Presidente da RDC considera "possível" guerra com Ruanda
3 de maio de 2024O presidente congolês, Félix Tshisekedi, alertou esta sexta-feira (03.05) que "é possível" uma guerra com o Ruanda, numa entrevista ao jornal francês Le Fígaro.
Há meses que combates violentos decorrem no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde as forças governamentais se opõem ao movimento rebelde M23, apoiado pelo Ruanda.
“É claro que uma guerra é possível, não vou esconder isso”, declarou Tshisekedi, que fez uma visita oficial a França no início desta semana.
"Este país, que é nosso vizinho, está a violar o nosso território para pilhar os minerais críticos e aterrorizar a população", acusou mais uma vez o chefe de Estado congolês, denunciando "a inércia da comunidade internacional", à qual Kinshasa pede para adotar sanções contra o Ruanda.
Kigali nega o envolvimento, mas a comunidade internacional, incluindo França e os Estados Unidos, acredita que o Ruanda apoia o M23 e comprometeu forças no leste.
"O M23 é uma concha vazia! Pode ter apenas 500 milicianos. Não, são soldados ruandeses que estão a semear a morte no nosso solo", continuou Tshisekedi, que acredita ter recebido apoio durante a sua visita de Paris, que também mantém boas relações com Kigali.
Mediação de Angola
"Quero adiar este prazo tanto quanto possível, porque prefiro colocar toda a nossa energia e riqueza no desenvolvimento dos 145 territórios da RDC e não no esforço militar", disse Tshisekedi.
Questionado sobre a possibilidade de encetar conversações com o homólogo ruandês, Paul Kagame, salientou que a mediação angolana está a trabalhar nesse sentido.
"As nossas delegações vão reunir-se em Luanda nos próximos dias para trabalhar e encontrar um terreno comum. Estou a pedir uma coisa simples: que o Ruanda retire as suas tropas do território congolês", acrescentou.
Apoiados por unidades do exército ruandês, os rebeldes M23 (Movimento 23 de Março) pegaram novamente em armas no final de 2021 e tomaram grandes áreas de território no Kivu do Norte, chegando a quase cercar inteiramente Goma.
A cidade tem mais de um milhão de habitantes e quase um milhão de deslocados, que chegam em vagas sucessivas desde o início da ofensiva rebelde.