O chefe de Estado zambiano, Edgar Lungu, diz que os seus opositores estão a tentar semear a "desordem" no país após uma série de incêndios de grandes dimensões. Por isso, declarou o estado de emergência.
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"Não vou tolerar estas ilegalidades", afirmou o Presidente zambiano, Edgar Lungu, num discurso transmitido na televisão, na quarta-feira à noite (05.07).
Nos últimos meses, houve uma série de incêndios na Zâmbia. O mais recente atingiu na terça-feira o maior mercado do país, na capital Lusaka, sem deixar mortos ou feridos. As causas do fogo ainda estão por apurar. Lungu aponta, porém, o dedo aos seus opositores.
Presidente da Zâmbia declara estado de emergência
Durante o discurso televisivo, o chefe de Estado disse que se trata de uma "sabotagem económica", uma tentativa de prejudicar o seu Governo, tornando-o "ingovernável".
"Se eu me tornar ditador desta vez, conto com a vossa compreensão", acrescentou Edgar Lungu.
Medidas radicais
O estado de emergência ainda não foi aprovado pelo Parlamento. Mas, se for aceite, o Governo poderá adotar medidas como o recolher obrigatório, o destacamento de militares para as ruas e o encerramento de meios de comunicação social privados.
"Seriam muitas restrições e muitas pessoas podem ser prejudicadas", afirma Kathy Sikombe, correspondente da DW na Zâmbia. "As pessoas poderão ser presas. A polícia terá o direito de revistar e levar os cidadãos das suas próprias casas."
Na quarta-feira, a oposição criticou de imediato o anúncio do estado de emergência pelo Presidente zambiano. O Partido Verde comunicou à imprensa que a medida corresponde a usar "violência em resposta a violência".
Críticas duras
Edgar Lungu tem sido acusado de tentar silenciar as vozes críticas. No mês passado, 48 deputados do maior partido da oposição, o Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND), foram suspensos do Parlamento por 30 dias após boicotarem a apresentação do "Estado da Nação" em março.
O clima de tensão na Zâmbia tem aumentado desde a detenção, em abril, de Hakainde Hichilema, líder do UPND, acusado de tentar derrubar o Governo de Edgar Lungu. Hichilema perdeu as eleições no ano passado para Lungu e alegou que o resultado foi manipulado.
Depois da detenção deste opositor, líderes religiosos zambianos também têm criticado o Presidente, afirmando que o Estado estará prestes a tornar-se numa ditadura.
Lago Tanganica: um grande lago em perigo
Um grupo ambientalista alemão elegeu o Lago Tanganica como "o lago em perigo de 2017". Faz parte dos Grandes Lagos e é partilhado pela Tanzânia, República Democrático da Congo, Burundi e Zâmbia.
Foto: NASA
Lago Tanganica
A Global Nature Fund, uma ONG com sede na Alemanha, nomeou o Lago Tanganica, localizado na África Central, como o "Lago Ameaçado de 2017". Em conjunto com parceiros locais, esta organização pretende alertar para a necessidade da adoção de medidas que levem à preservação deste lago, partilhado por quarto países africanos, nomeadamente, República Democrática do Congo, Tanzânia, Zâmbia e Burundi.
Foto: picture alliance/dpa/C. Frentzen
Poluição – uma das muitas ameaças
Poluição, sobre-exploração e sedimentação são alguns dos problemas que ameaçam a diversidade de espécies neste vasto lago africano. Resíduos industriais e domésticos, provenientes das cidades e aldeias localizadas no litoral, são descarregados nesta água. Também os "ferry" e os pescadores, que utilizam óleo para os geradores e para as luzes de pesca noturna, poluem o lago.
O Lago Tanganica possui 1.470 metros de profundidade, o que faz dele o segundo lago mais profundo do mundo. É também o segundo maior lago de água doce em volume. Só aqui estão aglomerados quase 17% dos recursos de água doce não congelada existentes no planeta. Milhões de pessoas dependem do lago para o seu sustento.
Foto: SeaWiFS Project
Crescimento da população aumenta pressão
O crescimento da população no Burundi, na República Democrática do Congo, na Tanzânia e na Zâmbia tem aumentado a pressão sobre os recursos do Lago Tanganica. Um milhão de pessoas vive na bacia deste reservatório e depende da pesca: cerca de cem mil são pescadores. Quanto maior a população, mais bocas são necessárias alimentar.
Foto: Getty Images/AFP/J. Cendon
Famoso pela biodiversidade
Crocodilos do Nilo, garoupas gigantes, medusas de água doce e enguias são apenas alguns dos exemplos da biodiversidade do Lago Tanganica. No total, possui mais de 1.500 espécies de plantas e animais, das quais 40% não podem ser encontradas em qualquer outra parte da Terra.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Fischer
Pesca excessiva
Os recursos naturais do Lago Tanganica estão a ser explorados em demasia. A pesca excessiva no lago levou a uma dramática redução nas capturas. Entre 1995 e 2011, o número de pescadores quadruplicou, enquanto o número total de peixes diminuiu cerca de um quarto. A quantidade de peixe capturada, por ano, por cada pescador individualmente desceu 81% no mesmo período de tempo.
Foto: Brent Stirton/Getty Images for WWF-Canon
Os desafios ambientais
Pius Yanda, professor especialista em alteracões climáticas da Universidade de Dar Es Salaam, na Tanzânia, entende que é importante que se discuta sobre como se deve responder às ameaças à integridade ecológica do lago. "Se as pessoas participarem ativamente no processo de discussão sobre as ameaças ambientais que o lago enfrenta será melhor", afirma.
Foto: Imago
Alterações climáticas
Em 2016, um estudo da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, mostrou que a escassez de pescado no lago não se deve apenas à pesca excessiva, mas também às alterações climáticas. O aumento da temperatura da água, registado desde 1800, está a contribuir também para o declínio das algas, o principal alimento dos peixes.