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Representante da Zambézia diz viver sob clima de medo

5 de outubro de 2016

Betinho Jaime, junto da família, sofreu um ataque dentro da própria residência oficial durante a noite. O presidente da Assembleia Provincial, que pertence à RENAMO, diz não ter segurança no local.

Quelimane
Centro de QuelimaneFoto: DW/J. Beck

A violência resultante da crise política-militar em Moçambique tem sido caraterizada por ataques a alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança nas regiões centro e norte do país. O alvo mais recente foi o Presidente da Assembleia Provincial da Zambézia, Betinho Jaime, que diz ter sofrido tentativas de invasão da sua residência oficial – algo que nunca teria acontecido com o seu antecessor.

Em entrevista à DW África, Betinho Jaime, que faz parte da Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), relatou os momentos de terror vividos dentro da própria residência, com a família.

"Golpearam a porta, mas a porta não se abriu. A fechadura não permitiu. Mas a verdade é que a porta rachou-se. Quando isso aconteceu, eu acendi as lâmpadas, peguei nos meus filhos e coloquei-lhes em baixo da cama, a minha esposa no cacifo e eu fiquei lá. Não sai temendo que acontecesse o pior”, contou.

Segurança

Em setembro, ataques a Nhampoca, na província de Sofala, levaram alguns residentes a deixar a vilaFoto: DW/A. Sebastiao

A Polícia diz que não tem conhecimento destes casos porque o Presidente da Assembleia Provincial da Zambézia até hoje não denunciou qualquer ocorrencia do género à corporação. Segundo o porta-voz do Comando Provincial da Polícia Jacinto Félix, Betinho Jaime devia dirigir-se à esquadra mais próxima para dar a conhecer estes casos verificados contra a sua segurança.

"Não temos conhecimento desta ocorrência. Simplesmente tomamos conhecimento deste caso através da imprensa. Aconselhamos o cidadão a dirigir-se a um posto policial para informar o caso”, disse Félix à nossa reportagem.

O Presidente da Assembleia Provincial da Zambézia lamenta que já não conta com segurança total da Polícia. Segundo Jaime, antes esta segurança, que é assegurada por lei, era realizada de forma efetiva. Ainda segundo o Presidente, não há polícias no posto de fiscalização.

Em resposta o porta-voz da Polícia, o chefe da província contesta estas afirmações e afirma que não têm fundamentos: "esta informação é inconcebível, porque este cidadão, vendo os policias alocados lá para protegê-lo e não estão a protegê-lo, tem que ir denunciar na esquadra onde os policias saem.  E agora  o cidadão tem segurança policial, mas sente-se inseguro com a presença policial, é complicado e muito complicado”.

Trabalhar em clima de medo

05.10.2016 Quelimane Presidente da Assembleia Provincial - MP3-Mono

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Após a tentativa de arrombamento de sua casa, Betinho Jaime se diz muito preocupado e com muito medo, mas afirma que não vai deixar de trabalhar para a Assembleia Provincial da Zambézia e "muito menos para a RENAMO”.

"Neste momento estou a viver com medo. Já não circulo como antes. Saio de casa para o serviço do serviço par a casa e ando totalmente amedrontado, mas quero garantir que, seja como for, não vou deixar de trabalhar. Aquilo que vier, estou pronto para encarar”, afirmou Jaime.

Betinho Jaime foi eleito Presidente da Assembleia Provincial da Zambézia na sequência das eleições gerais de 2014. Ele substituiu João Catemba Chuacuamba da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) que exerceu as funções durante 5 anos.

Nos últimos meses, a região centro de Moçambique tem sido a mais atingida por episódios de confrontos entre o braço armado da RENAMO e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassinatos de dirigentes políticos  de ambas as partes.

A RENAMO não reconhece os resultados das eleições gerais de 2014 e exige governar nas províncias de Sofala, Tete, Manica e Zambézia centro de Moçambique, e também em Niassa e Nampula, no norte.

Centro de Quelimane, capital da ZambéziaFoto: DW/J. Beck
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