Líder partidário acusa Presidente guineense de perseguição
Braima Darame (Bissau)
5 de janeiro de 2017
O líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau, Nuno Nabian, acusou o Presidente guineense, José Mário Vaz, de estar a perseguir os seus adversários políticos através da justiça.
José Mário Vaz, Presidente da Guiné-BissauFoto: Getty Images/AFP/S. Kambou
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Nuno Gomes Nabian, candidato derrotado pelo atual Presidente da Guiné-Bissau, na segunda volta das eleições presidenciais de 2014, acusou esta quinta-feira (05.01), José Mário Vaz, de instrumentalizar a justiça para implementar a ditadura, de ser o principal fator de instabilidade e promotor da divisão no seio da população guineense.
O político, que é líder da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDG) considerou o chefe de Estado da Guiné-Bissau como o "pior Presidente do país de todos os tempos" por não conhecer e respeitar as leis.
"É o pior Presidente que passou pela historia da Guiné-Bissau, perdeu a legitimidade do povo. Cometeu a pior asneira quando disse que tem poderes para mandar matar, prender e espancar. O Presidente está perdido e anda a fazer perseguição política". Nuno Nabian foi ouvido esta quinta-feira no âmbito de um processo de inquérito aberto pelo Ministério Público para que esclareça as denúncias que fez segundo as quais estaria em marcha um alegado plano para prender e destituir de funções o líder do Parlamento guineense, Cipriano Cassamá.
Nuno Nabian a votar nas eleições de 2014 (presidenciais)Foto: DW/M. Pessoa
Numa reunião do seu partido, Nuno Nabian afirmou estar na posse de informações que apontavam pela iminência da execução do alegado plano que segundo disse "teria como objetivo levar o Parlamento - sem Cipriano Cassamá- a aprovar o programa do Governo de Umaro Sissoco Embaló". Nabian disse ter prestado depoimento que sustente a sua denúncia e que continuará a criticar o comportamento do Presidente da República.
"Reafirmei que aquilo que tinha dito na reunião do partido. Foi uma declaração política partindo do principio daquilo que é o dia-a-dia em Bissau. Não é a primeira vez que tentam assaltar a Assembleia Nacional Popular. No passado, ouve um assalto e tentaram constituir uma nova mesa". O líder da APU-PDGB ao sair da audiência, que durou cerca de quatro horas, foi acompanhado por centenas de militantes do seu partido até à sua residência.
Cipriano Cassamá, Presidente da ANPFoto: Braima Darame
Estava também prevista para esta quinta-feira, a audição do líder do PAIGC, Domingos Simões Pereira, mas a sessão ficou adiada porque a Assembleia Nacional Popular entende que o político, que é deputado da nação, goza de uma imunidade parlamentar. Para o Procurador-geral da República, António Sedja Man, ninguém está acima da lei e argumenta que antes de ser deputado Domingos Simões Pereira é um cidadão.
"A lei está acima de todos os cidadãos na Guiné-Bissau. Foi chamado na qualidade de apenas denunciante. Chamado e notificado pelo órgão competente como único detentor de ação penal e esse cidadão não comparece e acha que quer colaborar com a justiça? Antes de ser deputado é um cidadão e qualquer cidadão deve responder à justiça". Em comunicado de imprensa, o PAIGC acusa o Ministério Publico de ser parcial e de andar a reboque do Presidente guineense. O PAIGC fala de perseguição política e de intimidação aos seus lideres. Sedja Man disse que todos devem colaborar com a justiça na qualidade de denunciantes.
05.01.2016 Guiné-Bissau / Nabian - MP3-Mono
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"Nós somos imparciais. Trabalhamos com objetividade e isenção. Os processos vão avançar e serão ouvidos como denunciantes como qualquer cidadão".
Em reação à denúncia do líder da APU-PDGB, o Parlamento responsabilizou o Presidente guineense, José Mário Vaz, pelo alegado plano e disse estar na posse de "sinais evidentes" que apontam para a execução da iniciativa.
Eleições Presidenciais na Guiné-Bissau
Nove candidatos disputaram, neste domingo (18.03) as eleições presidenciais na Guiné-Bissau. Cerca de 600 mil eleitores foram chamados às urnas. Em frente à Assembléia Nacional guineense, houve fila para votar. O sufrágio torno-se necessário após a morte por doença do presidente Malam Bacai Sanhá, no último dia 9 de janeiro.
Foto: dapd
Segunda volta no dia 22 de Abril
Segundo os resultados provisórios, Carlos Gomes Júnior – candidato do PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde) – ganhou a primeira volta das eleições presidenciais com 49 por cento dos votos, mas ficou abaixo de uma maioria absoluta de 50 por cento, e assim não conseguiu evitar a segunda volta.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Kumba Ialá será o adversário de Carlos Gomes Júnior
Kumba Ialá, que entrou na corrida pelo PRS (Partido para a Renovação Social), ficou em segundo lugar com 23 por cento. Na sua primeira candidatura em 1999 tinha conseguido 38 por cento na primeira volta e saiu vitorioso com 72 por cento na segunda volta (em 2000 foi deposto por um golpe militar). Concorreu de novo às presidenciais em 2009 e obteve na primeira volta 29 por cento dos votos.
Foto: Reuters
Votação no domingo
Nove candidatos disputaram, neste domingo (18.03) as eleições presidenciais na Guiné-Bissau. Cerca de 600 mil eleitores foram chamados às urnas. Em frente à Assembléia Nacional guineense, houve fila para votar. O sufrágio torno-se necessário após a morte por doença do presidente Malam Bacai Sanhá, no último dia 9 de janeiro.
Foto: AP
Dia tranquilo
Eleitor mostra o dedo sujo de tinta e o cartão do eleitor depois de depositar o voto para presidente na urna, em Bissau. A uma campanha tranquila seguiu-se um dia de sufrágio calmo. Mas, horas depois de terem fechado as urnas, foi assassinado a tiro, em Bissau, o ex-chefe das informações militares da Guiné-Bissau, Samba Djaló.
Foto: AP
Eleitores
Mulher deposita o voto dobrado numa urna de plástico transparente, em Bissau. Os eleitores levaram expectativas de estabilidade e desenvolvimento às urnas de todo o país.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Carlos Gomes Júnior
O primeiro-ministro guineense Carlos Gomes Júnior, o candidato oficial do PAIGC - Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde, de que é presidente, disse estar confiante numa vitória à primeira volta. Serifo Nhamadjo, presidente interino da Assembleia Nacional, e Baciro Djá, ministro da Defesa, ambos membros do PAIGC, concorrem como independentes nesta eleição.
Foto: AP
Kumba Ialá
O ex-presidente Kumba Ialá (foto) do PRS - Partido da Renovação Social conta habitualmente com apoio da etnia balanta e poderá também ser um dos nomes a disputar uma eventual segunda volta.
Foto: picture alliance / abaca
Henrique Rosa
Outro dos nomes fortes na corrida à presidência é o candidato independente e ex-presidente interino Henrique Rosa, que após ter votado disse ter informações de que haveria “fraudes por todo o país”. Acusações que o porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, Orlando Viegas, desvalorizou.
Foto: AP
Contagem dos votos
Moradores locais e observadores de partidos políticos acompanham a contagem de votos, numa assembléia ao ar livre, em Bissau. Neste domingo, os eleitores guineenses escolheram entre nove candidatos para a presidência do país.
Foto: AP
Informação
Cartaz da Comissão Nacional de Eleições da Guiné-Bissau, em Bissau, sobre as eleições presidenciais de 2012.
Foto: DW/Ferro de Gouveia
Malam Bacai Sanhá
O assassinato do então presidente Malam Bacai Sanhá, em janeiro deste ano, forçou a Guiné-Bissau a antecipar as eleições. Na foto, Sanhá em junho de 2011 na cimeira da União Africana em Malabo, na Guiné-Equatorial. (Autora: Cris Vieira / Edição: Johannes Beck)