Presidente da Ucrânia discursa no Parlamento alemão
tms | com agências
17 de março de 2022
O Presidente ucraniano discursa hoje, por videoconferência, no Bundestag. Espera-se que Volodymyr Zelensky fale sobre as negociações de cessar-fogo com a Rússia e que renove os apelos à comunidade internacional.
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Na quarta-feira (16.03), o líder ucraniano falou também por vídeo no Congresso dos Estados Unidos e pediu mais garantias da NATO e dos norte-americanos para apoiar a sua luta. Três semanas após o início da invasão russa, o Presidente da Ucrânia disse que este é "o momento mais sombrio" para o seu país e para a Europa.
No Congresso dos Estados Unidos, Volodymyr Zelensky pediu mais apoio aos norte-americanos, especialmente para a criação de uma zona de exclusão aérea, até agora recusada pela NATO.
"Criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. Será pedir muito para salvar pessoas? Uma zona de exclusão aérea humanitária para criar condições em que a Rússia não seria capaz de aterrorizar diariamente as nossas cidades."
E num apelo dirigido ao Presidente Joe Biden, Zelensky disse: "O senhor é o líder da sua grande nação. Desejo que seja o líder do mundo. Ser o líder do mundo significa ser o líder da paz.
Biden acusa Putin de crimes de guerra
Joe Biden parece estar empenhado no seu compromisso. Pela primeira vez desde a invasão russa, a 24 de fevereiro, o Presidente dos Estados Unidos acusou o líder do Kremlin de ser um "criminoso de guerra", em declarações a jornalistas.
Após o discurso de Volodymyr Zelensky no Congresso americano, Biden anunciou 800 milhões de dólares num novo pacote de ajuda militar à Ucrânia e disse que vai enviar drones e sistemas antiaéreos para tentar travar a invasão russa.
"Isto inclui 800 sistemas antiaéreos para garantir que os militares ucranianos possam continuar a deter as aeronaves que têm atacado o seu povo, e para defender o seu espaço aéreo. E a pedido do Presidente Zelensky, identificámos e estamos a ajudar a Ucrânia a adquirir sistemas antiaéreos adicionais de maior alcance, e as munições para esses sistemas", anunciou.
O novo pacote de ajuda eleva para mil milhões de dólares o total da assistência anunciada por Washington apenas na última semana.
Alemanha apela ao fim da guerra
Esta quinta-feira, o Presidente da Ucrânia vai discursar no Parlamento alemão também por videoconferência. Falando à imprensa esta quarta-feira (16.03), o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, fez um novo apelo para o fim da guerra.
Zelensky agradece protesto que interrompeu emissão na Rússia
01:03
"É realmente uma guerra horrível que tem de parar agora. É por isso que apelo, do meu lado e do nosso lado, mais uma vez ao Presidente russo: acabe com esta guerra agora, acabe com a invasão", pediu Scholz.
Por seu turno, o Presidente Vladimir Putin voltou a classificar a guerra como uma "operação especial" na Ucrânia. "A operação está a desenvolver-se com sucesso, em estrita conformidade com os planos pré-aprovados", disse.
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Ataques continuam
Os ataques da Rússia continuam em várias partes da Ucrânia. Só nesta quarta-feira, pelo menos 15 pessoas morreram em bombardeamentos na cidade de Cherniguiv, no norte do país. Um dos ataques foi contra civis que se encontravam na fila para comprar pão, indicaram as autoridades ucranianas.
O Presidente da Ucrânia acusou a Rússia de causar "centenas de vítimas" no bombardeamento de um teatro em Mariupol, num ataque que o Ministério da Defesa russo atribuiu às forças ucranianas. "Em Mariupol, a Força Aérea Russa lançou conscientemente uma bomba no Teatro Dramático, no centro da cidade", disse Zelensky, acrescentando que é "ainda desconhecido o número de mortos".
O Tribunal Internacional de Justiça decidiu esta quarta-feira, por 13 votos contra dois, exigir que a Rússia "suspenda imediatamente as operações militares" na Ucrânia. Resta saber se Moscovo vai acatar a exigência, uma vez que o tribunal da ONU não possui força policial para fazer cumprir as suas sentenças.
Por causa da deterioração da situação humanitária na Ucrânia, o Conselho de Segurança da ONU realiza esta quinta-feira uma reunião de emergência.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".