Protocolo que diz respeito à segunda fase do projeto "Saúde para Todos - Rumo à Consolidação” foi assinado esta quarta-feira (10.05). Visita oficial de Evaristo Carvalho a Portugal termina a 16 de maio.
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A primeira visita oficial de Evaristo Carvalho, Presidente de São Tomé e Príncipe, a um país amigo apresenta como resultado palpável a libertação de verbas para pôr em marcha o Programa Estratégico de Cooperação (PEC) em curso até 2020, assinado entre Portugal e São Tomé e Príncipe, em setembro do ano passado. O chefe de Estado são-tomense está desde segunda-feira (08.05) em Portugal, a convite do seu homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Devido à conjuntura da economia portuguesa, só agora foi possível dar um sinal de "boa vontade” por parte de Lisboa para fazer funcionar os compromissos assumidos por ambas as partes. Hora antes do encontro entre os Presidentes dos dois países, na manhã desta quarta-feira (10.05), foi assinado, no Ministério dos Negócios Estrangeiros, o protocolo que dá vida à segunda fase do projeto "Saúde para Todos - Rumo à Consolidação” e que prevê um investimento de Portugal de cerca de quatro milhões de euros para os próximos quatro anos.
SPT/Portugal -OL - MP3-Mono
Urbino Botelho, chefe da diplomacia são-tomense, destaca a importância deste instrumento, que permitirá atenuar as carências em matéria de proteção de cuidados de saúde no arquipélago. "À semelhança do que sucede hoje, torna-se imprescindível que esforços sejam empreendidos para a conclusão dos protocolos em outras áreas o mais rapidamente possível, de modo a que as diversas ações possam ser finalmente implementadas, agora que nos encontramos naquele que deveria ser o segundo ano de execução do PEC 2016-2020”, afirmou Urbino Botelho, acrescentando que o seu país está "totalmente empenhado” em contribuir para o sucesso destas iniciativas. Propôs-se, neste sentido, a "tudo fazer para que as condições sejam criadas de modo a permitir a assinatura em tempo útil dos restantes instrumentos que dão corpo ao PEC”.
Tornar o sistema de saúde "sustentável"
A visita de Evaristo Carvalho a Lisboa veio impulsionar o novo Programa Estratégico de Cooperação, financiado por Portugal em mais de 46 milhões de euros, incluindo mais de 11 milhões em linha de crédito. Augusto Santos Silva, chefe da diplomacia portuguesa, disse que, juntamente com os projetos nas áreas da educação e apoio ao desenvolvimento económico, o "Saúde para Todos” é um dos programas essenciais da cooperação bilateral.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, este programa significa "da parte portuguesa, um investimento de [cerca de] quatro milhões de euros” num período de quatro anos. Augusto Santos Silva explica ainda que se trata de "um programa orientado para criar as condições para que o sistema de saúde de São Tomé e Príncipe se desenvolva e se torne ele próprio sustentável”.
Tecnicamente avançado, o programa – que envolve o Instituto Marquês de Valle Flôr – insiste no desenvolvimento da telemedicina com recurso cada vez mais às aplicações proporcionadas pelas novas tecnologias de comunicação. Também inclui capacitação de pessoal médico, de enfermagem e de saúde em geral.
No seu conjunto, o PEC representa um investimento de cerca de 59 milhões de euros para quatro anos.
Após o encontro de trabalho, no Palácio de Belém, o anfitrião Marcelo Rebelo de Sousa destacou a "excelência” das relações económica, financeira e social entre Portugal e São Tomé e Príncipe, o relacionamento do país africano com a União Europeia e a parceria com a China aberta à cooperação trilateral.
O Presidente português enalteceu, igualmente, o nível da cooperação no domínio militar. "Partilhamos as mesmas preocupações no quadro do Golfo da Guiné e, naturalmente, tivemos a oportunidade de apreciar a problemática da situação no país irmão da Guiné-Bissau, com uma consonância de pontos de vista quanto ao cumprimento do Acordo de Conacri”, afirmou.
Na declaração à imprensa, Evaristo Carvalho demonstrou ser homem de poucas palavras, mas sublinhou a sua disponibilidade para ajudar a reforçar as relações entre os dois países. "[Portugal] pode contar com a minha disponibilidade em fortalecer as relações de amizade, históricas entre São Tomé e Príncipe e Portugal”, afirmou.
Mensagem que transmitiu na receção na Assembleia da República Portuguesa e no jantar desta noite que lhe foi oferecido pelo seu homólogo. Aí sim, o Presidente são-tomense objetivou o pedido de apoio de Portugal para a transformação e desenvolvimento do seu país, nomeadamente na modernização das infraestruturas, entre as quais do porto e do aeroporto.
Visita a Portugal
Evaristo Carvalho, que está em Portugal até ao dia 16 de maio, foi ainda recebido, esta quarta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, visitou a Base Naval de Lisboa, em Alfeite (Almada), e teve mais um encontro oficial com o primeiro-ministro português, António Costa.
Faz ainda parte da agenda do Presidente, a passagem por Fátima, no dia 13 de maio, no âmbito da visita do Papa Francisco que se desloca a Portugal para celebrar o centenário das Aparições na Cova da Iria. No domingo (14.05), Evaristo Carvalho vai ao bairro da Jamaica, na margem sul do Tejo, para se inteirar dos problemas que afligem a comunidade são-tomense.
Património histórico - Roças de São Tomé e Príncipe
As roças de São Tomé e Príncipe foram a base económica das ilhas até à independência em 1975, altura em que se deu a sua nacionalização. Esta galeria apresenta o património histórico das roças do arquipélago.
Foto: DW/R. Graça
Nas montanhas: a Roça Agostinho Neto
A roça organiza-se através da artéria principal que é fortemente marcada pelo imponente hospital, implantado na extremidade mais elevada, bem como pelos terreiros e socalcos que acompanham o declive. Na era colonial era esta roça que possuia o sistema ferroviário do arquipélago, a partir do qual se estabelecia a ligação e o abastecimento entre as suas dependências e o porto na Roça Fernão Dias.
Foto: DW/R. Graça
Uma roça memorial e emblemática
A Roça Agostinho Neto recebeu este nome após a independência nacional em 1975, em memória do primeiro Presidente de Angola. É uma das mais emblemáticas e impressionantes estruturas agrícolas do país. Situa-se no distrito de Lobata, norte da ilha de São Tomé, a 10 quilómetros da capital. Foi fundada em 1865 pelo Dr. Gabriel de Bustamane e foi explorada a partir de 1877, pelo Marquês de Vale Flor.
Foto: DW/R. Graça
Aqui começou a cultura do cacau
Fundada nos finais do século XVIII, a Roça Água-Izé foi a primeira da Ilha de São Tomé que implementou a cultura de cacau. José Ferreira Gomes trouxe a planta do Brasil para a Ilha do Princípe, inicialmente como uma planta ornamental, mas a cultura do cacau prosperou no arquipélago e tornou as ilhas o maior produtor de cacau a nível mundial. Esta roça é composta por nove dependências.
Foto: DW/R. Graça
O hospital da Roça Água-Izé
Implantada numa zona litoral, a Roça Água-Izé é o exemplo mais representativo da necessidade de expansão. Essa urgência levou à construção de um segundo hospital, de novos blocos de senzalas e edíficios de apoio à produção, como armazéns, fábricas de sabão e cocheiras.
Foto: DW/R. Graça
A Roça Uba Budo
Localizada na parte leste da ilha de São Tomé, no distrito de Cantagalo, esta roça foi fundada em 1875. Pertenceu à Companhia Agrícola Ultramarina, administrada na altura pelo general português Humberto Gomes Amorim. A principal cultura na Roça Uba Budo era o cacau.
Foto: DW/R. Graça
Cenário de televisão
Nos anos 90, a Roça Uba Budo foi o cenário escolhido pela RTP Internacional, o canal internacional da televisão pública de Portugal, para rodar uma série televisiva. Retratava a história de amor entre uma escrava e o seu patrão.
Foto: DW/R. Graça
Uma das mais antigas: a Roça Monte Café
A Roça Monte Café localiza-se numa zona bastante acidentada, na região de Mé-Zóchi, no centro da Ilha de São Tomé. É uma das mais antigas roças do país, tendo sido fundada em 1858, por Manuel da Costa Pedreira. A 670 metros de altitude, em terrenos bastante propícios para a cultura de café arábica, assumiu o lugar de destaque como a maior produtora de café, entre as restantes roças são-tomenses.
Foto: DW/R. Graça
Uma pequena cidade: Roça Roca Amparo
O desenvolvimento e a modernização das estruturas das roças, originaram um contínuo crescimento de espaços e equipamentos, e a Roça Roca Amparo é um exemplo disso. Esta evolução permitiu que se criasse uma malha de ruas, jardins e praças, cada qual com a sua função e importância. O processo de crescimento correspondia ao de uma pequena cidade.
Foto: DW/R. Graça
Uma noite na roça
A Roça Bombaim localiza-se em Mé-Zóchi, um dos distritos mais populosos de São Tomé. Bombaim é uma das unidade hoteleiras de referência do arquipélago que promove o turismo rural. Encravada no meio de uma floresta densa, a sua estrutura arquitetónica faz dela um espaço único para quem procura paz. Para se aceder à roça passa-se pela Cascata S. Nicolau, um dos encantos são-tomenses.
Foto: DW/R. Graça
A Roça Vista Alegre
A casa principal da Roça Vista Alegre constitui um dos exemplos arquitetónicos de maior interesse. Desenvolve-se sobre uma planta retangular em dois pisos, parcialmente elevada e um terceiro, formando apreendas apoiadas em pilares contínuos de madeira. Conserva-se ainda em estado razoável, devido às intervenções na casa principal, sendo que os restantes edifícios requerem obras de restauro.
Foto: DW/R. Graça
As senzalas - antigas casas dos escravos
Representa a casa do africano, oriunda do quimbundo angolano e referenciada nas pequenas povoações autóctones, formadas por cubatas (pequenas casas de madeira com cobertura de colmo). Com a exportação de mão de obra africana para o Brasil ao longo do século XVI, a dominação "senzala" foi aplicada ao conjunto habitacional onde residiam os trabalhadores escravos nas estruturas agrárias.
Foto: DW/R. Graça
Na Roça Boa Entrada, a maioria é pobre
Hoje, a Roça Boa Entrada é habitada por pessoas de diversas proveniências. Umas vieram de outras roças do país e outras vieram de outros países de África, principalmente de Cabo Verde. A maioria da população de Boa Entrada é pobre. A roça tem uma forte densidade populacional e uma grande concentração de pessoas num espaço relativamente reduzido e organizado em torno da antiga casa senhorial.
Foto: DW/R. Graça
O abandono das roças
A Roça Porto Real, localizada na Ilha do Princípe, faz parte das 15 grandes unidades agro-industriais criadas depois da independência e sucessivamente abandonadas. Antigamente, a roça tinha uma produção agrícola variada. Há quem diga que produzia o melhor óleo da palma de toda a ilha.