Presidente da Guiné Equatorial recusa falar sobre sucessão
Lusa
25 de novembro de 2021
O Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que governa o país desde 1979, rejeitou esta quinta-feira (25.11) falar da sua sucessão. Obiang assegurou que haverá uma alternância própria de uma democracia.
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O chefe de Estado, de 79 anos, disse, numa conferência em Bata, que, "no que diz respeito à permanência no poder, é preciso saber que, num estado de democracia, não é bom falar de sucessão, como se fosse uma herança”. Obiang está no poder há 42 anos e alcançou o poder após um golpe de Estado no qual derrubou o seu tio Francisco Macías.
O Presidente compareceu perante os jornalistas após o encerramento do VII Congresso Nacional Ordinário do Partido Democrático da Guiné Equatorial, que está no poder e do qual Obiang é fundador. O congresso decorreu entre 22 e 24 de novembro e antes do evento especulava-se acerca da eventual nomeação de um candidato às eleições presidenciais de 2023.
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Sucessão ao poder entre filhos de Obiang
Segundo analistas, a sucessão de Obiang é disputada entre os seus dois filhos, que detêm cargos importantes no Governo. O primeiro, vice-presidente e responsável pela segurança nacional, Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como "Teodorín”. O segundo, Gabriel Mbega Obiang Lima, que é ministro das Minas e Hidrocarbonetos, sendo a Guiné Equatorial um dos maiores produtores de petróleo de África.
Tanto "Teodorín”, figura controversa devido à sua implicação em processos judiciais em países como EUA, França ou Suíça por alegado envolvimento em escândalos de corrupção e branqueamento de capitais, como Lima têm apoios nacionais e internacionais.
Ainda assim, a Constituição favorece o primeiro, já que estabelece que o vice-presidente deve assumir o cargo em caso de demissão, incapacidade ou morte do chefe de Estado.
"Ainda tenho possibilidade de me candidatar"
Obiang recordou que, desde a última reforma constitucional de 2011, existe um limite de dois mandatos presidenciais, que não tem efeitos retroativos. Logo, "ainda tenho possibilidade de me candidatar, se o povo assim o quiser”, afirma. O governante diz que o PGDE vai escolher o seu candidato "quando forem convocadas as eleições”.
As últimas presidenciais do país ocorreram em 2016 e resultaram numa vitória de Obiang com 95% dos votos, que lhe rendeu denúncias de fraude por parte dos opositores e da comunidade internacional.
Desde a sua independência da Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial é considerada um dos países mais corruptos e repressivos do mundo, pelas organizações de defesa dos direitos humanos, que levantam acusações de detenções e tortura de dissidentes, tal como denúncias de fraudes eleitorais.
O país aderiu à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 2014.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.