Protesto é pelo regresso do antigo edil ao poder. Conselho Constitucional garante tomada de posse por Manuel de Araújo nesta quinta-feira (07.02).
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Subiu de cinco para 11 o número de apoiantes da RENAMO detidos na sequência da manifestação reprimida pela polícia nesta terça-feira (05.02) em Quelimane, na província da Zambézia, em Moçambique. O protesto é por causa de rumores de que Manuel de Araújo, candidato eleito da RENAMO nas eleições autárquicas do ano passado, não tomaria posse nesta quinta-feira (06.02).
Empunhando cartazes de apoio a Manuel de Araújo, os manifestantes pretendiam percorrer as principais artérias da cidade, quando foram interpelados pela polícia, que alegou que a marcha era ilegal.O grupo, que afirma ter notificado as autoridades, tentou continuar com o percurso, mas a polícia usou meios coercivos para travar a marcha. Foram detidos inicialmente quatro homens e uma mulher, e mais tarde outras seis pessoas, segundo informações do porta-voz da polícia na Zambézia, Sidner Lozo.
Posse de Manuel de Araújo em Quelimane será na quinta-feira (07.02.)
"São 11 pessoas que foram detidas por desobediência. Infelizmente, a realização da manifestação não foi informada às autoridades policiais e, por conta disso, a polícia foi chamada a intervir", disse.
Ainda de acordo com Lozo, os manifestantes continuam detidos. "A soltura já não depende da polícia, mas sim dos órgãos competentes da justiça”, declarou.
A DW tentou contato com a RENAMO, mas não obteve resposta.
Tomada de posse garantida
Uma equipa de representantes do Ministério de Administração Estatal esteve reunida na terça-feira (05.02) para debater a situação política na cidade de Quelimane e concluiu que Manuel de Araújo tomará posse como presidente do Conselho Autárquico.Por outro lado, num comunicado, o Conselho Constitucional recusou o pedido do Governo e do Movimento Democrático de Moçambique (MDM) que solicitava ao Tribunal Administrativo a revisão do acórdão que decretou a perda do mandato anterior do edil Manuel de Araújo.
Assim sendo, Manuel de Araújo tomará posse nesta quinta-feira para um novo mandato na liderança da cidade de Quelimane, em função da vitória que obteve nas últimas eleições autárquicas realizadas a 10 de outubro.
Oposição ainda questiona posse
José Lobo, vice-chefe da Bancada do Movimento Democrático de Moçambique, na Assembleia da República, disse que o partido está conformado com a decisão irrevogável do Tribunal Constitucional, mas aguarda o momento para assistir ao grande espectáculo político na cidade de Quelimane."A perda de mandato de Manuel de Araújo tem consequências e está clara na lei. Ele perdeu o mandato e não pode tomar posse e nem pode concorrer em 2019. Está claro e não sei se Manuel de Araújo vai tomar posse amanhã. Eu tenho muitas dúvidas, mas se vai tomar posse amanhã, vou assistir à cerimónia. Se neste país forem cumpridas as leis de acordo com o regulamento, Araújo não poderá ser empossado no novo cargo, mas se as leis não são respeitadas neste país, então Manuel de Araújo pode tomar posse”, afirmou.
Por seu turno, Rijone Bombino, membro da FRELIMO, negou comentar a questão sobre o empossamento de Araújo.
"Como membro da FRELIMO, o assunto sobre Manuel de Araújo somente compete aos membros de partido dele. Eles é que sabem tudo sobre as situações que existiram. Do meu lado, só sei explicar as situações relacionadas com o meu partido”, disse.
Quelimane: Os mecânicos da capital do ciclismo de Moçambique
A bicicleta é o meio de transporte de eleição em Quelimane, capital da província da Zambézia. No centro, multiplicam-se oficinas e mecânicos prontos para prestar os seus serviços quando há uma avaria.
Foto: DW/M. Mueia
Modelos para todos os gostos
Na capital do ciclismo há dezenas de lojas, a maioria de cidadãos chineses, indianos e nigerianos, dedicadas à venda de bicicletas novas e usadas. Em cada um dos estabelecimentos, há no mínimo 500 veículos de todos os feitios e para todas as idades. O preço de uma bicicleta em segunda mão varia entre os 5 mil e os 10 mil meticais, cerca de 140 euros. Os estudantes são os principais compradores.
Foto: DW/M. Mueia
Estratégia de mercado
As oficinas do Mercado Central foram instaladas em locais estratégicos, como o próprio recinto do mercado e a avenida 25 de Junho. É aqui que muitos clientes procuram os serviços de reparação. Os preços variam em função do trabalho: reparar uma roda de bicicleta, por exemplo, pode custar 70 meticais - cerca de um euro. A manutenção completa de uma bicicleta nova ronda os 300 meticais.
Foto: DW/M. Mueia
Carga horária pesada
Muitos mecânicos têm de caminhar entre 10 a 15 quilómetros da zona de residência até ao mercado, onde se encontram as oficinas. O horário de trabalho não é fácil: as oficinas abrem de madrugada, entre as 4h00 e as 4h30, e fecham por volta das 17h30. Enquanto alguns regressam finalmente a casa, após um longo dia de trabalho, outros frequentam as aulas do regime noturno.
Foto: DW/M. Mueia
De bicicletas a motas
Fora do mercado central da cidade de Quelimane também há muitas oficinas. Muitos mecânicos oferecem serviço duplo: reparam não só bicicletas, mas também motorizadas. O arranjo de motas é mais rentável, duma vez que se trata de uma "máquina" mais complexa que uma bicicleta.
Foto: DW/M. Mueia
Clientes satisfeitos
Aiena Azevedo é uma das clientes assíduas destas oficinas. Hoje, traz novos pneus para substituir as rodas da sua motorizada. Nunca teve queixas sobre a qualidade dos serviços prestados pelos mecânicos no mercado central de Quelimane. Não se importa de pagar mais pela confiança: nunca deixaria a sua mota nas mãos de mecânicos fora do mercado.
Foto: DW/M. Mueia
Negócio gera negócio
A poucos metros das oficinas, há todo o tipo de peças para bicicletas e motorizadas à disposição de mecânicos e clientes. Em caso de danos maiores nos veículos, é preciso substituir várias componentes e o preço do arranjo aumenta.
Foto: DW/M. Mueia
Aprender o ofício
Todos os dias, as oficinas de Quelimane recebem novos aprendizes de mecânico de bicicletas. É o caso de Lucas Alilo Luís (à direita) que há seis meses trabalha com o mestre Fernando Mariano (à esquerda), os dois naturais de Inhassunge e residentes em Icidhua. Lucas não concluiu a 10ª classe por falta de condições e decidiu juntar-se aos mecânicos do centro.
Foto: DW/M. Mueia
Mecânicos a mais
O mecânico Lucas Casimiro, de 21 anos, do bairro Icidhua, queixa-se da falta de clientes. Diz que não há movimento devido ao excesso de mecânicos de bicicletas na cidade. A ausência de preços fixos também é um problema, na opinião de Lucas Casimiro: cada trabalhador estipula o seu valor e os clientes vão aos mecânicos de baixo custo.
Foto: DW/M. Mueia
Da agronomia à reparação de bicicletas
Em Quelimane, há quem tenha abandonado a sua profissão para se dedicar a este trabalho. Lerio Carlos, de 22 anos, formou-se em Agronomia. Há um ano, decidiu juntar-se aos mecânicos de bicicletas, por falta de emprego na sua área. Afirma que já está adaptado à nova realidade e que gosta do trabalho. Ganha cerca de 200 meticais (cerca de 3 euros) por dia.
Foto: DW/M. Mueia
Pagamento? Só no final!
É uma regra cumprida por todos nas oficinas: clientes e patrões concordam que o pagamento só se faz depois da conclusão do trabalho. Desta forma, evitam-se eventuais falhas na concertação da bicicleta.
Foto: DW/M. Mueia
Fruta para o almoço
Pelas oficinas, a alimentação não é a ideal. Baixon Casquero é um dos mecânicos de renome em Quelimane. Tal como muitos colegas, não tem tempo para ir a casa à hora do almoço. Ao meio-dia, faz uma pausa no arranjo de bicicletas e come duas mangas cozidas. Para variar, nalguns dias compra bolinhos. Nos dias em que ganha mais dinheiro, compra uma refeição preparada numa das barracas do mercado.
Foto: DW/M. Mueia
Profissionais realizados
Muitos mecânicos são jovens e chefes de família. À DW Àfrica, dizem sentir-se bem a exercer esta atividade. Ganham o suficiente para pagar as contas em casa, alimentar a família e comprar material para que os filhos possam ir à escola.