Presidente da Somália aposta na política externa
6 de agosto de 2022No espaço de dois meses, o líder da Somália, Hassan Sheikh Mohamud fez sete viagens ao estrangeiro e encontrou-se com líderes políticos em países como Emirados Árabes Unidos, Turquia, Quénia, Tanzânia e Egipto. Em breve, espera-se que viaje para Uganda ou Etiópia.
E o que significa este impulso diplomático para a Somália?
Numa visita recente à Tanzânia onde participou da 21ª Cimeira Ordinária dos Chefes de Estado da Comunidade da África Oriental, Mohamud foi à procurar de apoio à candidatura do país à adesão à organização intergovernamental.
"As circunstâncias que existiam na Somália e outras questões não permitiam que a Somália se juntasse facilmente à comunidade, mas o nosso sonho a longo prazo era sempre o de fazer parte desta grande comunidade. A Somália pertence à África Oriental", disse ele.
O chefe de Estado também fez uma visita oficial de quatro dias a Eritreia, a convite de seu homólogo, onde 5 mil novos soldados somalis receberam três anos de treinamento militar secreto.
Hassan Sheikh Mohamud, que foi uma das principais figuras da oposição durante o mandato de Mohamed Abdullahi Mohamed, afirmou anteriormente que as tropas foram destacadas por sigilo e utilizadas para participar na guerra na região de Tigray, na Etiópia. As alegações foram mais tarde classificadas como enganosas pelos líderes somalis.
"Segurança da Somália"
O analista político e de segurança, Mohamed Mubarak, explica que a forte aposta do Presidente na política externa traduz-se numa relação mutuamente benéfica com os vizinhos e aliados de segurança da Somália.
A relação com a maioria destes países que tem vindo a visitar foi tensa na era do antigo Presidente. Mostra também um afastamento da relação estreita com o Qatar e a renovação da aliança com os Emirados Árabes Unidos. Como tudo isto afeta a segurança na Somália será visto no próximo ano"
Entretanto, Hassan Hade, analista político regional, discorda e diz que o lema do presidente, 'zero inimigo', quando se trata da sua política externa, parece-lhe "uma fraca liderança filosófica".
"Este presidente, a meu ver, parece ser influenciado por pressões estrangeiras porque sabemos como as rivalidades globais e regionais enfraqueceram a diplomacia com a Somália. E, neste caso, essa política não teria sucesso", disse.
O presidente de 66 anos está a enfrentar enormes desafios com a segurança, a sua prioridade número um.
Esta semana, um ex-vice-líder do grupo extremista al-Shabab foi nomeado ministro do novo executivo da Somália, o que tem sido visto como uma oportunidade de persuadir os combatentes do movimento a pôr fim à violência.