Presidente da Guiné-Bissau garante que maioria dos eleitores está recenseada
28 de janeiro de 2014 Na reta final do recenseamento eleitoral, previsto para 31 de janeiro, o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, revelou esta terça-feira (28.01) que “uma média de 77% da população prevista”, dos cerca de 810 mil potenciais eleitores, já foi registada.
“Estamos convencidos que se a dinâmica continuar, com o reforço dos kits, provavelmente até 31 de janeiro vamos ter o número [de recenseados] com que todos nós poderemos ficar satisfeitos”, estima Nhamadjo.
O recenseamento que tem sido caracterizado pela lentidão, devido a dificuldades técnicas e de logística, tem em vista as eleições gerais agendadas para 16 de março.
Nas últimas semanas, o principal entrave das brigadas de recenseamento eleitoral foi o facto de os cidadãos se recensearem e de não receberem o respectivo cartão no mesmo dia, devido a dificuldades no processamento do documento.
Guineenses não querem mais adiamentos
As dificuldades no recenseamento geram rumores, em Bissau, sobre a possibilidade de um novo adiamento.
No entanto, para a maioria das pessoas ouvidas, em Bissau, não se deve adiar as eleições.
“Esse possível adiamento das eleições é o mesmo que adiar o futuro do país. Em vez de se pensar em adiar as eleições era talvez melhor pensar em como realmente acelerar esse processo”, afirma um cidadão guineense.
“Devemos chegar a um consenso entre nós. Se há condições para se fazer as eleições acho que se pode. Mas se não há, pode-se adiar, não faz mal”, diz por sua vez outro guineense.
“A eleição deve ser na data prevista, 16 de março. Os guineenses estão cansados, como os jovens que já perderam muita coisa com o golpe de Estado que afetou a Guiné-Bissau. Por isso não concordo com o adiamento das eleições”, explica um homem. “Eu não quero que as eleições sejam adiadas”, concorda uma outra cidadã de Bissau.
Forças Armadas ameaçam responsabilizar quem adie eleições
Tendo em conta as dificuldades a nível do recenseamento, o Presidente interino admitiu que este processo possa vir a ser prolongado, depois da data limite estipulada para 31 de janeiro, “se for necessário para ajustar mais dois, cinco dias, desde que isso dê garantias de que todo o cidadão guineense estará recenseado. É essa a determinação”, garante Serifo Nhamadjo.
No entanto, mesmo que haja um prolongamento do recenseamento, Nhamadjo garante “nunca tocar no 16 de março”, a data prevista para as eleições gerais. Até hoje o Parlamento não agendou uma sessão para discutir alterar os prazos eleitorais previstos na lei.
Também o Chefe das Forças Armadas, António Indjai, autor do golpe militar de 2012, defendeu, esta terça-feira (28.01), o não adiamento do pleito.
“Não aceitamos perturbações nestas eleições e quem tentar será responsabilizado. Não se pode pensar em adiar as eleições. Peço ao Governo para fazer o possível para manter a data de 16 de março”, apelou António Indjai.
Para o Fórum Guiné-Bissau, uma coligação que congrega mais de 23 partidos, as forças políticas com representação parlamentar não querem as eleições a 16 de março. O Fórum, que rejeita o adiamento do pleito, alerta para alegadas manobras dilatórias de partidos com assento parlamentar, que estariam a contar com a compreensão da comunidade internacional.
Fernando Vaz, candidato a primeiro-ministro pelo Fórum Guiné-Bissau e porta-voz do Governo de transição, afirmou que alguns partidos parlamentares já convenceram algumas individualidades da comunidade internacional para aceitarem o adiamento da data das eleições. O candidato diz que não vai aceitar e que qualquer adiamento terá consequências graves para a Guiné-Bissau