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Oposição contesta resultados das presidenciais no Burundi

26 de maio de 2020

Os resultados provisórios das eleições presidenciais no Burundi, que dão a vitória a Evariste Ndayishimiye, o candidato do partido no poder, CNDD-FDD, não convenceram a oposição, que fala em "fraudes" e "golpes".

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Foto: picture-alliance/AP Photo/B. Mugiraneza

Com 68,7% dos votos, Evariste Ndayishimiye, o candidato do partido no poder no Burundi, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia (CNDD-FDD), foi declarado o vencedor das eleições de 20 de maio. Agathon Rwasa, líder do Congresso Nacional para a Liberdade (CNL) foi o segundo dos sete candidatos mais votado e obteve 24,19% dos votos. Os resultados provisórios foram anunciados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente, na segunda-feira (25.05).

O porta-voz do Congresso Nacional para a Liberdade, Thérence Manirambona, já afirmou que o seu partido deverá apresentar entre hoje e amanhã um recurso no Tribunal Constitutional, denunciando as "fraudes maciças" que marcaram o ato eleitoral. O Tribunal Constitucional tem depois oito dias para se pronunciar.

Comissão Eleitoral Nacional IndependenteFoto: DW/A. Niragira

À DW, Pancrace Cimpaye, um opositor burundês que se encontra exilado em Bruxelas, fala num "golpe de Estado contra a vontade das pessoas que se mobilizaram atrás da caravana da mudança liderada por Agathon Rwasa. É um golpe de força e não há muitas palavras para o dizer."

Acusações que Albert Shingiro, representante permanente do Burundi nas Nações Unidas, rejeita. "O candidato em questão sempre rejeitou o veredito das urnas desde 2010. Penso que ele vai cair em si porque tudo foi feito com transparência e os resultados foram publicados online em tempo real e em mais de 30 meios de comunicação, incluindo os próximos da oposição", alega.

Grandes desafios 

O representante permanente do Burundi nas Nações Unidas mostra-se tranquilo com a chegada ao poder de Evariste Ndayishimiye. "O general Evariste Ndayishimiye é um homem que reúne e une as pessoas. É inclusivo. A sua vitória é a vitória de todo o povo do Burundi, um povo digno, orgulhoso e soberano. Aqueles que se sentem derrotados também serão incluídos na gestão do país", considera.

Um gestão que não se adivinha fácil. Muitos doadores internacionais suspenderam a ajuda ao país após as eleições de 2015, o que conduziu a uma escassez de moeda estrangeira. Os níveis de desemprego e pobreza no país são por isso, neste momento, muito elevados. os desafios para o novo governo são grandes. 

"Desde 2015, temos visto como o Burundi tem estado a lutar pela sua economia. Este pode ser um dos principais desafios que o novo governo tem pela frente", afirma o  jornalista burundês Moses Havyarimana.

Resultados dão a Evariste Ndayishimiye uma maioria absoluta e evitam uma segunda voltaFoto: AFP

Quem é Evariste Ndayishimiye?

Conhecido pelo seu apelido "Neva", o antigo general do exército Ndayishimiye é secretário do partido governamental CNDD-FDD desde 2016. Antes de se tornar presidente, foi chefe do Departamento de Assuntos Militares sob o comando do ex-presidente Pierre Nkurunziza. Foi também Ministro do Interior de 2006 a 2007.

Evariste Ndayishimiye era um jovem estudante na Universidade do Burundi quando a guerra civil começou, em 1993, e escapou por pouco a um ataque das milícias Tutsi ao campus de Direito que matou dezenas de estudantes. À medida que a guerra avançava, Ndayishimiye, que acabou por se juntar à milícia Hutu, foi subindo gradualmente nas fileiras do CNDD-FDD.

Mais tarde, em 2003, o partido deu-lhe a missão de principal negociador nas conversações de cessar-fogo que puseram fim ao conflito em 2006.

Tomada de posse em agosto

Os eleitores do Burundi foram às urnas a 20 de maio para eleger o seu Presidente, deputados e presidentes de câmara, num ato eleitoral que contou com uma participação de 87,7% dos 5,11 milhões de eleitores recenseados. Os resultados anunciados esta segunda-feira dão a Evariste Ndayishimiye uma maioria absoluta e evitam uma segunda volta.

O sucessor de Pierre Nkurunziza, no poder desde 2005, deverá tomar posse em agosto para um mandato de sete anos, caso o Tribunal Constitucional confirme estes resultados a 4 de junho.