Presidente da Guiné-Bissau exonera general António Indjai
16 de setembro de 2014O Presidente José Mário Vaz justificou a destituição de António Indjai do cargo de Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas como um dos passos importantes para levar avante o processo de reforma e modernização das Forças Armadas guineenses em curso no país.
José Mário Vaz esteve esta terça-feira (16.09) reunido com o corpo diplomático acreditado em Bissau para o informar da sua decisão de exonerar das funções o general, nomeado em 2010 pelo então Presidente da República, Malam Bacai Sanhá.
À saída da reunião, Miguel Trovoada, representante da ONU no país, disse que foi uma decisão soberana que terá todo apoio das Nações Unidas para a sua eficácia.
"Tomamos boa nota desta decisão soberana e as Nações Unidas e a comunidade internacional estão empenhadas em apoiar as decisões das autoridades legítimas deste país porque é necessário que de facto este apoio seja de maneira mais eficaz possível", declarou.
O fim de um ciclo
José Mário Vaz ainda não nomeou o novo Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas guineenses. Entretanto, António Indjai já abandonou as instalações do Estado-Maior para a sua residência privada em Bissau. Segundo uma fonte próxima de Indjai, o general alega que foi apanhado de surpresa pela medida e que não foi consultado.
Entretanto, o representante da União Africana (UA) na Guiné-Bissau Ovídio Pequeno, considerou a exoneração de António Indjai como o fecho de um ciclo, o fim de uma fase iniciada com o golpe militar de 2012, que disse ter sido um "período conturbado" no país.
Ovídio Pequeno afirmou, por outro lado, que espera o início para a Guiné-Bissau de "um novo capítulo de mudança" que possa permitir ao país ganhar a estabilidade política e social.
"Exoneração de Indjai é um ato normal"
A exoneração de Indjai, que foi anunciada através de um decreto presidencial sem adiantar as razões, foi um ato que o representante da UA considera normal, por ser "um ato de soberania nacional" que cabe ao Presidente guineense.
"Esperamos que não haja nenhum aproveitamento desta matéria no sentido de se criarem alguns pontos de instabilidade ou situações um pouco mais difíceis. Nós achamos que é um processo normal, tudo na vida tem um espaço e um tempo", observou o diplomata.
Para o representante da UA é fundamental que o processo de reforma do setor militar guineense avance, porque “sabemos e temos a consciência de que o processo de reforma a nível das forças de defesa e segurança é uma questão extremamente importante. Deve ser a prioridade das prioridades", destacou Ovídio Pequeno.
UE aplaude decisão "soberana do Presidente"
Por seu lado, a União Europeia (UE) aplaudiu a decisão do Presidente guineense, tendo declarado desde já o seu apoio à modernização das Forças Armadas, disse o chefe da delegação dos 27 em Bissau, Joaquim Gonçales Ducay.
"A UE manifestou muito claramente ao senhor Presidente a nossa vontade de apoiar o processo de reforma e modernização das Forças Armadas e das forças de segurança da Guiné-Bissau para que se possa tirar o maior partido possível do capital humano que existe no seio dessas forças".
Gonçalves Ducay sublinhou ainda que a UE está à espera de conhecer as decisões do governo sobre que política de reforma e modernização. "Iremos discutir com o executivo e os outros parceiros internacionais para sabermos como iremos apoiar o processo", concluiu.
Da reunião na tarde desta terça-feira do Conselho Superior da Defesa Nacional saiu a proposta de um encontro de urgência marcada para a noite do mesmo dia com o Conselho de Ministros, onde serão analisadas as propostas de nomes para ocupar as funções do novo Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas.