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PR turco em Luanda: "Queremos um mundo mais justo"

Lusa
18 de outubro de 2021

Recep Erdogan defendeu, ao lado do seu homólogo angolano, que a aproximação da Turquia aos países africanos pretende criar "um mundo mais justo". João Lourenço destacou a importância económica desta parceria para Angola.

Foto: Murat Cetinmuhurdar/Turkish Presidency/handout/AA/picture alliance

O Presidente da Turquia, Recep Erdogan, defendeu esta segunda-feira (18.10), durante a visita a Angola, "uma nova era das relações" entre o seu país e África, garantindo que a aproximação da Turquia aos países africanos pretende criar um mundo mais justo.

"Nós queremos um mundo mais justo", disse o chefe do Executivo turco no salão nobre do Palácio Presidencial onde foi recebido, durante a manhã, pelo seu homólogo João Lourenço e após a assinatura de sete instrumentos jurídicos para reforçar a cooperação com Angola.

No que considerou ser uma "visita histórica", cerca de três meses depois de ter recebido o Presidente angolano no seu país, Erdogan salientou a importância de elevar as relações bilaterais entre os dois países e apontou algumas áreas com potencial de cooperação como a defesa, a energia, a cultura, a agricultura, o comércio e o turismo, acrescentando que outro dos objetivos é a facilitação dos vistos.

"Vamos dar os próximos passos para que as relações comerciais avancem", afirmou, manifestando a vontade de fomentar as trocas comerciais. "Os nossos empresários vão fazer muitos negócios  que vão contribuir para aumentar o emprego", destacou, elogiando as reformas que João Lourenço está a empreender.

Recep Erdogan, PR da Turquia, e João Lourenço, PR de Angola, com as respetivas primeiras-damas, Emine Erdogan e Ana Dias LourençoFoto: Mustafa Oztartan/Turkish Presidency/handout/AA/picture alliance

Paz na região

O chefe de Estado turco elogiou igualmente o contributo de Angola para manter e promover a paz na região e salientou que a Turquia está a inaugurar uma nova era das relações com África, dando como exemplo a importância que atribui à região as 43 embaixada turcas existentes atualmente no continente.

Afirmou que Angola, colonizada por Portugal durante 400 anos, foi alvo de exploração dos seus recursos naturais pelo ocidente, "uma injustiça" que ocorreu também com França, que responsabilizou pela morte de milhares de africanos, "massacrados" em países como o Ruanda e a Argélia.

"Isso não é justo e infelizmente isso continua. Nós queremos um mundo mais justo e para isso precisamos de trabalhar juntos", exortou Erdogan, dizendo que se "houver medo" a maldade em África irá continuar.

"Temos de procurar os nossos direitos para ter um mundo mais justo", reforçou, apelando à cooperação.

Parceria Turquia-Angola

Por seu turno, o Presidente angolano assinalou a "importante dinâmica no movimento de empresas turcas e angolanas", considerando que terá um valor significativo para o crescimento económico e criação de emprego.

Lourenço que, graças a esta dinâmica, há uma "forte probabilidade" de a linha de crédito anunciada em Ancara por ocasião da visita que fez há três meses à Turquia, vir a funcionar nos tempos mais próximos, já que se trata de "um importante instrumento de apoio ao incremento do investimento turco em Angola".

Dirigindo-se a Erdogan, o chefe do executivo angolano disse que quer contar com o apoio da experiência e influência turcas, sendo esta das mais importantes economias da região Eurásia, e abordou os instrumentos jurídicos assinados pelas duas delegações que "terão um peso específico inquestionável" no estreitamento e intensificação das relações bilaterais.

Presidentes mantiveram encontro no Palácio Presidencial, em LuandaFoto: Dogukan Keskinkilic/AA/picture alliance / AA

"Penso que estes acontecimentos sinalizam com muita clareza a vontade política de cada um dos nossos Governos em criar um ambiente de segurança e de previsibilidade para os negócios que forem sendo efetuados entre ambos os países", sublinhou o Presidente angolano, enaltecendo o potencial de cooperação e negócios que os dois países, "que se conheciam pouco", descobriram.

Responsabilidades

João Lourenço falou também sobre as responsabilidades da Turquia e de Angola na promoção de iniciativas que garantam a paz, a segurança e a estabilidade ao nível das regiões em que estão inseridos, e que têm impacto global.

"Preocupa-nos, em face disso, a crescente escalada de tensão que se observa em várias regiões do planeta e, sobretudo, os conflitos armados que se registam em África e no Médio Oriente, os quais requerem um esforço ingente da comunidade internacional, para que, ao abrigo das normas do Direito internacional, das pertinentes resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e em estrita observância do princípio do diálogo, se promovam iniciativas reais, concretas e funcionais, destinadas à sua resolução definitiva", realçou.

Neste âmbito, "Angola tem feito a sua parte por via de iniciativas que empreende no quadro da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) e da Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), no sentido de contribuir para a paz e estabilidade nessas sub-regiões", continuou Joao Lourenço.

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O chefe de Estado angolano manifestou, por isso, empenho "no sentido de sensibilizar as partes em conflito, de modo a construir-se um entendimento sólido entre todos".

Acordos

O Presidente angolano relembrou a visita recente à Turquia, no final de julho, em que foram também assinados acordos de cooperação e assinalou que a inauguração das ligações aéreas entre os dois países, na semana passada, vai aproximar Luanda da Turquia estimulando as relações económicas e o turismo.

O chefe de Estado sublinhou ainda que os laços entre os dois países vão ser confirmados no futuro, destacando que algumas das empresas que integram a delegação turca estão já a trabalhar com ministros angolanos de diferentes setores nos quais estão interessados em investir.

Recep Erdogan avançou ainda sobre os encontros que serão realizados na Turquia nos próximos meses, com foco em África, entre os quais um fórum económico em 21 e 22 de outubro e uma cimeira África-Turquia, entre 16 e 18 de dezembro, para a qual convidou João Lourenço.

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