1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaPortugal

Portugal aprova lei de imigração com voto da extrema-direita

30 de setembro de 2025

O Parlamento português aprovou nova versão da Lei de Estrangeiros, com regras mais rígidas para imigrantes e reunificação familiar, com votos da extrema direita. Texto segue agora para decisão do Presidente Marcelo.

Portugal, Lisboa |  Parlamento
Parlamento português aprova nova versão da reforma migratória com votos da extrema direitaFoto: Patricia De Melo Moreira/AFP/Getty Images

O Parlamento de Portugal aprovou nesta terça-feira uma nova versão da reforma da Lei de Estrangeiros, que inclui propostas dos partidos que compõem o governo do primeiro-ministro conservador Luís Montenegro e do grupo de extrema direita Chega, que buscam restringir, entre outras coisas, a reunificação familiar dos imigrantes.

O texto, com os novos ajustes, deve agora voltar para a mesa do presidente do país, Marcelo Rebelo de Sousa, que deve decidir se o transforma em lei ou não, depois de ter optado por enviar a versão original para o Tribunal Constitucional por causa das dúvidas que levantou e que o tribunal acabou rejeitando.

A unicameral Assembleia da República (Parlamento) votou separadamente nesta terça-feira cada uma das propostas dos diferentes partidos, tanto de esquerda quanto de direita, para alterar a lei.

Uma a uma, a maioria de direita na câmara rejeitou quase todas as iniciativas do Partido Socialista (PS), exceto uma que foi aprovada, e de outros grupos, como o ambientalista Livre, e aprovou todas as medidas dos dois membros do governo, o Partido Socialista Democrático (PSD, centro-direita) e o Democrata Cristão CDS-PP, bem como três do Chega.

Após a votação de cada proposta, o plenário votou o texto final com as alterações previamente aprovadas, que recebeu a aprovação da câmara com os votos a favor do PSD, CDS-PP, Chega, Iniciativa Liberal e do regionalista JPP, e a rejeição de toda a esquerda, com o Partido Socialista à frente.

Para aprovar o projeto de lei do governo, Chega havia imposto como condição a inclusão de um artigo que estabelecia uma contribuição de cinco anos para a seguridade social dos migrantes para que tivessem acesso aos subsídios, embora tenha finalmente retirado essa condição para aceitar uma fórmula um pouco mais genérica sobre esse ponto.

Ascensão do partido Chega em Portugal preocupa migrantes

03:53

This browser does not support the video element.

Novos requisitos

A nova versão mantém o período de dois anos de residência válida no país para que os imigrantes possam solicitar a reunificação familiar com seus parentes no exterior, bem como as limitações para a concessão de vistos de trabalho e as novas exigências para que os cidadãos de países de língua portuguesa, como o Brasil, obtenham residência.

O que muda são as exceções para a reunificação familiar, que é um dos pontos solicitados pelo Tribunal Constitucional.

A proposta inicial contemplava a isenção do período de dois anos para migrantes com filhos menores ou parentes altamente qualificados; agora, essa possibilidade foi incorporada para aqueles com familiares com deficiência ou dependentes.

Outra modificação é que, no caso de casais com um filho em comum, também será possível solicitar a reunificação imediata com o cônjuge que está fora de Portugal.

Para os casais sem filhos, há uma via intermediária, que é a redução do prazo para um ano, desde que seja um casamento ou uma união efetiva de acordo com a lei portuguesa, o que excluiria casamentos de menores, casamentos poligâmicos ou forçados.

Apesar dessas exceções, em todos os casos de reagrupamento familiar é necessário que o requerente com uma autorização de residência em Portugal cumpra uma série de medidas de integração.

Nesse ponto, o governo também introduziu mudanças, pois o Tribunal Constitucional havia apontado que essas medidas eram "vagas". O texto agora inclui que esses requisitos são "formação na língua portuguesa, bem como na cultura e nos valores constitucionais portugueses".

Se essas condições não forem atendidas, elas podem levar à não renovação da autorização de residência do imigrante que solicita a reunificação.

Seguindo as sugestões do Tribunal Constitucional, o governo incluiu outras "válvulas de escape" no reagrupamento familiar, como o caso de razões humanitárias ou a prova de laços e vínculos familiares efetivos com Portugal, embora a decisão final dependa dos juízes.

A primeira versão da reforma da Lei de Estrangeiros foi aprovada em julho, com o apoio do Chega, mas quando chegou ao gabinete de Rebelo de Sousa, ele decidiu enviá-la ao Tribunal Constitucional por causa das dúvidas levantadas por alguns pontos. 

CHEGA fez história nas eleições: Portugal é racista?

47:37

This browser does not support the video element.

EFE Agência de notícias