Presidente angolano remodela Forças Armadas e Polícia
Lusa
17 de maio de 2019
O Presidente de Angola procedeu, esta quinta-feira, a profunda remodelação nas Forças Armadas, tendo exonerado 88 oficiais e nomeado outros 66. João Lourenço também fez mudanças nas chefias da Polícia Nacional.
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Segundo a Casa Civil do Presidente angolano, João Lourenço passou também à reforma, através de um decreto, 47 oficiais - 43 por limite de idade, entre eles o general Sachipengo Nunda, e quatro por fim de carreira.
O Presidente angolano colocou na lista de inatividade temporária ("disponíveis") outros 10 e deu por finda essa situação em que se encontravam 11 oficiais generais.
O chefe de Estado, que procedeu também idêntica reformulação nas chefias da Polícia Nacional, promoveu 28 oficiais - dois ao grau de almirante, um ao de general, nove ao de tenente-general, 15 ao de brigadeiro e um ao grau de contra-almirante.
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Entre os oficiais generais exonerados consta o comandante da Marinha de Guerra Francisco José, bem como seis generais, 25 tenentes-generais, 10 vice-almirantes, 38 brigadeiros e cinco contra-almirantes.
Noutro decreto, o Presidente angolano nomeou 66 oficiais generais das FAA, com destaque para o almirante João Pedro da Cunha Júnior (que fica com o cargo de comandante da Marinha de Guerra Angolana), um general, 16 tenentes-generais, seis vice-almirantes, 40 brigadeiros e dois contra-almirantes.
Mudanças nas chefias da Polícia
João Lourenço também fez mudanças nas chefias da Polícia Nacional (PN) ao exonerar oito oficiais comissários, promover outros 10, nomear sete e reformar nove. Segundo uma nota da Casa Civil do Presidente da República, foram exonerados, entre outros oficiais comissários, António Francisco da Conceição Gomes do cargo de diretor Nacional de Viação e Trânsito da PN, e os comandantes provinciais das províncias da Lunda Sul, Benguela, Bengo e Zaire.
Para os respetivos lugares, o Presidente angolano nomeou os comissários Elias Livulo, que deixa de ser o comandante provincial da polícia em Benguela, para diretor Nacional de Viação e Trânsito da PN, Delfim Kalulu Inácio, (comandante provincial da PN no Bengo), Manuel Francisco Gonçalves (Zaire) e Mário Miguel Luís (Lunda Sul). João Lourenço nomeou também o comissário-chefe Francisco Correia Paiva para o cargo de comandante da Polícia de Guarda Fronteiras da PN.
Na lista que consta no decreto presidencial é indicado que João Lourenço promoveu, entre outros, 10 comissários a oficiais comissários, todos com o cargo de conselheiros de comandantes dos diferentes departamentos da PN.
As mexidas na Polícia Nacional ocorreram na mesma altura em que João Lourenço procedeu à substituição do secretário de Estado dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria - foi exonerado Clemente Cunjuca e nomeado Domingos André Tchikanda -, bem como a uma profunda remodelação nas chefias das Forças Armadas Angolanas (FAA).
Angola: Jovens desempregados marcham em Luanda
O elevado índice de desemprego levou os jovens angolanos novamente às ruas. Durante a caminhada de sábado (08.12) os "kunangas", nome atribuído aos desempregados, exigiram políticas para a criação de postos de trabalho.
Foto: DW/B. Ndomba
Caminhar por mais emprego
Onde estão os 500 mil empregos que o Presidente da República, João Lourenço, prometeu durante a campanha eleitoral de 2017? Foi uma das questões colocadas pelos jovens desempregados que marcharam nas ruas de Luanda. A marcha decorreu sob o lema "Emprego é um direito, desemprego marginaliza".
Foto: DW/B. Ndomba
Apoio popular
Populares e vendedores ambulantes apoiaram o protesto deste sábado, que foi também acompanhado pelas forças de segurança. Participaram na marcha algumas associações como o Movimento Estudantil de Angola (MEA) e a Associação Nova Aliança dos Taxistas. Os angolanos que exigem criação de mais postos de trabalho marcharam do Cemitério da Sant Ana até ao Largo das Heroínas, na Avenida Ho Chi Minh.
Foto: DW/B. Ndomba
Níveis alarmantes
O Governo angolano reconhece que o nível de desemprego é preocupante no país. 20% da população em idade ativa está desempregada, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados no ano passado. Os jovens em Angola são os mais afetados - 46% não têm emprego.
Foto: DW/B. Ndomba
Palavras de ordem
Os manifestantes exibiram vários cartazes com mensagens dirigidas ao Presidente e ao Governo: "João Lourenço mentiroso, onde estão os 500 mil empregos?", "Ser cobrador de táxi não é minha vontade" e "Por kunangar perdi respeito em casa”, foram algumas das questões levantadas.
Foto: DW/B. Ndomba
Estágios, inclusão e subsídios
Além de empregos, os manifestantes exigem políticas de estágio - para que os recém formados tenham a experiência exigida pelas empresas – e programas que beneficiem pessoas com deficiência física. Este sábado, pediram também ao Governo que atribua subsídio de desemprego aos angolanos que não trabalham.
Foto: DW/B. Ndomba
Sem perspetivas de trabalho
O índice do desemprego piorou com a crise económica e financeira em Angola, desde 2015. O preço do crude caiu no mercado internacional, e, como o país está dependente das exportações de petróleo, entraram menos divisas. Muitas empresas foram obrigadas a fechar as portas e milhares de cidadãos ficaram desempregados.
Foto: DW/B. Ndomba
Formados e desempregados
Entre os manifestantes ouvidos pela DW África em Luanda, histórias como a de Joice Zau, técnica de refinação de petróleo, repetem-se. Concluiu a sua formação em 2015 e, desde então, não teve quaisquer oportunidades de emprego: "Já entreguei currículos em várias empresas no ramo petrolífero e nunca fui convocada", conta. Gostaria de continuar a estudar, mas, sem emprego, são muitas as dificuldades.
Foto: DW/B. Ndomba
É preciso fazer mais
Para a ativista Cecília Quitomebe, o Executivo está a "trabalhar pouco para aquilo que é o acesso ao emprego para os jovens". No final da marcha, a organização leu um "manifesto" lembrando que a contestação à política de João Lourenço começou a 21 de julho, quando o mesmo grupo de jovens exigiu mais políticas de emprego. Na altura, a marcha realizou-se em seis cidades. Este sábado, ocorreu em 12.