Em entrevista exclusiva à DW, o Presidente do Botswana, Mokgweetsi Masisi, afirmou que o desenvolvimento africano depende da digitalização do continente e de melhores infraestruturas e oportunidades de educação.
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Em entrevista exclusiva à DW, à margem do Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suiça, que terminou na sexta-feira (25.01), Mokgweetsi Masisi, Presidente do Botswana, disse-se satisfeito com a representação do continente africano neste evento e garantiu que serão as nações africanas que estarão no comando da próxima "revolução industrial".
Deutsche Welle (DW):As nações africanas foram deixadas para trás na última revolução industrial. O que acontecerá nesta próxima revolução industrial que foi abordada aqui no Fórum Económico Mundial? Vão as nações africanas acompanhá-la?
Mokgweetsi Masisi (MM): Não. Elas não a vão acompanhar. [A próxima revolução industrial] pertence-lhes.
DW:Está extremamente confiante nisso...
MM: Repare. África tem a maior fatia dos recursos naturais e minerais. E tem, por outro lado, recursos humanos, muitos jovens. Então, digitalize África, melhore as insfraestruturas, a educação, e terá milhões de mentes criativas a fazer coisas que nunca foram feitas no mundo.
DW:O potencial é enorme, mas onde irá buscar o financiamento para isso?
MM: Se nós vendermos [ao Ocidente] e vocês comprarem a um preço justo aquilo que nós possuímos mais do que vocês, nós beneficiaremos com isso. E começaremos a desenvolver a economia do conhecimento. Por que é que não ficaríamos ricos? Vocês não iriam querer negociar connosco? Porque a resposta para a vossa prosperidade a longo prazo é a África.
DW:Olhando para o Botswana, vemos que as exportações estão em baixa. Como pensa enfrentar os desafios referentes ao financiamento? Como vai garantir que o Ocidente invista no Botswana?
MM: Com isto não quero dizer que esta é uma solução fácil. Falo de um nível estratégico a longo prazo. Nós temos um orçamento pequeno, por isso apostamos nas parcerias, onde já temos histórico, para expandir esse orçamento. Procuraremos fazer coisas semelhantes, mas também convidar o setor privado a investir.
DW:Alguma última declaração sobre as suas esperanças no Fórum Económico Mundial?
MM: A minha esperança é que voltemos a Davos e que nos envolvamos mais. Esperamos trazer uma equipa maior para se envolver de forma mais significativa - mais focada nas nossas prioridades.
Os novos Patrimónios Mundiais africanos
O local arqueológico de Thimlich Ohinga, no Quénia, é o acréscimo mais recente à lista dos Patrimónios Mundiais da UNESCO em África. Conheça esta e outras adições dos últimos anos.
Foto: National Museums of Kenya
Thimlich Ohinga, Quénia
Pedras sob pedras, sem argamassa - mesmo assim, mantiveram-se nos últimos 500 anos. As paredes de pedra de Thimlich Ohinga, no Quénia, são dos mais importantes locais arqueológicos do leste de África. Testemunham o engenho das comunidades pastoris que se fixaram na região do lago Vitória a partir do séc. XVI. É uma das mais recentes adições à lista dos Patrimónios Mundiais da UNESCO.
Foto: National Museums of Kenya
Lago Turkana, Quénia
O lago Turkana já está há muitos anos na lista da UNESCO. Mas, na sua reunião de junho e julho, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura classificou o lago queniano como património em risco. A barragem de Gibe III, na Etiópia, ameaça o fluxo de água e o ecossistema no lago Turkana.
Foto: picture alliance/Bildagentur-online/Rossi
Centro histórico de Mbanza Congo, Angola
Angola festejou em 2017 o seu primeiro Património Mundial da Humanidade: o centro histórico da cidade de Mbanza Congo, no noroeste do país, junto à fronteira com a República Democrática do Congo. Foi tem tempos o centro político e espiritual do antigo Reino do Congo, entre o séc. XIV e XIX. No séc. XV, os portugueses construíram casas de pedra ao estilo europeu.
Foto: INPC/Joost De Raeymaeker
A igreja mais antiga de África?
A cidade também é conhecida pelas ruínas de uma catedral, construída no séc. XVI. Alguns angolanos dizem que esta será a igreja mais antiga de África. Segundo a comissão da UNESCO, "mais do que outros locais na África subsaariana, Mbanza Congo espelha as mudanças profundas causadas pela cristianização e pela chegada dos portugueses [à região]".
Foto: INPC/Joost De Raeymaeker
Asmara, capital da Eritreia
Asmara fica num planalto, a mais de 2.000 metros acima do nível do mar. De 1890 a 1941, a Eritreia foi uma colónia italiana. Asmara serviu como posto-avançado dos italianos e, mais tarde, o Governo fascista de Mussolini ampliou a cidade. Asmara também está na lista dos Patrimónios Mundiais da UNESCO desde 2017.
Foto: DW/Y.Tegenewerk
Património colonial
São sobretudo as partes da cidade que foram construídas sob domínio italiano, a partir de 1893, que são Património Mundial - incluindo edifícios governamentais e de habitação, cinemas, mesquitas e sinagogas, além desta igreja católica eritreia de Nossa Senhora do Rosário. Fazem também parte os bairros locais de Arbate Asmera e Abbashawel.
Foto: DW/Y.Tegenewerk
"Cidade modernista"
Edifícios como este, em estilo Art Déco, também impressionaram a UNESCO em 2017. Asmara é um "exemplo excepcional de um modernismo urbanista precoce no início do séc. XX aplicado ao contexto africano", afirmou a comissão da UNESCO.
Foto: picture alliance/robertharding
Paisagem Cultural de Khomani, África do Sul
A paisagem cultural de Khomani fica no norte da África do Sul, perto da fronteira com o Botswana e a Namíbia. O local entrelaça-se com o Parque Nacional Kalahari Gemsbok. Nas dunas foram encontrados restos mortais humanos da Idade da Pedra. Estão ligados à cultura do povo Khomani San, que era nómada.
Foto: picture alliance/AP Photo/O. Zilwa
Estilo de vida único
O local tem testemunhos da história, da migração, da forma de sustento e da memória coletiva do povo San, que conseguiu sobreviver no clima adverso do deserto. Segundo a UNESCO, a paisagem cultural é "testemunho de um estilo de vida que moldou a região durante milhares de anos" e que a molda ainda hoje.
Foto: FOP Films/Francois Odendaal Productions
Parques marítimos do Sudão
Sanganeb, no Mar Vermelho, é Património Mundial da UNESCO desde 2016. O recife de corais fica a 25 quilómetros da costa sudanesa. A este património pertencem também a baía de Dungonab e a ilha de Mukkawar, a 125 quilómetros da cidade costeira de Bur Sudan. Este ecossistema é constituído por recifes de corais, vegetação marinha e árvores de mangue, e é a casa de aves, tubarões e tartarugas.
Foto: Sudan Delegation to UNESCO/Hans Sjoholm
Ennedi Massif, Chade
A planície de Ennedi Massif, no nordeste do Chade, também foi considerada Património Natural e Mundial da UNESCO em 2016. Com o passar do tempo, o vento e a água esculpiram uma paisagem impressionante, com falésias, desfiladeiros e formações rochosas. É aqui que se encontra a maior galeria em formações rochosas do Sahara: no arenito foram raspados milhares de desenhos - testemunhos do passado.
Foto: Tilman Lenssen-Erz
Delta do Okavango, Botswana
No norte do Botswana, o rio Okavango espraia-se por milhares de quilómetros quadrados - parte da água infiltra-se no subsolo ou evapora. O delta interior abriga muitas espécies em extinção: chitas, rinocerontes, cães selvagens africanos e leões. O delta do Okavango é Património Natural da Humanidade desde 2014.