Presidente da UNITA diz que Angola não é uma democracia
kg | Lusa
14 de março de 2020
Num comício de comemoração dos 54 anos do maior partido da oposição angolana, o líder da UNITA, Adalberto da Costa Júnior, sublinhou que quer ser alternativa aos "marimbondos" do MPLA.
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O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição em Angola, afirmou este sábado (14.03) que a democracia só se concretiza com a alternância partidária e reafirmou que o partido quer ser alternativa aos "marimbondos" do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), partido no poder, que acusou de "roubar" fortunas.
"Vamos ser poder", disse Adalberto da Costa Júnior aos militantes do partido que se concentraram no Sumbe, capital da província do Cuanza Sul para assinalar os 54 anos da fundação do partido. O ato aconteceu um dia depois de o grupo parlamentar da UNITA concluir, na mesma cidade, as suas IX Jornadas Parlamentares.
Adalberto da Costa Júnior disse que a democracia, a liberdade e o muiltipartidarismo foram "fruto da luta da UNITA" e realçou que um Estado democrático só se assume com a alternância no poder político.
"Um país que tem um partido que governa há mais de 40 anos sem alternância não é uma democracia", criticou, afirmando que é chegada a altura de fazer balanços.
O líder partidário assinalou que o país "teve acesso a bens extraordinários" desde a paz entre os dois grupos beligerantes, MPLA e UNITA, que foi assinada em 2002, tendo sido roubadas "autênticas fortunas" pelos "marimbondos do 'bureau' político do MPLA". "Querem-nos meter na cabeça que quem roubou já está em Barcelona [onde mora o antigo Presidente José Eduardo dos Santos] e quem ficou não roubou nada", ironizou.
Combate à corrupção
Reclamando para a UNITA a bandeira do combate à corrupção, que o atual Presidente João Lourenço elegeu como prioridade, Adalberto da Costa Júnior considerou que o que se está a fazer não passa de marketing.
"Este repatriamento de capitais que o MPLA aprovou na Assembleia, onde quem roubou traz para o seu próprio bolso e não divide nada com o Estado, isso não é combate à corrupção, isso chama-se lavagem de dinheiro", frisou.
Para o presidente da UNITA, "é tempo de dizer basta". "Angola tem uma dívida pública enorme que é mais pequena do que a fortuna de meia dúzia de senhores que estão sentados no 'bureau' político e são donos disto tudo, são donos do país", criticou o dirigente, dizendo que não houve partilha de benefícios na Angola dos tempos de paz.
O comício aconteceu na marginal do Sumbe, depois de um desfile que mobilizou milhares de militantes da UNITA provenientes das diversas províncias para celebrar o 54.º aniversário do partido fundado por Jonas Savimbi a 13 de março de 1966, em Muangai, na província do Moxico.
Os chefes de Estado há mais tempo no poder
São presidentes, príncipes, reis ou sultões, de África, da Ásia ou da Europa. Estes são os dez chefes de Estado há mais tempo no poder.
Foto: Jack Taylor/Getty Images
Do golpe de Estado até hoje - Teodoro Obiang Nguema
Teodoro Obiang Nguema Mbasogo assumiu a Presidência da Guiné Equatorial em 1979, ainda antes de José Eduardo dos Santos. Teodoro Obiang Nguema derrubou o seu tio do poder: Francisco Macías Nguema foi executado em setembro de 1979. A Guiné Equatorial é um dos países mais ricos de África devido às receitas do petróleo e do gás, mas a maioria dos cidadãos não beneficia dessa riqueza.
Foto: DW/R. Graça
O Presidente que adora luxo - Paul Biya
Paul Biya é chefe de Estado dos Camarões desde novembro de 1982. Muitos dos camaroneses que falam inglês sentem-se excluídos pelo francófono Biya. E o Presidente também tem sido alvo de críticas pelas despesas que faz. Durante as férias, terá pago alegadamente 25 mil euros por dia pelo aluguer de uma vivenda. Na foto, está acompanhado da mulher Chantal Biya.
Foto: Reuters
Mudou a Constituição para viabilizar a reeleição - Yoweri Museveni
Yoweri Museveni já foi confirmado seis vezes como Presidente do Uganda. Para poder concorrer às eleições de 2021, Museveni mudou a Constituição e retirou o limite de idade de 75 anos. Venceu o pleito com 58,6% dos votos, reafirmando-se como um dos líderes autoritários mais antigos do mundo. O candidato da oposição, Bobi Wine, alegou fraude generalizada na votação e rejeitou os resultados oficiais.
Foto: Getty Images/AFP/I. Kasamani
"O Leão de Eswatini" - Mswati III
Mswati III é o último governante absolutista de África. Desde 1986, dirige o reino de Eswatini, a antiga Suazilândia. Acredita-se que tem 210 irmãos; o seu pai Sobhuza II teve 70 mulheres. A tradição da poligamia continua no seu reinado: até 2020, Mswati III teve 15 esposas. O seu estilo de vida luxuoso causou protestos no país, mas a polícia costuma reprimir as manifestações no reino.
Foto: Getty Images/AFP/J. Jackson
O sultão acima de tudo - Haji Hassanal Bolkiah
Há quase cinco décadas que o sultão Haji Hassanal Bolkiah é chefe de Estado e Governo e ministro dos Negócios Estrangeiros, do Comércio, das Finanças e da Defesa do Brunei. Há mais de 600 anos que a política do país é dirigida por sultões. Hassanal Bolkiah, de 74 anos, é um dos últimos manarcas absolutos no mundo.
Foto: Imago/Xinhua/J. Wong
Monarca bilionário - Hans-Adam II
Desde 1989, Hans-Adam II (esq.) é chefe de Estado do Liechtenstein, um pequeno principado situado entre a Áustria e a Suiça. Em 2004, nomeou o filho Aloísio (dir.) como seu representante, embora continue a chefiar o país. Hans-Adam II é dono do grupo bancário LGT. Com uma fortuna pessoal estimada em mais de 3 mil milhões de euros é considerado o soberano europeu mais rico.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Nieboer
De pastor a parceiro do Ocidente - Idriss Déby
Idriss Déby (à esq.) foi Presidente do Chade de 1990 a 2021. Filho de pastores, Déby formou-se em França como piloto de combate. Apesar do seu autoritarismo, Déby foi um parceiro do Ocidente na luta contra o extremismo islâmico (na foto com o Presidente francês Macron). Em abril de 2021, um apenas dia após após a confirmação da sua sexta vitória eleitoral, Déby foi morto num combate com rebeldes.
Foto: Eliot Blondet/abaca/picture alliance
Procurado por genocídio - Omar al-Bashir
Omar al-Bashir foi Presidente do Sudão entre 1993 e 2019. Chegou ao poder em 1989 depois de um golpe de Estado sangrento. O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu em 2009 um mandado de captura contra al-Bashir por alegada implicação em crimes de genocídio e de guerra no Darfur. Em 2019, foi deposto e preso após uma onda de protestos no país.
Foto: Getty Images/AFP/A. Shazly
O adeus - José Eduardo dos Santos
José Eduardo dos Santos foi, durante 38 anos (de 1979 a 2017), chefe de Estado de Angola. Mas não se recandidatou nas eleições de 2017. Apesar do boom económico durante o seu mandato, grande parte da população continua a viver na pobreza. José Eduardo dos Santos tem sido frequentemente acusado de corrupção e de desvio das receitas da venda do petróleo. A sua família é uma das mais ricas de África.
Foto: picture-alliance/dpa/P.Novais
Fã de si próprio - Robert Mugabe
Robert Mugabe chegou a ser o mais velho chefe de Estado do mundo (com uma idade de 93 anos). O Presidente do Zimbabué esteve quase 30 anos na Presidência. Antes foi o primeiro-ministro. Naquela época, aconteceram vários massacres que vitimaram milhares de pessoas. Também foi criticado por alegada corrupção. Após um levantamento militar, renunciou à Presidência em 2017. Morreu dois anos mais tarde.