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"Povo moçambicano não vai permitir nova guerra"

Cristiane Vieira teixeira / Nuno de Noronha 22 de outubro de 2013

Comentadores consideram que não existe o risco de uma nova guerra civil no país e que as eleições marcadas para novembro devem ocorrer. Ataque à RENAMO na base de Gorongosa gerou a tensão entre Governo e oposição.

Na foto: populares num comício da campanha do Movimento Democrático de Moçambique - MDM durante as últimas eleições gerais de 2009Foto: Gerald Henzinger

Para o analista político moçambicano Fernando Veloso, o povo não vai deixar que se instale uma guerra. "Duvido. Quem quiser usar o povo de novo para a guerra não vai encontrá-lo disponível".

O anúncio do fim do armistício de 1992 em Moçambique deve gerar mortes entre civis, apesar de a população não ser o alvo, diz o administrador do grupo de comunicação social independente Mediacoop, Fernando Lima.

Analistas políticos dizem que potencial militar da RENAMO é limitadoFoto: Jinty Jackson/AFP/Getty Images

Apesar de várias vozes no país indicarem que o potencial militar da RENAMO é limitado, isso não significa que os rebeldes armados não possam fazer estragos. "Não acho que a população seja o alvo predileto da RENAMO, mas não excluiria a possibilidade de perda de vidas de civis neste clima de tensão”, afirma.

Mesmo diante desse cenário, o comentador político não acredita que exista o risco de uma nova guerra civil. “As armas são preferidas em relação ao diálogo, mas uma solução política e o retorno às negociações não estão excluídos”.

Os dois lados evitam o uso de vocabulário belicista

O jornalista Fernando Lima prevê o aumento da violência e a morte de civis em MoçambiqueFoto: DW

Segundo Fernando Lima, a decisão de pôr termo ao Acordo Geral de Paz de Roma é uma atitude conveniente para a RENAMO. “É uma declaração tática. Penso que é conveniente para criar um distanciamento entre a liderança do partido e possíveis ações armadas contra alvos civis e militares que possam ser atribuídas à RENAMO, mas não a Afonso Dhlakama”.

O jornalista diz que ambas as partes não têm interesse na guerra e que têm sido cautelosas nas suas declarações. "Não há uma evidência do uso de vocabulário belicista e do abandono de soluções para resolver os conflitos. Mesmo em termos militares não é por acaso que praticamente não tem havido mortes nos dois lados”.

Repercussões no investimento

Na opinião de Fernando Veloso, a tensão entre a RENAMO e a FRELIMO vai prejudicar o país em termos económicos: "Todo este ambiente cria instabilidade e descrédito nos investimentos".

Para o especialista, a comunidade internacional tem um papel a desempenhar que poderá ser fulcral na solução da tensão no país, nomeadamente nas negociações com vista à paridade na comissão eleitoral. Esse foi o tema que deu origem ao impasse entre oposição e Governo.

Eleições autárquicas devem ser realizadas no dia 20 de novembro

"Povo moçambicano não vai permitir nova guerra", diz analista

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Tanto Fernando Lima como Fernando Veloso olham para a situação atual como uma escalada passageira da tensão política entre os dois partidos. E ambos acreditam que as eleições autárquicas, marcadas para o dia 20 de novembro deste ano, vão de facto acontecer.

Na segunda-feira, a decisão da RENAMO de pôr termo ao Acordo Geral de Paz de 1992 foi anunciada na sequência do ataque das forças governamentais à base do maior partido da oposição nas montanhas da Gorongosa, na província de Sofala, em Moçambique.

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