Prémio DW: Contra a censura em tempos de Covid-19
4 de maio de 2020Desde 2015, a Deutsche Welle (DW) entrega anualmente o Prémio Liberdade de Expressão a uma pessoa ou iniciativa que tenha demonstrado um empenho notável na defesa dos direitos humanos e da liberdade de expressão nos meios de comunicação social.
Em 2020, em plena pandemia do coronavírus, a DW decidiu homenagear 17 jornalistas de 14 países. Segundo Peter Limbourg, diretor-geral da DW, o Prémio Liberdade de Expressão deste ano é dedicado a "todos os jornalistas corajosos do mundo inteiro que sofrem repressões devido às suas reportagens sobre a pandemia."
Eis os 17 laureados deste ano:
Uganda: David Musisi Karyankolo
O jornalista da "Bukedde TV", David Musisi Karyankolo, foi fortemente espancado em casa por agentes de segurança no início de abril, que o deixaram em coma durante dez horas. Os homens disseram que estavam a aplicar o dever de recolher obrigatório. O agente da polícia responsável foi posteriormente detido por, alegadamente, ter agredido o jornalista.
Zimbabué: Beatific Gumbwanda
Beatific Gumbwanda, repórter do semanário "TellZim", foi detido a 8 de abril por violação das regras de confinamento. Esteve detido durante várias horas, apesar de ter apresentado o seu cartão de acreditação.
Sérvia: Ana Lalic
A jornalista, que trabalha para a página online de notícias "Nova.rs", foi detida durante 48 horas depois de publicar um artigo sobre equipamentos médicos e equipamentos de proteção em falta na cidade de Novi Sad.
Eslovénia: Blaž Zgaga
Jornalista de investigação "freelancer" e membro do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, Blaž Zgaga tem sido assediada por parte do governo e tem recebido ameaças de morte anónimas.
Bielorrússia: Sergej Sazuk
Profissional do site online de notícias "Yezhednevnik", Sergej Sazuk foi detido a 25 de março e libertado a 4 de abril. Oficialmente acusado de aceitar subornos, Sazuk tinha criticado a forma como o Governo tinha lidado com a pandemia antes da sua detenção. O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, tinha dito antes que "é preciso cuidar dos meios de comunicação social que noticiam a pandemia."
Rússia: Elena Milashina
A 12 de abril, a jornalista russa de investigação da "Novaya Gazeta", Elena Milashina, publicou um artigo relatando a forma como as autoridades chechenas tinham reagido à pandemia. No dia seguinte, Milashina recebeu uma ameaça de morte nas redes sociais pelo próprio presidente checheno, Ramzan Kadyrov.
Venezuela: Darvinson Rojas
O jornalista "freelancer" Darvinson Rojas foi detido de forma violenta, esteve sob interrogatório e foi encarcerado durante 12 dias após ter denunciado a propagação da Covid-19 na Venezuela. Foi acusado de incitamento ao ódio e instigação. Foi libertado sob fiança a 2 de abril.
Irão: Mohammad Mosaed
O repórter "freelancer" Mohammad Mosaed foi detido em fevereiro após ter criticado a falta de preparação do governo relativamente ao surto do coronavírus. Segundo a "Coligação de Imprensa Livre", foi impedido de exercer a profissão de jornalista e as autoridades suspenderam as suas contas nos meios de comunicação social enquanto aguarda a data de julgamento.
Turquia: Nurcan Baysal
A premiada jornalista e defensora dos direitos humanos Nurcan Baysal é alvo de duas investigações e acusações distintas de "incitar o público à inimizade e ao ódio", com base nos seus comentários sobre a resposta das autoridades ao coronavírus.
Turquia: İsmet Çiğit
O editor-chefe do jornal "SES Kocaeli", İsmet Çiğit, foi detido devido a uma notícia publicada na edição online no dia 18 de março sobre duas pessoas em Kocaeli que, alegadamente, morreram de Covid-19. De acordo com a OSCE, já foi lbertado.
Jordânia: Fares Sayegh
Como um dos principais meios de comunicação social da Jordânia, a "Roya TV" contribuiu para fornecer informações atualizadas sobre a Covid-19 e revelou deficiências nas medidas de segurança tomadas nas fases iniciais do surto na Jordânia. Na sequência de uma reportagem, que incluiu entrevistas com cidadãos sobre o confinamento, o diretor-geral da "Roya TV", Fares Sayegh, e um colega foram detidos a 9 de abril e libertados sob fiança, três dias mais tarde.
Índia: Siddharth Varadarajan
Siddharth Varadarajan, um dos fundadores do jornal online sem fins lucrativos "The Wire", recebeu uma notificação das autoridades policiais a 10 de abril na sequência de uma história sobre um político que violava as diretrizes da Covid-19 ao participar numa cerimónia religiosa. O "The Wire" foi acusado de "provocar um motim" e de "levar ao pânico".
Camboja: Sovann Rithy
O jornalista Sovann Rithy, da "TVFB", foi detido a 7 de abril por "incitamento ao caos" depois de citar o primeiro-ministro Hun Sen, que disse que o Governo não podia ajudar os mototaxistas à beira da falência. O Ministério da Informação revogou a licença da "TVFB" e Rithy arrisca-se a uma pena de prisão de até dois anos.
Filipinas: Maria Victoria Beltran
A 19 de abril, a artista Maria Victoria Beltran foi presa devido a uma publicação satírica no Facebook em relação ao número crescente de casos de Covid-19 na cidade de Cebu. O presidente da câmara categorizou a publicação como "notícia falsa e ato criminoso", e ameaçou mandar Beltran para a prisão.
China: Chen Qiushi
O advogado, ativista e jornalista Chen Qiushi, conhecido pela cobertura dos protestos de 2019 em Hong Kong, estava a recolher entrevistas de médicos e cidadãos em Wuhan, cidade epicentro da pandemia, antes de desaparecer a 6 de fevereiro.
China: Li Zehua
O "jornalista cidadão" e antigo apresentador da "CCTV", Li Zehua, desapareceu em Wuhan a 26 de fevereiro enquanto cobria a crise. Reapareceu no "YouTube" a 22 de abril, informando que tinha sido "colocado em quarentena e bem tratado pelos oficiais".
China: Fang Bin
No início de 2020, o jornalista Fang Bin começou a fazer reportagens na cidade natal, Wuhan. Um dos seus vídeos mais famosos mostrava vários sacos com cadáveres à porta de um hospital. Após várias visitas da polícia, desapareceu a 9 de fevereiro.