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PolíticaPortugal

Portugal: AD vence legislativas com 32,7% dos votos

19 de maio de 2025

A Aliança Democrática saiu vencedora nas eleições legislativas antecipadas com 32,7% dos votos. Luís Montenegro mantém-se como Primeiro-ministro. PS e Chega empatam em deputados.

Luís Montenegro celebra vitória
Luís Montenegro celebra vitória da AD após confirmação dos resultados eleitoraisFoto: Filipe Amorim/AFP

No dia em que se assinalaram os 50 anos de voto livre em Portugal, a Aliança Democrática (que congrega o Partido Social Democrata e o CDS – Centro Democrático e Social) venceu as eleições legislativas antecipadas, com 32,7 por cento de votos. Com estas eleições, a coligação sai mais reforçada, continuando Luís Montenegro como primeiro-ministro de Portugal.

O grande derrotado da noite é o Partido Socialista que arrecadou o mesmo número de deputados (58) que o Chega. Ainda assim, o partido de André Ventura, que insistiu num discurso anti-imigração, tem menos votos e mantém-se na terceira posição. Faltam ainda apurar os votos da diáspora. Mas para já a abstenção ficou nos 37,7 por cento. Reportagem com João Carlos, a partir de Lisboa.

Um dia depois do Sporting ter-se consagrado bicampeão nacional no futebol, Portugal assistiu esta noite (18.05) à festa de vitória da Aliança Democrática (AD) – Coligação PSD-CDS.

Foi noite de vitória para Luís Montenegro celebrado nas ruas. A Aliança Democrática (AD) alcançou 32,7 por cento dos votos nas eleições legislativas antecipadas deste domingo. Analistas políticos não anteviam uma maioria absoluta ou uma maioria maior, como a dado momento pediu Luís Montenegro, da coligação social-democrata e CDS, do centro direita, dirigido por Nuno Melo. O líder da Aliança Democrática, Luís Montenegro, que votou na Escola Primária nº 2, em Espinho, falou aos portugueses, logo após a confirmação dos resultados oficiais.

Militantes da AD durante festejos na sede do partido em LisboaFoto: João Carlos/DW

"Ao Governo e ao Primeiro-ministro caberá executar o programa que foi apresentado, cumprir os compromissos que foram assumidos e estar à altura da confiança reforçada que recebeu dos eleitores. Às oposições caberá igualmente respeitar e cumprir a vontade popular,” afirmou.

De manhã, depois de ter votado em Espinho, Montenegro pronunciou-se contra a abstenção. "É muito importante que as portuguesas e os portugueses sintam a responsabilidade de escolher o seu futuro,” disse aos jornalistas. Exortou ainda os cidadãos a aproveitarem "o direito que têm de ser parte ativa, determinante e soberana” na escolha, porque "todos têm uma preocupação que destas eleições surjam soluções positivas e maior capacidade do país crescer e prosperar, para poder haver mais justiça social e mais igualdade de oportunidades, em estabilidade,” declarou.

Reconfiguração política

A viragem à esquerda não se concretizou. O Partido Socialista (PS) alcança 23,4 por cento. O principal derrotado desta noite é o líder do partido Pedro Nuno Santos, que, prestes a demitir-se, aceitou a decisão da maioria dos portugueses.

"O povo português falou com clareza e nós, como sempre, ao longo da nossa história, respeitamos a decisão do povo português. Já liguei a Luís Montenegro e já o felicitei pela vitória. Que saiba honrar a confiança que os portugueses lhe deram nestas eleições. A mim não cabe ser o suporte deste Governo e penso que esse papel também não deve caber ao PS,” declarou.

Pedro Nuno Santos, líder do PS, assume derrota e felicita Luís Montenegro pela vitóriaFoto: Patricia De Melo Moreira/AFP

À DW, Nuno Melo, presidente do CDS e parceiro da AD, diz-se mais confortável com esta vitória da coligação e afirma que o programa defendido por Luís Montenegro visa dar estabilidade para governar uma legislatura inteira:

"…ou seja, para quatro anos. Nós tivemos o equivalente a uma sessão legislativa. Conseguimos resolver muitos problemas em 11 meses, mas se os portugueses multiplicarem o que fizemos por quatro anos percebem da vantagem dessa estabilidade. Acho sinceramente que nós governamos bem. O governo caiu num momento errado quando era elogiado no mundo inteiro porque quem valorizasse mais os interesses estáticos partidários do que o interesse nacional. Os portugueses normalmente prezam a estabilidade e estão cansados de eleições. Portugal é o segundo país da União Europeia que mais eleições teve em 10 anos,” disse.

Na reta final da campanha eleitoral, na passada sexta-feira, Luís Montenegro frisou que defende a coligação em relação à portugalidade e deixou uma mensagem clara à imigração ilegal:

"Vem para cá quem cumpre as regras. E nós, com dignidade e humanismo, acolhemos de braços abertos. Quem não cumprir as regras, quem estiver legal vai ter que sair de Portugal,” afirmou.

Imigração em foco

O Partido Chega, de André Ventura, que se insurgiu sempre a favor de uma imigração regulada e contra a insegurança, fica em segundo lugar com 22,6 e 58 deputados, o mesmo número alcançado pelo PS, o que põe fim ao bipolarismo em Portugal. Momento histórico também para o partido Juntos Pelo Povo (JPP), da ilha da Madeira, que entra para o Parlamento com a eleição de um deputado.

André Ventura, líder do Chega, celebra o terceiro lugar nas legislativas, com um resultado histórico que quebra o tradicional bipolarismo em PortugalFoto: Nuno Cruz/IMAGO

O anúncio de expulsão de cidadãos estrangeiros ilegais ou com registo criminal manchado assombrou muitos imigrantes. Mas, Pedro Pambo, que veio há poucos meses de Angola em busca de melhores condições de vida, não receia uma eventual decisão de repatriamento por parte do Governo de Luís Montenegro.

"Meu visto já expirou há uma semana. Na verdade, não estou muito preocupado. Quem fica preocupado é aquela pessoa que não tem para onde voltar. Mas eu tenho um sítio para voltar. Não matei ninguém, não roubei ninguém. Se for deportado volto para Angola. Se Portugal não nos quer cá a gente volta para Angola. Portugal não é o único país do mundo,” falou.

Por seu lado, a Associação de Apoio às Comunidades dos Países de Língua Oficial Portuguesa (AACPLOP) não condena nem se opõe à expulsão de imigrantes ilegais convidados a abandonarem o país voluntariamente, porque a decisão abrange única e exclusivamente os indivíduos com comportamentos desviantes, condenados por crimes violentos.

Para o dirigente da associação, Domingos Costa, o mais importante, depois destas eleições legislativas, são políticas de integração coerentes.

"O que pretendemos é que o [novo] Governo crie mais políticas que promovam a inclusão, o acesso à saúde e à educação,” declarou.

Observadores querem crer que estas eleições são marco do fim de sobressaltos políticos e instabilidade em Portugal. Daí os insistentes apelos pedagógicos ao voto útil feitos, ao longo das primeiras horas do dia, por várias figuras do xadrez político português. Apelos que visavam reduzir a abstenção, que desta vez atingiu os 37,7 por cento contra os 40,16 por cento de 2024.

Votaram nestas eleições mais de 10 milhões de portugueses, 314 mil dos quais optaram por voto antecipado. Numa noite trágica para a esquerda, o Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda e o PAN (Pessoas, Animais e Natureza) não conseguiram os resultados desejados.

Como nota final, depois de duas dissoluções do Parlamento, estas são as últimas eleições do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cujo segundo mandato está na reta final.

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