhe, passava pelo local pela primeira vez. "Não tenho comentários quanto a isso, mas só podemos cumprir aquilo que o Governo preconizou para nós", disse.
O motorista considera que a medida deve melhorar a infraestruturas das estradas. "Sabemos que temos falta de fundos e o Governo adotou este sistema para poder manter as nossas estradas", ponderou Matsinhe.
Outro condutor, o cidadão turco Yussel, disse que as portagens devem agilizar a mobilidade pela cidade. "Não tem nada, não há problemas. Eles estão a cuidar das estradas e é muito bom e em dez minutos estou a chegar à cidade", afirmou.
Keneth Chikwekwe está também satisfeito com a abertura das portagens: "É positiva ajuda e sempre ajuda para o melhoramento da estrada".
Adesão dos automobilistas
Por seu turno, o presidente do conselho de administração da REVIMO, Rede Viária de Moçambique, concessionária das portagens, Angelo Lichucha, disse que o mais importante é adesão dos automobilistas.
"Este é um assunto deveras complicado. O que nós fazemos é olhar para os utentes que usam efetivamente as nossas infraestruturas. Nós somos diferentes, cada um tem os seus princípios, a sua concepção. A avaliação que foi efetuada, sobretudo na hora de ponta, é que tivemos uma adesão satisfatória", avaliou Lichucha.
Maputo-Katembe já está em funcionamento
01:07
As rodovias em Moçambique apresentam sérios problemas de manutenção, mas, segundo Lichucha há garantias de que a circular de Maputo estará sempre em pleno.
"Ao abrigo do contrato foram preconizadas condições mínimas que devem ser garantidas pela concessionária, a REVIMO. Nós estamos aqui para preconizar e como sabe mesmo antes do início da cobrança das portagens e a REVIMO está aqui desde janeiro de 2020 a fazer trabalhos de manutenção desta infraestrutura".
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Sociedade civil espera alternativa
A economista do CIP, Centro de Integridade Pública de Moçambique, Estrela Charles, apela ao Governo abrir vias alternativas.
"Um funcionário que sai da cidade e vai a Marracuene praticamente deve pagar a portagem, não tem vias alternativas. Significa que o Governo deveria antes de iniciar a cobrança de portagens criar alternativas seguras", apelou.
O CDD, Centro para o Desenvolvimento e Democracia, submeteu uma contestação à cobrança destas portagens, mas o Tribunal Administrativo revogou a providência cautelar interposta pela ONG.
Os valores das portagens são de 40 meticais (55 cêntimos de euro) para ligeiros e 580 meticais (oito euros) para pesados, com descontos que vão até 75% para transportes coletivos e 60% para utilizadores frequentes, segundo a REVIMO.
Ao longo de cerca de 70 quilómetros de via que serve as cidades de Maputo, Matola e o distrito de Marracuene foram instaladas quatro praças de portagem.
A maior ponte suspensa de África liga Maputo a Katembe
Ponte que liga Maputo a Katembe foi inaugurada no sábado, 10 de novembro de 2018. Tem cerca de três quilómetros de extensão. Muitas famílias foram realojadas para dar espaço a este projeto no sul de Moçambique.
Foto: DW/R. da Silva
Do lado de Maputo
Esta parte da ponte passa por cima da zona onde se localizam muitas fábricas na baixa da capital, mais descaído para a parte ocidental. Ao fundo, vê-se o porto de Maputo. A ponte que liga Maputo a Katembe foi inaugurada no sábado, 10 de novembro de 2018. Tem cerca de três quilómetros de extensão e será a maior ponte suspensa de África.
Foto: DW/R. da Silva
Até 1.200 meticais para circular na ponte
Esta é a entrada da ponte do lado da Katembe. Com a conclusão das obras, as viaturas deixarão de pagar entre quatro e doze euros pela travessia da baía de Maputo. Já a portagem da ponte custa entre 40 meticais (57 cêntimos) e 1.200 meticais (17,30 euros), anunciou a Maputo-Sul, empresa que gere a infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Portagem na Katembe
Esta é a inevitável portagem do lado da Katembe. Quem sai de Maputo, encontra esta barreira para pagar pela circulação na ponte e na estrada. Os automobilistas já se queixam dos preços das portagens. A Maputo-Sul, citada pelo jornal O País, desvaloriza as queixas. Fala em falta de informação e desconhecimento do real valor da obra.
Foto: DW/R. da Silva
Obras demoradas
Deste lado da Katembe, veem-se camiões que transportam materiais para o acabamento das obras. A construção da ponte teve início em 2014 e a conclusão do empreendimento sofreu vários adiamentos desde dezembro. Segundo o Governo, os atrasos resultaram de dificuldades na retirada de famílias que viviam nas proximidades da infraestrutura.
Foto: DW/R. da Silva
O pomo da discórdia
A zona que interceta com a Avenida 24 de Julho foi um dos pontos em que as obras sofreram atrasos. Foi aqui, onde passa uma rampa que dá acesso à ponte, que ocorreu uma das principais discórdias, entre os vendedores do mercado Nwakakana, a empresa Maputo-Sul e o município de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Famílias indemnizadas facilitam construção atempada
As famílias que viviam neste local, maioritariamente refugiadas da guerra civil em Moçambique, foram transferidas para dar lugar à construção desta secção da ponte. Aqui, as obras não atrasaram porque as famílias rapidamente foram indemnizadas e realocadas para a região de Pessene, na Moamba, ocidente da província de Maputo.
Foto: DW/R. da Silva
Transporte precário
Esta embarcação transporta as viaturas que atravessam a baía de Maputo. Tem sido tortuoso para os automobilistas que vivem ou fazem negócios do lado da Katembe, pois quando esta embarcação avaria, a alternativa é um percurso de quase 100 km.
Foto: DW/R. da Silva
Cais de Maputo
O cais de acesso às embarcações que fazem a travessia da baía é um local que não oferece muita segurança, pois não existem barreias de segurança ou limites para as movimentações. O mesmo para viaturas, devido à precariedade da sua estrutura.
Foto: DW/R. da Silva
Cais da Katembe
Do outro lado, na Katembe, os problemas são os mesmos. A estrutura é precária, por isso, o Governo interditou a travessia na embarcação de camiões de grande tonelagem.
Foto: DW/R. da Silva
Vista da Katembe para Maputo
Esta é a parte da Katembe onde a ponte atravessa. Também nesta zona (no lado esquerdo da imagem), algumas famílias tiveram de ser retiradas para dar lugar à construção da gigantesca ponte. O desenho e a construção foram responsabilidade da China Road and Bridge Corporation (CRBC), uma das maiores empresas de construção da China. O controlo de qualidade foi feito pela empresa alemã Gauff.
Foto: DW/R. da Silva
A maior de África
Esta é a parte da ponte que nos leva à cidade de Maputo, concretamente na EN-1 e na avenida 24 de Julho. Na imagem, veem-se as obras para fazer alguns acertos neste troço. Daqui pode contemplar-se a extensão da ponte.
Foto: DW/R. da Silva
Ponte que desagua do lado da Katembe
Uma obra de grande engenharia que custou aos cofres do estado cerca de 600 milhões de euros. Veem-se na imagem as curvas as subidas e as descidas que dão outra beleza a esta mega estrutura.