A greve na província do Namibe foi agendada para hoje e amanhã, mas os taxistas e mototaxistas tencionam continuar a protestar até verem os seus problemas resolvidos.

O coletivo continua sem acesso aos cartões personalizados, prometidos pelo Governo, que lhes darão acesso a descontos no preço da gasolina. Por enquanto têm de pagar 300 kwanzas por litro (cerca de 50 cêntimos de euro), como os outros cidadãos.

"A greve vai durar até que tenhamos todos os cartões. Quanto eles estiverem prontos, aí convocam-nos e distribuem-nos, para continuarmos a pagar o preço antigo [160 kwanzas]", diz o mototaxista Armando Correia.

Processo lento

O Namibe foi palco de protestos contra o aumento do preço da gasolina, na segunda-feira (12.06). Pelo menos oito pessoas ficaram feridas e 86 foram detidas, de acordo com a polícia.

O Governo anunciou, entretanto, ter desburocratizado o processo, para emitir cartões para os taxistas e mototaxistas o mais depressa possível. Prevê-se uma produção diária de 500 cartões. Mas os transportadores queixam-se que o processo está a demorar tempo demais.

O taxista Miguel Sapalo conta que, todos os dias, tem prejuízos. 

"Nós não temos tempo estipulado [para o fim do protesto]. Não temos como. Estamos à espera que falem connosco", afirmou em declarações à DW África.

O limite imposto de 7.000 kwanzas por dia, por cartão (cerca de nove euros), também não agrada a Miguel Sapalo. "Isso significa que eu terei de desembolsar a parte que estará em falta, pagando 300 kwanzas por litro", explicou.

Cartões "estão a chegar"

O governador da província do Namibe, Archer Mangueira, encontrou-se com representantes dos taxistas e mototaxistas, e garante que os cartões começaram a ser entregues. 

"Mesmo recebendo com atraso em relação à data em que se fez o anúncio [do aumento do preço da gasolina], o beneficiário do cartão não será prejudicado com essa diferença", acrescentou o governador.

Segundo Archer Mangueira, ainda esta quarta-feira (14.06) serão entregues 346 cartões para o município de Moçâmedes. As equipas estão "a trabalhar noite e dia para que os beneficiários tenham acesso aos cartões o mais rapidamente possível", afirmou.

Cipriano Mateus, presidente da Associação Provincial dos Taxistas do Namibe, teme que a lentidão do Governo resulte em mais violência.

"Por isso é que estamos a tentar negociar com eles, para que não haja vandalismo. Nenhum táxi azul e branco recebeu um cartão até agora. Quanto aos mototaxistas, alguns receberam cartões, mas estamos à espera que chegue a nossa vez", disse Cipriano Mateus.