Presidente da Ucrânia pede à NATO zona de exclusão aérea
DW (Deutsche Welle) | Lusa
14 de março de 2022
"É apenas uma questão de tempo até que mísseis russos caiam no território da NATO", avisa o Presidente Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Autoridades russas e ucranianas falam em avanços em negociação de cessar-fogo.
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O Presidente ucraniano voltou a pedir este domingo (13.03) à NATO para estabelecer uma zona de exclusão aérea sobre o seu país. "Se não encerrarem o nosso céu, é apenas uma questão de tempo até que mísseis russos caiam no vosso território, no território da NATO, nas casas dos cidadãos da NATO", alertou Volodymyr Zelensky numa mensagem de vídeo.
O apelo surgiu horas depois de a base militar de Yavoriv, que se encontra a menos de 25 quilómetros da fronteira com a Polónia, ter sido bombardeada pela Rússia, tendo feito, segundo as autoridades ucranianas, pelo menos 35 mortos e 134 feridos.
O chefe de Estado ucraniano afirmou que houve 30 mísseis apenas na região de Lviv. "No ano passado avisei claramente os líderes da NATO que, se não fossem tomadas medidas duras preventivas contra a Federação Russa, começaria uma guerra", acrescentou Zelensky.
Na sexta-feira (11.03), o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, reafirmou que a Aliança não pretende "uma guerra aberta com a Rússia", justificando desta forma a recusa em impor uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia para proteger a população dos bombardeamentos russos.
Progressos no cessar-fogo
Na madrugada deste domingo, mísseis russos atingiram uma base militar em Yavoriv, no oeste ucraniano, a 35 quilómetros da fronteira com a Polónia, Estado-membro da NATO. Segundo o governador da região de Lviv, Maxim Kosizky, mais de 30 mísseis de cruzeiro foram disparados contra o campo de treino militar.
Refugiados angolanos na Polónia alegam ajuda insuficiente
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Apesar do bombardeamento, autoridades russas e ucranianas falam em progressos nas negociações para um cessar-fogo, dando a entender que poderá haver resultados positivos em alguns dias.
"Não cederemos, a princípio, em nenhuma posição", disse o negociador e conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, acrescentando que o Kremlin já está a começar a dialogar "de forma construtiva". "Acho que alcançaremos alguns resultados em questão de dias", disse.
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Chanceler alemão na Turquia com conflito na agenda
O chanceler alemão, Olaf Scholz, faz hoje a sua primeira visita na qualidade de chefe do Governo à Turquia, país que tem surgido como potencial mediador do conflito russo-
ucraniano. Está previsto um encontro com o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, seguido de uma conferência de imprensa conjunta.
A Turquia, um Estado-membro da NATO como a Alemanha, disponibilizou a sua mediação entre Kiev e Moscovo, na sequência da intervenção militar russa iniciada em 24 de fevereiro. Na quinta-feira, a Turquia recebeu os ministros dos Negócios Estrangeiros da Rússia e da Ucrânia.
Apesar de aliada da Ucrânia, a quem fornece drones de combate, a Turquia conseguiu manter as suas relações com a Rússia, de quem depende fortemente na área do turismo e nos fornecimentos de trigo e energia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
Rússia - Ucrânia: Uma cronologia das relações que levaram a guerra à Europa
Ao invadir a Ucrânia, o Presidente Vladimir Putin foi acusado pelos países ocidentais de provocar uma guerra na Europa. Veja aqui a cronologia dos acontecimentos que levaram à guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2004
O candidato pró-Rússia, Viktor Yanukovich (na foto), é declarado Presidente, mas alegações de fraude eleitoral provocam um movimento de protesto. Conhecida como a Revolução Laranja, a iniciativa força uma nova votação, que resulta na eleição do pró-ocidental Viktor Yushchenko.
Foto: Reuters/T. Makeyeva
2005
Um ano mais tarde, o novo Presidente, Viktor Yushchenko, promete retirar a Ucrânia da órbita de Moscovo e conduzi-la em direção à NATO e União Europeia. Durante a sua campanha em 2004, Yushchenko sofreu uma tentativa de assassinato por envenenamento que o deixou desfigurado. Desde então, fez uma recuperação física total.
Foto: picture-alliance/dpa/Sputnik/A. Vitvitsky
2008
Na cimeira de Bucareste, a NATO concorda em iniciar o processo de adesão da Ucrânia e da Geórgia. "Acordámos hoje que estes países se tornarão membros da NATO", lê-se na declaração da cimeira. Na mesma cimeira, o Presidente russo, Vladimir Putin (na foto), avisou que as relações com o Ocidente dependeriam do respeito pelos interesses do seu país.
Foto: Vladimir Rodionov/dpa/picture-alliance
2010
Viktor Yanukovich derrota Yulia Tymoshenko nas presidenciais e torna-se chefe de Estado. As eleições foram consideradas justas por observadores internacionais. Uma semana antes da assinatura do acordo com a UE, Yanukovich suspende o processo e anuncia que a Ucrânia prefere juntar-se à Rússia na União Aduaneira Eurasiática.
Foto: Reuters
2013 e 2014
A decisão de Yanukovich gera uma onda de protestos de apoiantes da integração europeia. O movimento chamado "Euromaidan", por centrar as manifestações na Praça Maidan, em Kiev, tornam-se violentos. Dezenas de manifestantes são mortos, mas o Presidente acaba por ser retirado do Governo, exilando-se na Rússia.
Foto: Tomas Rafa
2014 - anexação da Crimeia
Em março, a Rússia anexa a península da Crimeia, no sudeste da Ucrânia.
Em abril, separatistas com apoio de Moscovo declaram a independência das "repúblicas" de Luhansk e de Donetsk, na região oriental ucraniana do Donbass, iniciando uma guerra que provoca 14 mil mortos em oito anos.
Foto: Imago Images
2019
O ex-ator e comediante Volodymyr Zelensky é eleito Presidente da República em 21 de abril e promete pôr fim ao conflito no leste da Ucrânia. Em 2021, apela ao novo Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, para apoiar a adesão da Ucrânia possa à NATO, colocando o país em novamente nos trilhos rumo à Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Sivkov
2021 - Março até Novembro
O Governo russo estaciona tropas perto da fronteira da Ucrânia, alegando treinos miltares.
A Ucrânia acusa Putin de ter concentrado 100 mil tropas e armamento pesado nas suas fronteiras, o que motiva um pedido de explicação dos EUA ao Kremlin. Putin acusa o Ocidente de exacerbar tensões "entregando armas modernas a Kiev e conduzindo exercícios militares provocatórios" no Mar Negro.
Foto: Maxar Technologies via REUTERS
2021 - Dezembro
Biden adverte que a Rússia será alvo de sanções económicas duras se invadir a Ucrânia.
Moscovo divulga as suas exigências ao Ocidente: tratados a proibir a adesão da Ucrânia e da Geórgia à NATO, o estabelecimento de bases militares no leste e a retirada de tropas aliadas da Roménia e da Bulgária, num regresso à situação anterior a 1997.
Foto: Brendan Smialowski/AFP
2022 - 10 de Fevereiro
Tropas russas e bielorrussas iniciam dez dias de exercícios de combate próximo da fronteira da Bielorrússia com a Ucrânia. A presença destas tropas gera mais preocupação na comunidade internacional, que vê os exercícios como um posicionamento estratégico das tropas russas, dando-lhes mais um ponto de entrada na Ucrânia.
Foto: Alexander Zemlianichenko/AP Photo/picture alliance
2022 - 21 de Fevereiro
Os líderes das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Luhansk pedem a Putin para as reconhecer como Estados independentes. Putin assina os decretos em que a Rússia reconhece a independência das regiões e ordena ao exército russo que envie uma missão de "manutenção da paz" para os territórios no leste da Ucrânia.
A NATO acusa Moscovo de fabricar um pretexto para invadir a Ucrânia.
Foto: Alexei Alexandrov/AP Photo/picture alliance
2022 - 22 de Fevereiro
Zelensky pede ao Ocidente "medidas de apoio claras e eficazes", assegura que os ucranianos "não vão ceder uma única parcela do país" e responsabiliza a Rússia por tudo o que acontecer.
Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, diz que tomou medidas para interromper a certificação do gasoduto Nord Stream 2, numa decisão saudada pela UE e pelos EUA.
Foto: Clemens Bilan/Getty Images
2022 - 24 de Fevereiro
Tropas russas entram na Ucrânia e muitos locais são atingidos por mísseis. Vladimir Putin pronuncia um discurso no qual afirma que apenas alvos militares serão atingidos. Mas relatos de civis feridos e vídeos de ataques em zonas urbanas enchem as redes sociais. Várias baixas são reportadas nas primeiras horas do conflito.
Foto: Ukrainian President s Office/Zuma/imago images
2022 - 24 de Fevereiro
Edifícios residenciais civis atingidos durante a operação militar do Kremlin contra a Ucrânia. Relatos, vídeos e pedidos de ajuda surgem nas redes sociais, expondo vários cenários em que zonas urbanas e civis foram apanhados na destruição dos ataques militares.
Foto: UMIT BEKTAS/REUTERS
2022 - 24 de fevereiro
Muitas pessoas utilizaram as estações de metro em Kiev como abrigo durante a operação militar do Kremlin. As sirenes contra ataques aéreos soaram pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial. As estações encheram-se de pessoas à procura de guarida.
Foto: Zoya Shu/AP/dpa/picture alliance
2022 - 24 de Fevereiro
Protestos contra a iniciativa militar do Kremlin surgem em vários países, incluindo na Rússia. Na foto, uma manifestante russa é detida pela polícia enquanto segura um cartaz que diz "Não à guerra!".