Presidenciais na Zâmbia: Líder opositor apela à paz
AFP | tms
15 de agosto de 2021
Hakainde Hichilema, que lidera a contagem de votos das presidenciais, diz que "vitória está à vista", mas pede calma aos seus apoiantes. Partidos apelam ao PR para que reconheça os resultados a serem anunciados em breve.
Os resultados oficiais de 62 dos 156 círculos eleitorais, revelados pela Comissão Eleitoral da Zâmbia na noite de sábado, colocam Hichilema à frente com 1.024.212 votos, contra 562.523 para Lungu.
Os resultados de mais 41 círculos eleitorais divulgados no domingo revelam que Lungu conseguiu cerca de 490.000 votos a mais, mas ainda está atrás de Hichilema, que alcançou mais 800.000, de acordo com uma contagem realizada pela agência de notícias AFP.
Os resultados finais das presidenciais são esperados até esta segunda-feira.
Presidente contesta votação
Diante dos resultados preliminares das eleições, no sábado Edgar Lungu afirmou que a votação não foi livre nem justa devido a incidentes de violência relatados no que é tradicionalmente o bastião de Hichilema.
"Agentes de votação foram atacados e perseguidos, fomos reduzidos a competir em sete (de dez) províncias", disse Lungu numa declaração emitida através do gabinete da Presidência.
Lungu, que está no cargo há seis anos, enfrentou o eleitorado em plena crise devido ao aumento do custo de vida e à repressão contra os dissidentes.
Oposição lança apelo ao Presidente
Hakainde conseguiu o apoio de 10 partidos da oposição na votação de quinta-feira sob a bandeira do maior partido da oposição, o Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND).
A aliança dos principais partidos da oposição da Zâmbia, este domingo, criticou as alegações de fraude eleitoral feitas por Lungu lançou um apelo ao Presidente, para que aceite o resultado das eleições.
"Pedimos-lhe [Lungu] que atue como um estadista, reconhecendo rapidamente [a vitória] do seu irmão Hakainde Hichilema, para que o processo de transferência [de poder] e reconciliação desta nação possa começar", disse Charles Milupi, presidente do UPND à imprensa.
Hichilema pede calma aos seus apoiantes
Esta é a sexta vez que o líder da oposição Hakainde Hichilema, de 59 anos, concorre à Presidência e a terceira vez que desafia o Presidente Edgar Lungu, de 64 anos.
No Twitter, neste domingo, Hakainde apelou à paz: "Com a vitória à vista, gostaria de pedir calma aos nossos membros e apoiantes".
"Votámos a favor da mudança, para uma Zâmbia melhor, livre de violência e discriminação", escreveu Hichilema, acrescentando: "Sejamos a mudança que votámos e abracemos o espírito do Ubuntu (humanidade), para amarmos e vivermos juntos harmoniosamente".
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Restrições à liberdade
Os observadores eleitorais internacionais elogiaram a organização transparente e pacífica da votação, mas condenaram as restrições à liberdade de reunião e de movimento.
As forças de segurança bloquearam a campanha de Hichilema em várias áreas, incluindo a estratégica província de Copperbelt, alegando violações das medidas de prevenção à Covid-19.
Edgar Lungu também destacou os militares após confrontos pré-eleitorais e reforçou a presença do exército em três províncias após duas mortes terem sido relatadas no dia das eleições.
No sábado, o acesso às redes sociais foi restaurado na sequência de uma ordem judicial.
Dez líderes africanos que morreram em exercício
A população costuma acompanhar com atenção o estado de saúde dos altos dirigentes – muitos especulam atualmente, por exemplo, sobre a saúde do Presidentes da Nigéria. Vários chefes de Estado já morreram em exercício.
Foto: picture-alliance/dpa
John Magufuli, Presidente da Tanzânia
Morreu a 17 de março de 2021, doente. O seu estado de saúde, pouco antes da falecer, esteve em volto a muito secretismo. Assumiu a liderança do país em 2015 e boa parte do seu povo enaltece os seus feitos, tais como a melhoria dos sistemas de saúde, educação e transporte. Mas também foi contestado por algumas políticas duras e por perseguir os seus críticos.
Foto: Sadi Said//REUTERS
1) Malam Bacai Sanhá, Presidente da Guiné-Bissau (2012)
Malam Bacai Sanhá morreu em 2012. Ele sofria de diabetes e morreu em Paris, aos 64 anos, menos de três anos depois de chegar ao poder. Sanhá tinha vários problemas de saúde.
Foto: dapd
2) João Bernardo "Nino" Vieira, Presidente da Guiné-Bissau (2009)
João Bernardo "Nino" Vieira foi assassinado em março de 2009. Tinha 69 anos de idade. Esteve no poder durante mais de duas décadas. Tornou-se primeiro-ministro em 1978 e, em 1980, tomou a Presidência. Ficou no cargo até 1999, ano em que foi para o exílio. Regressou a Bissau em 2005 e venceu nesse ano as presidenciais.
Foto: picture-alliance/dpa/L. I. Relvas
3) Mouammar Kadhafi, chefe de Estado da Líbia (2011)
Mouammar Kadhafi foi assassinado em 2011. Kadhafi, auto-intitulado líder da "Grande Revolução" da Líbia, foi morto por forças rebeldes em circunstâncias ainda por esclarecer. Estava no poder há 42 anos, desde um golpe de Estado contra a monarquia líbia em 1969, onde não houve derramamento de sangue. A sua liderança chegou ao fim com a chamada "Primavera Árabe".
Foto: Christophe Simon/AFP/Getty Images
4) Umaru Musa Yar'Adua, Presidente da Nigéria (2010)
Umaru Musa Yar'Adua morreu em 2010 aos 58 anos de idade. Morreu no seu país, vítima de uma inflamação do pericárdio – estava há apenas três anos no poder. Já durante a campanha eleitoral, Yar'Adua teve de se ausentar várias vezes devido a problemas de saúde. Depois de ser eleito, em 2007, a sua saúde deteriorou-se rapidamente.
Foto: P. U. Ekpei/AFP/Getty Images
5) Lansana Conté, Presidente da Guiné-Conacri (2008)
Após 24 anos no poder, Lansana Conté morreu de "doença prolongada" aos 74 anos de idade. O Presidente da Guiné-Conacri sofria de diabetes e de problemas cardíacos. Conté foi o segundo chefe de Estado do país, de abril de 1984 até à sua morte, em dezembro de 2008.
Foto: Getty Images/AFP/Seyllou
6) John Atta Mills, Presidente do Gana (2012)
John Atta Mills morreu de apoplexia em 2012. Tinha 68 anos. Atta Mills esteve apenas três anos no poder. Enquanto chefe de Estado, introduziu uma série de reformas sociais e económicas que lhe granjearam fama a nível local e internacional.
Foto: AP
7) Meles Zenawi, primeiro-ministro da Etiópia (2012)
Meles Zenawi morreu na Bélgica aos 57 anos de idade, vítima de uma infeção não especificada. Zenawi liderou a Etiópia durante 21 anos – como Presidente, de 1991 a 1995, e como primeiro-ministro, de 1995 a 2012. Foi elogiado por introduzir o multipartidarismo, mas criticado por reprimir violentamente os protestos do povo Oromo no norte da Etiópia.
Foto: AP
8) Omar Bongo, Presidente do Gabão (2009)
Omar Bongo morreu em Barcelona, Espanha, em junho de 2009, vítima de cancro nos intestinos. Bongo estava no poder há 42 anos e morreu aos 72 anos de idade. Foi um dos líderes que esteve mais tempo no poder e um dos mais corruptos. Bongo acumulou uma riqueza imensa enquanto a maior parte da população vivia na pobreza, apesar de o país ter grandes receitas de petróleo.
Foto: AP
9) Michael Sata, Presidente da Zâmbia (2014)
Michael Sata morreu no Reino Unido aos 77 anos. A causa da morte não foi divulgada. Após a sua eleição em 2011, circularam rumores sobre o estado de saúde do Presidente. As suas ausências em eventos oficiais alimentaram ainda mais as especulações, apesar dos seus porta-vozes garantirem que estava tudo bem.
Foto: picture-alliance/dpa
10) Bingu wa Mutharika, Presidente do Malawi (2012)
Bingu wa Mutharika morreu em 2012. Teve um ataque cardíaco e faleceu dois dias depois, aos 78 anos de idade. Esteve oito anos no poder e ganhou gama internacional devido às suas políticas agrícolas e de alimentação. A sua reputação ficou manchada por uma onda de protestos por ter gasto 14 milhões de dólares num jato presidencial.