Posse de Chapo: FRELIMO confiante apesar de "desconforto"
15 de janeiro de 2025Sobre uma eventual tomada de posse paralela do candidato presidencial Venâncio Mondlane como "Presidente de Moçambique", também prevista para hoje, Arlindo Chilundo, membro do comité central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), desvaloriza a hipótese. E para isso recorre à lei, alertando para eventuais ilegalidades e as suas possíveis consequências.
Nesta entrevista exclusiva à DW, Arlindo Chilundo começa por falar dos preparativos para a cerimónia que está a deixar os moçambicanos tensos.
DW África: Está tudo a postos para a cerimónia de tomada de posse de Daniel Chapo?
Arlindo Chilundo (AC): Naturalmente quem tem feito este trabalho é o protocolo do Estado. Nós, como partido FRELIMO, naturalmente preparámo-nos no sentido de que o nosso vencedor, naturalmente tem uma equipa que está a trabalhar com ele para o seu discurso de investidura, mas todo o aparato, tanto de segurança, de protocolo e o resto, é um assunto do Estado. Portanto, o Estado moçambicano está preparado para isto. Independentemente de quem ganhasse as eleições, o Estado moçambicano teria de garantir as condições para que a cerimónia ocorresse.
DW África: A cerimónia em ambiente fortemente armado não gera desconforto para a FRELIMO?
AC: Gera naturalmente desconforto para todos nós, como moçambicanos, porque nós não gostaríamos que isto tivesse de acontecer. Nós, como FRELIMO, trabalhamos para ganharmos, para termos esta vitória, que é uma vitória justa. Devo aqui recuar um bocadinho para dizer que preparámo-nos e, ao prepararmo-nos, naturalmente a preparação não foi de um dia para o outro. Logo depois da tomada de posse do novo governo, nós começamos a trabalhar para os pleitos eleitorais seguintes. Basta aqui dizer que a FRELIMO está representada em todo o território nacional. Nós estamos até lá, na aldeia, onde temos membros da FRELIMO e somos acima de 5 milhões de membros da FRELIMO.
DW África: Desvaloriza então as queixas e as denúncias de fraude eleitoral que foram amplamente divulgadas pelos observadores e por outras testemunhas?
AC: Claramente. Pode ter havido algumas irregularidades ali e acolá, mas não desvirtuam a vitória da FRELIMO, porque nós trabalhamos. Nós não estamos a avaliar estas eleições, como muitas vezes têm acontecido nas redes sociais, só com base em alguns pontos de algumas cidades, da cidade de Maputo, claramente, por exemplo, na cidade de Chimoio, o candidato Venâncio Mondlane venceu na cidade, também na cidade da Beira, mas isso não significa que vamos avaliar todo o contexto nacional com base em alguns pontos do país.
Nós temos militantes em todo o lado. Se todos os nossos militantes votassem todos, não tivesse havido abstenção, ganhávamos na mesma. E nós fizemos um trabalho de fidelização dos nossos militantes e, por conseguinte, nós, só com os nossos membros, considerando o número de votantes que foi, nós conseguimos sim ganhar. .
DW África: Esta é uma posição que provavelmente a oposição não partilha, como é o caso do PODEMOS e do seu candidato presidencial, Venâncio Mondlane. Como é que, neste contexto, lidariam com a eventual tomada de posse paralela por parte de Venâncio Mondlane e dos seus apoiantes?
AC: A tomada de posse paralela é nula, juridicamente, é uma questão ilegal. Em nenhuma parte do mundo é aceite que alguém, depois da proclamação dos resultados das eleições, se autoproclame. Portanto, isso é ilegal e, naturalmente, é um assunto que vai ser tratado por órgãos próprios. Nós, como FRELIMO, vamos apoiar o nosso Presidente Daniel Francisco Chapo, em todo o processo de governação, na elaboração do programa quinquenal do Governo e, naturalmente, em todo o processo de implementação do manifesto sufragado no dia 9 de outubro.